Investigadores da Universidade de Aston, no Reino Unido, desenvolveram um algoritmo que replica a forma como as formigas partilham informação, e que pode reduzir até 50% as emissões de frotas de veículos comerciais nas cidades.
Os académicos basearam o algoritmo na forma como as formigas procuram alimento. O software calcula automaticamente as rotas ideais para orientar frotas de veículos da mesma empresa numa cidade, o que pode ajudar as cidades a cumprir as metas de qualidade do ar, de acordo com os investigadores do projeto.
A equipa utilizou um método conhecido como ‘meta-heurística’, que simula o modo como as colónias de formigas resolvem problemas. Por exemplo, cada formiga mantém um registo da melhor solução que encontrou individualmente, e passa esse conhecimento a outras formigas. Esta ‘melhor prática’ é assim transmitida a toda a colónia, aumentando o seu conhecimento e capacidade de adaptação.
“Algoritmos baseados no comportamento das formigas são há muito tempo usados para resolver problemas de roteamento de veículos, mas agora descobrimos como os escalar para frotas urbanas que operam ao longo de várias semanas, em muito menos tempo do que antes”, afirmou o Dr. Darren Chitty, investigador responsável pelo projeto. “Isto significa que os problemas de otimização de frotas muito maiores podem ser resolvidos em prazos razoáveis (…)”, acrescentou.
Resultados dos testes são animadores
A tecnologia de otimização de rotas foi testada em várias empresas que operam frotas de veículos em Birmingham, onde se localiza a Universidade de Aston. Uma empresa de manutenção obteve uma economia de mais de 50% no tempo gasto na estrada, em testes que envolveram 45 veículos e 437 serviços prestados a clientes, num período de seis semanas. Permitiu também uma economia similar nos custos de combustível e reduziu as emissões dos veículos para metade.
Os investigadores criaram uma matriz para indicar o tempo de deslocação entre uma localização e todas as outras. Elementos adicionais incluiram a duração de um serviço, uma janela de tempo dentro da qual este deve ser efetuado, e as hora de início e término do dia de trabalho.
Noutros testes, os cientistas conseguiram reduzir as emissões diárias de CO2 em 4,25 kg por carrinha, além de emissões de outros elementos, como o óxido nitroso, que foi reduzido em 98 g por carrinha, por dia. Um melhor roteamento economizou tempo para a frota e também tirou alguns veículos das estradas, segundo os investigadores.
Chitty defendeu que “a otimização simples de uma frota comercial pode reduzir substancialmente a utilização das estradas, reduzindo as emissões e as filas de trânsito e, ao mesmo tempo, ser um incentivo, pois vai economizar dinheiro (…). Se todas as empresas de uma cidade operassem com esta tecnologia, as emissões desses veículos – que são alguns dos mais poluentes – poderiam ser reduzidas significativamente, melhorando a qualidade do ar para todos os envolvidos”.
Os cientistas procuram agora testar o sistema frotas com diferentes tipos de veículos, como carrinhas maiores ou camiões, assim como em frotas de maior dimensão.
O projeto é co-financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), estando assegurado por mais dois anos.
No passado mês de janeiro, o Fórum Económico Mundial divulgou um relatório que prevê um aumento de 36% do número de veículos de entregas nas cem maiores cidades do mundo, até 2030. Isto resultará num aumento de 32% das emissões do tráfego de entregas, e um aumento de 21% do congestionamento. A pandemia de COVID-19, em que se assistiu a um aumento significativo das compras online e as entregas de alimentos, pode reforçar uma tendência que acelerará este processo.