Uma monitorização dos aeroportos europeus revela que, em conjunto, os cinco maiores aeroportos emitem mais CO2 do que toda a economia sueca, com emissões quase totalmente isentas de impostos.
A plataforma, criada pela ODI Transporte e Meio Ambiente (T&E) e pelo Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT), que monitoriza os aeroportos revelou, pela primeira vez, quanto CO2, exatamente, é libertado dos aviões que saem dos aeroportos.
Os voos de passageiros que partem de Heathrow (Londres), Charles de Gaulle (Paris), Frankfurt, Amesterdão e Madrid emitem 53 milhões de toneladas de CO2 isentas de imposto sobre combustível, com apenas 15% cobertas pelos regimes voluntários de limitação e transação de emissões. Estes esquemas incluem apenas voos domésticos e da UE, o que significa que os voos que saem da Europa não são cobertos.
Para Jo Dardenne, responsável da T&E para a aviação, “ao contrário dos carros ou estações de energia, a maioria das emissões dos voos são libertadas fora das fronteiras da Europa, deixando grande parte das emissões dos aeroportos europeus escandalosamente esquecida. Todos os voos devem ser incluídos no sistema de comércio de emissões, não apenas aqueles dentro da Europa”.
No aeroporto de Paris Charles de Gaulle, 80% das emissões provêm de voos de longo curso, enquanto a maioria que parte de aeroportos menores, como Cracóvia, são de curta distância. A poluição dos aeroportos menores é, portanto, mais tributada do que a dos maiores, que atendem a voos mais longos.
Segundo as ONGs, essas emissões de carbono não documentadas e não tributadas são importantes quando se considera as expansões dos aeroportos. As emissões do setor de aviação cresceram anualmente 5% desde 2013 a 2018, atingindo 2,5% das emissões globais de CO2 – se fosse um país, seria o sétimo maior emissor global.
Jo Dardenne conclui: “[a]gora podemos ver a aumento alarmante das emissões dos aeroportos e está claro que o setor de aviação não faz o suficiente para conter a sua poluição. Não podemos justificar a expansão do aeroporto neste momento de crise climática”.
Todos os principais aeroportos mencionados têm planos de expansão, principalmente o de Heathrow, cuja expansão foi adiada recentemente devido à COVID-19. Este aeroporto é o segundo que emite mais emissões mundialmente – cerca de 16,2 milhões de toneladas de CO2 anualmente, o equivalente a 8,1 milhões de automóveis.