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170 km de comprimento e 200 metros de largura: sauditas projetam ‘cidade do futuro’

O príncipe saudita Mohammed bin Salman desvendou novos detalhes do projeto Neom, a megacidade de carbono zero prevista para o noroeste da Arábia Saudita. Uma das partes principais do projeto, denominada The Line, será uma cidade linear constituída por dois arranha-céus paralelos que se estendem sobre 170 quilómetros de deserto e montanhas.

Num evento realizado em Jeddah, no qual mostrou os desenhos do The Line, Mohammed bin Salman afirmou o projeto será o lar de mais de nove milhões de pessoas e levará a mudanças radicais na forma como se viverá no futuro num “ambiente livre de estradas, carros e emissões”, alimentado exclusivamente por energia renovável.

As imagens mostram uma estrutura revestida por espelhos com cerca de 500 metros de altura e 200 metros de largura, que se estende por mais de 170 quilómetros de comprimento, desde o Golfo de Aqaba, sobre o deserto, até às terras altas no interior do país.

A estrutura alberga diferentes módulos, com espaços de habitação, trabalho e lazer, formando uma ‘bolha’ gerida por Inteligência Artificial, sem automóveis, neutra em carbono e totalmente sustentável, com um microclima (regulado) temperado.

Os planos incluem caminhos supensos, parques e jardins, lagos, instalações de esqui ao ar livre e um estádio desportivo a uma altura de 330 metros. Os residentes terão acesso a “todas as necessidades diárias” com uma caminhada de cinco minutos, mas está previsto também um comboio de alta velocidade que permitirá ir de um extremo do The Line até ao outro em 20 minutos.

O príncipe Mohammed bin Salman afirmou que The Line será, “de longe, a cidade mais habitável do mundo” e um modelo para substituir o desenvolvimento urbano incontrolado e o desperdício que diminuiu o nível de vida dos residentes das cidades.

O príncipe herdeiro e governante de facto da Arábia Saudita revelou que a primeira fase do projeto, que se prolongará até 2030, terá um custo de 1,2 mil milhões de riais sauditas (cerca de 312 mil milhões de euros). O fundo soberano do reino – Fundo de Investimento Público – será o principal financiador do projeto, mas as fontes de financiamento incluem investimentos privados e uma oferta pública inicial do projeto Neom, prevista para 2024.

A cidade terá o seu próprio sistema legal autónomo, não confinado aos limites da estrutura judicial saudita. Os trabalhos de redação, no qual os investidores desempenharão “um papel chave”, estarão já em marcha, de acordo com Mohammed bin Salman, sendo de esperar alguns detalhes durante o próximo ano.

Em 2030, o projeto deverá albergar 1,5 milhões de residentes, atingido nove milhões de habitantes em 2045. Espera-se que metade da população seja constituída por cidadãos estrangeiros.

A extravagância do megaprojeto Neom e as diversas manifestações que já tomou desde que foi anunciado, em 2017, não deixam contudo de gerar algum ceticismo, por parte de observadores e ambientalistas. A Arábia Saudita é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, tendo-se comprometido a atingir a neutralizar as suas emissões de CO2 até 2060.