Green Future-AutoMagazine

COCKTAIL MOLOTOV

O Polestar 4 dual motor é um atestado de beleza, quer ao nível exterior, quer ao nível interior. Trata-se de um carro com umas linhas únicas e, sem sombras para dúvidas, um dos elétricos mais bonitos no mercado! Só a Polestar podia oferecer-nos uma frente com um design tão irreverente, com vincos no capot, uma seleção óptica bipartida e umas entradas de ar pronunciadas, que são verdadeiras. Na traseira, encontra-se a secção mais polémica deste 4, pois deixamos de ter o vidro traseiro e passamos a ter uma “tampa” da cor da carroçaria. Então, como conseguimos ver o que está na retaguarda? A resposta é simples: câmeras de ótima qualidade! Mesmo à noite, as câmeras têm uma qualidade imperial. Quando mudamos a direção, notamos as transições da câmera. Houve uma crítica generalizada sobre esta solução de eliminar o vidro traseiro, mas o que é certo é que nos dias que estive com o carro não tive qualquer dificuldade em me adaptar. 

Dentro da mala, a capacidade é de cerca de 526 litros, mais 31 litros no sub piso da mala. Há um frunk, mas este só tem 15 litros. E aqui está o primeiro hiato do 4, nem precisamos de ir à concorrência, basta ir ao seu irmão mais pequeno, o 2. O modelo de entrada da Polestar tem um frunk muito maior que este 4. E é no mínimo estranho, pois o 4 é maior em todos os aspetos. Com efeito, os 15 litros são escassos, durante o ensaio só deu para colocar uns sacos de roupa e de compras para uns dias. O frunk tem uma tampa em plástico, que é um toque do brio da marca sueca. A abertura da mala é elétrica, como seria de esperar, e no interior da porta da mala, no lugar do vidro, temos um símbolo imponente da Polestar. A parte de trás do 4 é arrojada, com uma barra led que liga a traseira de uma ponta à outra. Este Polestar tem uma silhueta de coupé e isso nota-se na traseira, que tem uns vincos que lhe dão um volume extra. Sendo um Polestar dual motor, temos algumas diferenças, quando comparado com o single motor. Para começar, as pinças do travão são amarelas, bem como os cintos, uma imagem distinta das versões “mais apimentadas” da marca sueca. Não é muito arrojado, no entanto sobressai, seja em qual cor for. Uma das mudanças que não é visível é que este 4 é um tração integral, daí ter o nome dual motor, enquanto o single motor é tração traseira. Quanto à potência, esta também muda e para o dobro: se no single motor a “cavalagem” é de 200 kW (272 cavalos), neste dual motor, temos 400 kW (544 cavalos). Quanto à bateria, esta é igual para ambas as versões, tanto para o single motor como para o dual motor, 100 kHw/h dos quais 94 são úteis. Já no que toca às velocidades de carregamento, em AC, temos 11 kW, em DC 200 kW. Conseguimos carregar dos 10% aos 80% em 30 minutos, sendo claro que este carregamento tem de ser em DC. Sendo mais pesado que a versão de tração traseira, este 4 tem números impressionantes: 544 cavalos e 683 NM, que são instantâneos, se o modo desempenho estiver ativo. Quando este modo está ativo, é possível fazer dos 0 aos 100 km/h em 3.7 segundos (com o launch control ativo) e, sim, é uma experiência de aceleração, surreal!

Passando para o interior, a palavra é «fabuloso»! Clean, como manda a filosofia sueca, só materiais nobres, tudo em que tocamos é soft-touch, a consola central é um atestado de solidez, pois não mexe um centímetro. Na consola central há elementos de madeira que criam um bom ambiente,  com luzes Led por todo carro. E, sim, pela primeira vez, temos um ecrã vertical de 15.4” polegadas. O sistema usado neste 4 é o Android OS, um sistema fácil de usar, rápido e com uma qualidade de imagem soberba! Pena é que todos os controlos sejam operados por lá: desde ligar o AC, redirecionar o ar nas saídas de ventilação (primeiro Polestar a ter esta solução), abrir o porta luvas, ajustar o volante, sem falar dos restantes ajustes do carro (direção, regeneração e suspensão). A instrumentação do condutor é digital, achei que a sua personalização era um pouco escassa, pois só temos três views: com mapa, sem mapa e um tema do cruise control adaptativo com imagens do que se passa na via (carros e camiões a passar). Falando do cruise control, é dos melhores que já testei no que toca à condução e a sua informação no painel é nítida e clara na representação do que se passa na via. 

Nos bancos de trás, temos uma tela, onde podemos ajustar a temperatura do ar, no lado direito e esquerdo; ativar os bancos aquecidos e, por último, podemos regular a inclinação das costas dos assentos, o que permite fazer viagens com maior conforto. 

Chegou a hora de “meter as unhas” no Polestar. Entramos no 4 e notamos que foi o primeiro Polestar a ter uns puxadores de porta retráteis, mais eficientes, e reparamos que as suas portas são sem moldura, um detalhe estético que lhe assenta bem. Todavia, o isolamento, não foi ao encontro das expectativas, deixando a desejar, sobretudo, em autoestrada. Assim que chegamos aos 110/120 km/h, ouvimos uns ruídos vindos da janela, mas, como é sabido, um eléctrico está mais sujeito a este tipo de ruídos devido ao seu silêncio a bordo. Sem esquecer que as portas deste 4 são sem aro… 

Entramos no 4, ajustamos o banco e o volante, que têm umas boas regulações, e rapidamente encontramos a posição de condução. Nos primeiros metros, nota-se que a suspensão é um bocadinho mais dura, quando o comparamos com o long range  e a sua direção segue o mesmo caminho. A sua suspensão pode ser regulada em três níveis: standard, ágil e firme.  Escrutinando estes três modos, podemos dizer que o primeiro modo (standard) é um pouco mole e deixa o carro muito saltitão; no ágil, o carro fica um pouco mais duro, deixando de ser saltitão e podemos dizer que este ajuste é completo, mas há muitos momentos em que parece um pouco artificial; o firme, como o nome indica, é firme, absorve muito bem as irregularidades do piso, mas há alturas em que o carro chega a ser duro… durante o nosso convívio utilizamos muito o ajuste ágil, pois tinha um compromisso entre conforto e o desempenho. No que toca à direção continua-se com um hat-trik de modos: ligeiro, standard e firme. No primeiro ajuste, o ligeiro, a direção fica muito leve com um feeling demasiado irreal, sendo um pouco elétrica. Contudo, achei esta direção, mesmo no modo ligeiro, um bocadinho mais dura que a do long range. No segundo modo, notamos que a direção ganha um certo peso, mas o seu feedback é ligeiramente artificial. A última “afinação” é o firme, e é neste default que a direção fica mais pesada, transmitindo melhor o que se passa na estrada. Mas não há bela sem senão, houve alturas, durante os dias que passamos com este SUV/COUPÉ, que a direcção se mostrou um pouco elétrica, sobretudo quando introduzíamos o 4 na curva… Se nos Polestars a que tive acesso, os modos de fornecimento de bateria eram muito discretos, pois não havia grande diferença entre eles, neste o caso foi diferente. Nota-se uma diferença abismal! Os ajustes são dois: autonomia e desempenho, e a diferença entre eles é o poder de aceleração. No primeiro, o motor da frente desliga-se para poupar bateria, e ficamos apenas com o traseiro. O motor da frente apenas é acionado se pisarmos a fundo o acelerador. No segundo, temos os 544 cv e 683NM, isto é, toda a potência disponível de imediato, transformando o 4 num verdadeiro desportivo elétrico.

Na parte dinâmica, podemos dizer que este dual motor se agarra bem, muito devido à sua tracção às 4 rodas, mas há alturas em que o carro “foge”. Durante o ensaio, tivemos de tudo, desde fugir de frente a meio de uma curva, a fugir de traseira, quando havia alguma inclinação em curva. Estas situações aconteceram pois esforçamos demasiado o carro e o pedal direito não foi tratado com suavidade, pois em situações normais nada disto acontece. Contudo, o carro foi sempre muito seguro nas suas reações e sempre transmitiu confiança. No requisito autonomia, quando fomos buscar o automóvel, a promessa era de fazer 500km, conseguimos fazer 407.1 km, sem grandes preocupações de quantos km conseguiríamos fazer com uma carga. O circuito para teste foi misto e acreditamos que se tivéssemos uma condução mais contida, conseguiríamos fazer entre 430/470km. As médias foram 22.1 kWh/100km… 

No balanço final, entre esta versão apimentada e a versão de motor único, talvez deva optar pela versão de motor único! Pois perdemos potência, mas ganhamos autonomia… e maior tranquilidade de utilização.

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