Opinião de José Carlos Pereira
Começo por dizer que este artigo de opinião me vincula apenas a mim, como pessoa, e não as entidades com as quais possa ter relação. E isto porque, embora com formação-base em Engenharia do Ambiente, sou um ‘antiecoxiita’ desde sempre.
E julgo ser aí que reside um dos problemas de todos os ativistas relacionados com temas do ambiente. Porque, se não o são, assim parecem em muitas causas que defendem! Ou seja, o seu extremismo é o que leva a que, muitas vezes, não sejam ouvidos. Uma moderação com um espírito mais negociador poderia conduzir a melhores resultados para todos.
‘Sustentabilidade’ implica deixar o planeta e os seus recursos a um nível que não comprometa a sua utilização pelas gerações vindouras. E eu, desde que me cruzei com este conceito há 30 anos, inverto sempre esta frase para: “deixem pessoas melhores e de certeza que deixarão um mundo melhor”. Logo, a questão não reside no planeta, mas sim na natureza humana, isto é, nas pessoas e na sua consciencialização para uma ação diferente, como se de uma melhor versão de si mesmas se tratasse. Elas devem ser parte da solução para uma “economia mais verde e circular”, além de comprometidas na solução.
Note-se que a sustentabilidade, para além do pilar ambiental, deve ter em conta os pilares económico e social – como em qualquer tripé, se lhe faltar um dos ‘pés’, cai. E o mundo não anda todo à mesma velocidade, existindo países e regiões que não têm a educação e o potencial de financiamento de políticas que caminhem para uma verdadeira sustentabilidade.
Deveríamos ter uma visão mais holística para conceitos como mobilidade, eletrificação automóvel, hidrogénio, além de conceber as novas tecnologias como um meio e não como um fim, ou um caminho que não se pode contestar. Para não falar num “green deal” europeu insustentável, que nos tentam vender, associado a uma carga fiscal absurda que o possa manter. Contraditório e espírito crítico precisa-se!
Entretanto, sobre o lado positivo da sustentabilidade gostaria de partilhar três reflexões: (1) adotar ‘medidas verdes’ em casa e nas empresas traz resultados económicos (há medidas baratas de implementar e que provocam retorno numa análise custo-benefício); (2) é um mito que reduza obrigatoriamente o conforto e não é uma moda ou tendência temporária; logo, deveria estar na base da formação e educação da população mais jovem; (3) não necessita de muita inovação para provocar resultados e não deveremos estar à espera de leis ou de governos para sermos agentes transformadores com movimentos de cidadania ativa.
E habituem-se, pois temas como a descarbonização da economia, a promoção da economia circular e a valorização do território e do capital natural vão estar na ordem do dia nos próximos tempos. Seja pela neutralidade carbónica, pela concretização do Plano Nacional de Energia e Clima e suas metas para 2030, seja devido ao alinhamento de vários planos (alterações climáticas e economia circular) com os objetivos do Pacto Ecológico Europeu.
Para o leitor mais atento, não gostaria de terminar deixando uma ancoragem na negatividade do movimento (bem pelo contrário), mas sim nos seus benefícios em geral. Não quero é que nos seja imposto como uma doutrina, mas sim como uma consciencialização e compromisso para a mudança.

José Carlos Pereira é engenheiro do ambiente, com MBA Executivo em Gestão Empresarial. É business expert, consultor, formador e speaker na área comercial e de negócios internacionais.