Recentemente alguém (certamente com muito livre nas mãos) conseguiu finalmente interpretar “como deve ser” o calendário Maia e percebeu que afinal o Mundo não acabou em 21 de Dezembro de 2012, mas que acaba em 21 de Junho de 2020. No mínimo isto é uma boa notícia para todos quantos se preocupam com o COVID e a crise, mas também é uma boa notícia para Portugal.
Se calhar é melhor explicar. Mas, antes de mais, o que é isto do calendário Maia?
Para evitar confusões com obras Queirosianas, os Maias foram uma civilização que se desenvolveu na América Central, até aos Séculos XVI/XVII, que nos deixou legados extraordinários na matemática e na astronomia.
Segundo os Maias e os seus calendários extremamente complicados e precisos, um Baktum é um período constituído por 20 Katuns, ou seja, um período de 144 mil dias seguidos e por isso, em 21/12/12 terminou o 13º Baktum, que tantos acreditaram ser o fim do Mundo.
Mas entretanto, alguém decidiu refazer as contas e percebeu que o tão mal afamado 13º, afinal termina em 2020.
Não acredito que o mundo acabe, mas que o 14º Baktum traz novidades, ai isso traz. Parece-me mesmo que o “velho” mundo estava a morrer e o COVID, ou melhor, as medidas pós-COVID, vieram colocar a pedra tumular.
Dois de Junho de 2020 foi um marco neste funeral. Frans Timmermans, vice-presidente executivo da Comissão Europeia e líder de todo o processo Green Deal, anunciou o programa que vai “conduzir” o financiamento para a mobilidade que será implementado pela EU.
Prevê-se que o pacote de mobilidade urbana seja da ordem de 20 mil milhões de euros e será entregue aos Estados-Membro através de fundos regionais da UE, com o objectivo de apoiar os desafios relacionados com a redução de poluição do ar, mudanças climáticas e bem-estar dos cidadãos.
Neste plano, pautam-se medidas, como carregamentos de automóveis eléctricos, transporte público e a criação de um pacote para a bicicleta de 13 mil milhões de Euros destinados a infra-estruturas e acesso a bicicletas eléctricas e não só.
Para Portugal são boas notícias. Nos dois primeiros meses deste ano, o sector que fechou 2019 com mais de 402 M€ de exportações, tinha empresas com crescimentos da ordem dos 400%. Isto devia-se fundamentalmente à elevada procura que os mercados do norte da Europa impunham. Depois veio o fecho e o regresso à actividade em pleno, com a procura a crescer novamente.
Hoje, Portugal é um país claramente exportador, líder em termos de mobilidade suave, com uma grande expansão das empresas nacionais além-fronteiras e, inclusive, com empresas estrangeiras a instalarem-se entre nós.
Esta situação deve-se ao trabalho que o sector tem desenvolvido, com a ABIMOTA e o seu Portugal Bike Value à cabeça, cumprindo os desígnios de promover o país enquanto destino para indústrias estrangeiras e projectar as nacionais “lá por fora”.
O sector Português das duas rodas e mobilidade suave está bem e recomenda-se e por isso: o mundo acabou, vai acabar, ou está prestes a isso? Ainda bem para Portugal!

Pedro Gil de Vasconcelos é licenciado em Cinema e Audiovisuais, tendo sido jornalista da RTP, onde participou e liderou diversos projetos, muitos deles ligados à mobilidade. Atualmente, lidera a Completa Mente – Comunicação e Eventos Lda.