Opinião de Francisco Albuquerque, Presidente da Direção da ANAREC – Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis
Vivemos numa época em que a consciencialização sobre a responsabilidade ambiental tem levado, em todo o mundo, mas principalmente no mundo ocidental, a uma discussão generalizada sobre a necessidade de promover uma transição para fontes de energia menos poluentes.
Esta transição energética é já uma realidade, que deve ocorrer de forma gradual e faseada, principalmente no sector dos transportes e dos combustíveis, onde iremos assistir a um impacto direto na rede dos postos de abastecimento, que terá necessariamente que adaptar-se à nova era.
“O posto do futuro será, provavelmente, uma oferta de mix energético e de um mix de serviços.”
A mudança não passará exclusivamente pela eletrificação da mobilidade, mas antes por uma lógica de oferta variada, como é o caso do hidrogénio, do GNV, do GPL, e de combustíveis cada vez menos poluentes, como todos os estudos internacionais indicam.
A realidade portuguesa conta com cerca de 3.500 postos de abastecimento de combustíveis. Destes, 350 vendem GPL Auto, e 10 vendem GNV (GNC e GNL), com tendência a aumentar. O hidrogénio ainda está numa fase muito embrionária em Portugal, com um projeto piloto previsto para 2021.
Entretanto, há a expetativa, por parte dos operadores, que o Governo venha a apostar nestas energias alternativas, oferecendo benefícios fiscais, à semelhança do elétrico, uma vez que cada vez há mais indicadores que a aposta apenas nesta solução não irá ser viável na prática.
“Considero que ainda estamos numa fase inicial de criação de infraestruturas de postos de carregamento, sendo que os carros movidos apenas a eletricidade representam somente 4% do parque automóvel nacional, embora com tendência a aumentar.”
Relativamente aos serviços, constatamos que atualmente os postos vendem muito mais do que gasolina e gasóleo. Hoje os serviços conexos, como as lojas de conveniência/cafetarias, centros de lavagem automóvel, lavandarias self-service, entre outros, correspondem a uma fatia cada vez mais relevante da rentabilidade dos postos, com novos serviços a surgirem.
Não sendo previsível que haja alterações muito significativas a curto/médio prazo, bem uma alteração do paradigma da mobilidade e a subsequente necessidade de ajuste imediato a uma nova realidade, estamos convictos que esta adaptação (necessária) dos postos de abastecimento traz com ela alguns desafios, mas também várias oportunidades de negócio.