A fabricante checa de locomotivas CZ Loko iniciou o desenvolvimento de uma locomotiva movida a hidrogénio. Por enquanto, o projeto ainda está em fase de estudo de viabilidade, que determinará se será construído um protótipo.
A informação foi dada por Jan Kutálek, diretor de vendas da CZ Loko, num seminário a 22 de novembro que contou com a presença de importantes representantes da indústria ferroviária e transportadoras. A locomotiva com potência máxima de até 800 kW deve usar células de hidrogénio para carregar as baterias.
Jan Kutálek afirmou ainda que o Acordo Verde Europeu é um desafio para a empresa, mas estão a “desenvolver 2 tipos de locomotivas duplas e 2 tipos de locomotivas híbridas. Continuamos a monitorizar e a analisar detalhadamente as vantagens e desvantagens destas soluções não convencionais. E o hidrogénio é outro deles, porque o Acordo Verde acarreta uma mudança fundamental no comportamento de todo o mercado da UE. Infelizmente, a dinâmica da mudança é mais considerável do que a capacidade do mercado de se adaptar a essas mudanças”, acrescentou.
Kutálek sublinhou ainda que as “inovações verdes” custam muito dinheiro e só podem ser compradas pelas empresas mais poderosas. Porém, as inovações também têm becos sem saída, por isso a empresa preza muito pela adequação operacional e sustentabilidade da solução escolhida. Essa também foi a razão pela qual a CZ Loko abandonou o desenvolvimento de locomotivas a gás natural comprimido (GNC) há alguns anos atrás. A empresa concluiu o projeto técnico e chegou a construir protótipos, mas após consultar os transportadores ferroviários, a produção em massa foi avaliada como irreal pela empresa e o projeto foi encerrado.
O mesmo aconteceu com outros projetos que, depois de terminados os protótipos e testados, as características de condução e sistemas foram verificadas e determinadas como projetos inviáveis.
A empresa admite não ter a certeza de qual rumo seguir, mas garante que a solução que procuram não pode ser “muito exigente em termos de construção de infraestruturas adicionais”, deverá permitir “soluções modulares e uma base de manutenção comum com os nossos outros veículos”, comentou Jan Kutálek sobre o desafiante processo de desenvolvimento do projeto. Modo de operação fácil, manutenção e serviço simples são também requisitos que pretendem preencher. O objetivo será a certificação e acessibilidade em toda a UE, embora uma locomotiva “limpa” seja sempre significativamente mais cara do que um veículo convencional com motor a diesel.
A empresa tem já projetos “verdes” prestes a entrar ao serviço, como é o caso da HybridShunter 1000, uma locomotiva híbrida plug-in para manobras. É alimentado por até três conjuntos de baterias com uma capacidade total de até 600 kWh. A empresa planeia o lançamento em 2026.
Nas palavras de Jan Kutálek: “A nosso ver, a questão não é quem será o primeiro no mercado europeu, mas quem será o mais bem-sucedido e apresentará a solução mais eficaz. É principalmente nisso que estamos focados”.