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Hubs de mobilidade

Hubs de mobilidade

Stefan Carsten

Os hubs de mobilidade são uma estratégia importante para o planeamento futuro do sistema de transportes e para a organização do acesso à mobilidade.

Um hub de mobilidade é um lugar onde as pessoas podem sair de um modo de transporte para outro com instalações convenientes, projetadas para uma sociedade ‘de baixo carbono’. No entanto, um hub de mobilidade nunca pode funcionar por conta própria. Funciona sempre como uma rede – física e digitalmente – de mobilidade dentro de vilas e cidades, expandindo-se dos centros urbanos, conectando os subúrbios e alcançando as periferias urbanas e as áreas rurais e, consequentemente, terão de ser flexíveis para atender às mudanças de requisitos e contextos.

Diferentes escalas de hubs de mobilidade formarão uma estrutura para acomodar diferentes tipos de viagens, começando e terminando numa variedade de locais. Um hub deve otimizar a oferta de opções de transporte, construindo-se em torno do plano urbano já existente, enfatizando os corredores de transporte existentes, ao mesmo tempo que abre ‘silenciosamente’ novas vias ao longo das linhas de desejo para caminhadas e ciclismo. 

Esta abordagem de hub não acomodará somente viagens locais, mas também aumentará o alcance dos hubs de mobilidade e a sua função agregadora para transportes de maior capacidade. Terão serviços regulares com horários para viagens onde a procura é alta e, serviços mais personalizados, à medida e a pedido, entre os subúrbios e em áreas rurais. Nós responderão às necessidades das áreas locais com níveis mais baixos de procura. Essa abordagem permitirá que as pessoas viajem entre diferentes origens e destinos de forma eficiente e sem necessidade de viajarem longas distâncias para trocarem de transporte.

De seguida apresentam-se alguns princípios chave de planeamento que irão moldar as plataformas de mobilidade e mostrar como os diferentes módulos podem ser combinados para se adequarem a contextos variados:

Adaptabilidade e Função

Os hubs de mobilidade criam um espaço confortável, seguro e inclusivo. São projetados para se adaptarem ​​a restrições espaciais e aos requisitos de mobilidade. Serviços extra podem ser acrescentados para complementar as funções principais.

Identidade e Integração

Através de uma linguagem de design comum, os hubs de mobilidade reúnem vários modos de transporte e serviços. A identidade local é criada através da seleção de materiais e cores.

Crescimento sustentável

Os hubs de mobilidade são projetados para um crescimento flexível e sustentável ao longo do tempo. Começando com os serviços básicos de mobilidade para apoiar a comunidade local e ser um catalisador para crescimento.

A Jelbi é um dos mais renomados operadores de mobilidade multimodal numa grande cidade. É um serviço público-privado da operadora de transporte local BVG, em Berlim. A Jelbi começou as suas operações em abril de 2019 e tem já treze operações, incluindo aluguer de carros, e-bikes e táxis. E conta ainda com 42 estações espalhadas por toda a cidade de Berlim – recentemente, estendeu-se também aos arredores. Durante o primeiro ano, 60.000 pessoas registaram-se e utilizaram a aplicação para se deslocarem na cidade.

A maioria das opções são formas de mobilidade profundamente integradas que podem ser escolhidas, reservadas e pagas através da aplicação: transporte público de Berlim, viagens partilhadas (BerlKönig), bicicletas partilhadas (Nextbike), car sharing (Miles), motocicletas partilhadas (Emmy) e scooters partilhadas (TIER, VOI, LIME) são, atualmente, os parceiros mais conhecidos da Jelbi. Os hubs de mobilidade não agregam apenas opções de mobilidade. Atendem, também, à necessidade de resolver o estacionamento, caótico, de veículos nos passeios.

Para além disso, os centros de mobilidade desempenham um papel fundamental na luta contra as alterações climáticas, ao mesmo tempo que reduzem as emissões, tendo este assunto sido recentemente abordado pelo papel que as empresas de redes de transporte (Transportation Network Companies, TNCs) desempenham, tais como a Uber e Lyft. Especialmente nos Estados Unidos, o seu impacto tem estado sob um intenso debate. Num recente estudo, foram analisados três aspetos dos impactos que as TNCs têm na mobilidade urbana, como no congestionamento das estradas, no trânsito e na propriedade de veículos privados. As principais conclusões evidenciaram que a entrada das TNCs originou um aumento do congestionamento rodoviário, uma diminuição do número de veículos no trânsito e a uma mudança insignificante na propriedade de veículos. Apesar do ideal de fornecer uma solução de mobilidade sustentável através da promoção da partilha de automóveis em grande escala, o estudo indica que as TNCs intensificaram os desafios do transporte urbano desde a sua entrada inicial nos EUA. A principal causa deste fenómeno é o facto de as TNCs terem de circular constantemente para encontrar passageiros. Os centros de mobilidade seriam uma boa solução para organizar o acesso a uma vasta gama de opções de mobilidade. Isto também é válido para as opções de partilha de transporte que poderiam utilizar um centro de mobilidade para esperar, deixar e recolher passageiros.

Os centros de mobilidade darão o seu maior contributo se forem planeados para três aspetos chave:

– Os módulos de mobilidade responderem às exigências atuais e futuras da mobilidade. Incluem serviços partilhados e unidades que promovem viagens ativas e o transporte elétrico, facilitando o intercâmbio. Por exemplo, podem alocar espaço para estacionamento de bicicletas e cargobikes, armazenamento de bicicletas e lojas e locais de reparação dedicados. Paralelamente, também serão fornecidos serviços de partilha de veículos elétricos, carregamento e estacionamento, entre outros.

– Os componentes da comunidade reagem às necessidades locais apoiando os módulos de mobilidade e criando uma sensação de pertença no próprio centro. Estes são projetos influenciados pela comunidade que podem integrar-se perfeitamente com os centros de mobilidade, como por exemplo, parques infantis, sanitários públicos, quiosques, cacifos de entrega de encomendas, bancos, espaços de co-working, etc.

– Os elementos ambientais são intervenções que permitem que os centros de mobilidade se integrem no ambiente circundante, com vista a criar lugares saudáveis. Estes podem ser espaços para pequenas hortas e green pockets, jardins comunitários, parques de pequena dimensão ou espaços de encontro comunais.

No geral, os centros de mobilidade representarão um importante elemento do planeamento urbano do futuro, que é muito mais do que apenas a superfície colorida da rua. Trata-se de um novo espaço citadino que fomenta a ideia de mobilidade, ao invés de apoiar a propriedade automóvel. Para isso, as cidades devem conhecer o alcance da mobilidade em cada local do aglomerado urbano para organizar a rede de hubs de mobilidade mais adequada para a cidade e região.

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