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Green Future-AutoMagazine

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Diana Barbosa, Marketing Executive na BYD Europe

Entrevista Diana Barbosa_BYD

Por: Carolina Caixinha

A BYD é um dos maiores produtores de veículos elétricos do mundo, sendo também pioneira no desenvolvimento de baterias. Já vendeu, no mundo inteiro, mais de 750 000 automóveis elétricos, todos eles alimentados pela energia das baterias produzidas pela marca.

Na Europa, a BYD tem um forte presença no mercado nórdico, nomeadamente na Suécia e Dinamarca, onde já foram vendidos mais de 300 autocarros. Lançou recentemente o seu primeiro projecto europeu de carros elétricos na Noruega.

Em Portugal, a BYD está presente em Coimbra desde o ano passado, quando fez a primeira entrega de oito autocarros 100% elétricos à operadora SMTUC e à Câmara Municipal.

Diana Barbosa é Marketing Executive na BYD Europe. Estivemos à conversa com esta portuguesa radicada em Roterdão, que partilhou connosco algumas das suas experiências numa das maiores empresas do mundo na área dos transportes e mobilidade sustentável.

Grande parte da sua carreira curricular e profissional teve lugar fora de Portugal. Considera que isto é um fator diferenciador para o sucesso? 

Sim, sem dúvida. Sair da zona de conforto é aquilo que nos leva a alcançar objetivos que não pensaríamos que fossem possíveis tão depressa. Penso ter saído muito cedo da minha zona de conforto quando me mudei do Algarve, onde cresci, para ir estudar na Faculdade de Economia do Porto, com apenas 17 anos. Durante a minha licenciatura tive a oportunidade de ter imensas experiências internacionais, tal como a participação no programa Erasmus+, o que me fez perceber que o mundo é enorme e era o meu dever explorá-lo. Agora, que já vivo há alguns anos na Holanda, percebo que estas experiências foram todas de certa forma enriquecedoras e que me trouxeram onde estou hoje. 

Atualmente, o mercado de trabalho é extremamente competitivo. As empresas procuram pessoas com qualidades únicas e um valor acrescentado que lhes possa ajudar a crescer, quer seja por uma língua que falemos, ou skills que tenhamos desenvolvido. Mas o facto de vivermos num país estrangeiro traz imensas vantagens, pois demonstra a nossa capacidade de nos adaptarmos depressa a novos desafios e a nos integrarmos em novas culturas. Na Holanda, o ambiente é extremamente dinâmico e multicultural, dado que as empresas estão, cada vez mais, a virar-se para o mercado internacional e precisam constantemente de pessoas que percebam os diferentes mercados nacionais. 

Eu aconselho a toda gente, especialmente os jovens, a viver no estrangeiro, nem que seja por um curto período de tempo. É uma excelente maneira de conhecer uma outra realidade e a encontrar a carreira certa, e quando fazemos o que gostamos mais depressa seremos bem sucedidos.

Como vê as oportunidades para os jovens portugueses e como qualifica o nosso conhecimento face ao resto da Europa, e à Holanda em particular? 

Contudo, na Holanda ou em outros países da Europa, como a Alemanha, o mercado tem imensas portas abertas para jovens e oferece grandes incentivos para pessoas com educação superior. 

Penso que o mercado estrangeiro é uma opção atrativa para jovens portugueses como eu, especialmente em empresas multinacionais e dinâmicas como a BYD. No meu caso, penso que trabalhar na BYD é uma excelente oportunidade, que não teria, por exemplo, numa empresa focada apenas no mercado holandês, dado que precisaria de falar fluentemente a língua. Tenho também imensas experiências únicas na BYD por ser uma empresa internacional, como a de viajar para diferentes países em trabalho, comunicar em diferentes línguas, ter colegas de múltiplas nacionalidades e com culturas distintas e conhecer pessoas excecionais. E o que é ainda mais importante para mim é poder ter um trabalho extremamente interessante que me permite aprender algo novo todos os dias. Na BYD nenhum dia é igual e essa dinâmica motiva-me para trabalhar todos os dias.

Considera que a pandemia de COVID-19 irá impulsionar a inovação e o desenvolvimento de energias alternativas?

A pandemia tem sido sem dúvida um desafio para toda a humanidade, especialmente em termos da mobilidade e atividades que envolvem o contacto social. No entanto, penso que esta é uma grande lição, para todos nós, de que grandes mudanças nos nossos hábitos e tradições são possíveis num curto espaço de tempo. Cumprimentar alguém com um aperto de mão é agora considerado inapropriado, enquanto antes era inapropriado não cumprimentar. Deste modo, penso que o desenvolvimento de energias alternativas não irá abrandar, mas sim acelerar. Temos também observado os países a trabalhar em conjunto para criar soluções para as consequências da pandemia, o que mostra que em situações de urgência, é possível alcançar uma resposta global. 

“A pandemia ensinou-nos que a mudança é mais fácil quando urgente.”

Inevitavelmente, a pandemia do novo coronavírus alterou os nossos comportamentos, o nosso estilo de vida, além de ter provocado enormes prejuízos em termos económicos. De que forma esta realidade tem impacto na sua atividade, enquanto profissional de marketing, e na atividade da ‘sua’ empresa, a BYD Europe? 

Tal como referi, penso que a pandemia nos ensinou que a mudança é mais fácil quando urgente. É natural que a minha atividade enquanto profissional do marketing tivesse de se adaptar à nova realidade. Tivemos que fazer algumas mudanças na forma de trabalhar mas aceitámo-las de forma positiva e vimos este desafio como uma forma de inovar. Criámos novas alternativas aos eventos tradicionais, como a organização e participação em webinars, fóruns online, e podcasts. A aposta nas redes sociais e plataformas digitais também aumentou de forma positiva e deu-nos a oportunidade de ter uma maior presença online.


No início da pandemia, a BYD utilizou os seus vastos recursos de Investigação e Desenvolvimento (I&D) e criou a maior linha de produção de máscaras do mundo, completando cerca de 40 milhões de máscaras por dia, sendo fornecedora de governos de vários países, nomeadamente França e Itália.


Sendo a BYD produtora de autocarros elétricos, certamente detém informação e estudos de mercado sobre a Europa e o resto do mundo. Quando considera que a penetração de autocarros elétricos será de facto uma realidade em Portugal e no resto da Europa? 

A mobilidade elétrica no mercado de autocarros está certamente a crescer na Europa e no mundo. Vemos cada vez mais cidades europeias a alterar as suas frotas de autocarros a gasóleo ou gasolina por novos autocarros elétricos. A BYD Europe já alcançou na Europa vendas de mais de 1 300 autocarros elétricos, em mais de 100 cidades e 20 países.

O que falta para uma massificação dos veículos elétricos em termos europeus? Um maior investimento em termos de infraestruturas de carregamento, uma maior autonomia das baterias, um maior apoio/incentivo fiscal dos governos? Há ainda questões tecnológicas a ultrapassar? Qual a sua visão? 

Enquanto consumidora, penso que os maiores desafios que encontro ao procurar um automóvel elétrico em Portugal incluem a falta de uma rede de carregamento generalizada, a falta de incentivos para a conversão das frotas e a troca dos veículos antigos por automóveis elétricos. Por isso, é necessário que os incentivos venham do Estado e que estes não sejam limitados, na forma de subsídios ou incentivos fiscais.

Contudo, em muitos outros países europeus, vemos cada vez mais uma maior oferta por parte das marcas de automóveis, que apresentam maior gama de modelos elétricos. Em termos de infraestruturas de carregamento, este já não é um desafio em muitos países, como na Holanda, onde existem postos de carregamento em todas as ruas.

Diana Barbosa em Shenzhen, onde está localizada a sede da BYD.

Portugal estava, antes da pandemia, a posicionar-se como um país extremamente apetecível para investimento externo e uma grande oportunidade para jovens empreendedores e com elevados conhecimentos. Considera retornar e fazer carreira em Portugal? 

Como é natural, Portugal estará sempre no topo da minha lista. Contudo é ainda muito cedo para mim pensar em regressar. Eu tenho um trabalho de que gosto muito e a Holanda é um país onde gosto muito de viver pelas oportunidades e estabilidade que oferece. Existem sempre imensas saudades do meu país e da minha família, mas em circunstâncias normais, é bastante fácil viajar até Portugal, hoje em dia. E com as novas tecnologias, estamos sempre em contacto com os que mais gostamos e sabemos tudo o que se passa. Por isso, nos próximos anos conto ficar pela Holanda e ganhar algumas raízes, aproveitar as oportunidades que me são dadas e ir visitando Portugal várias vezes ao ano. 

Quem sabe se um dia voltarei com a BYD? Seria para mim um prazer e uma honra poder continuar a fazer o que mais gosto num país que me é tão querido.

Para quando os automóveis elétricos da BYD em Portugal e no resto da Europa?

Para já, a BYD lançou o projeto de testar os automóveis elétricos apenas na Noruega e só depois de avaliar esse projeto definirá os próximos passos. O primeiro veículo a ser lançado é o modelo de nova geração Tang EV, com uma autonomia de até 500 km. 

Ainda não há uma data prevista para quando e como os automóveis irão chegar aos restantes países.

O Tang EV, o primeiro veículo elétrico comercializado pela BYD na Europa.

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