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Carros híbridos plug-in, PHEV, sob escrutínio por elevada poluição

A discrepância entre as emissões e os consumos homologados dos veículos híbridos plug-in (PHEV) e os valores reais em condições de utilização foi alvo de vários estudos e investigações. Organizações como o Conselho Internacional para o Transporte Limpo (ICCT) e a Transport & Environment (T&E) realizaram análises que revelam que, na prática, as emissões de CO₂ dos PHEV podem ser até 3,5 vezes superiores às declaradas pelos fabricantes.

Estas investigações mostraram que muitos condutores não carregam os seus veículos com a frequência necessária, o que leva a um aumento do uso do motor de combustão interna e, consequentemente, a maiores emissões e consumos de combustível.

A Comissão Europeia, ao analisar dados de consumo de milhares de PHEV, constatou que uma proporção significativa de utilizadores não tira pleno proveito da capacidade elétrica dos seus veículos, contribuindo para esta discrepância.

Porquê é que muitos condutores não carregam as baterias?

A eficiência dos veículos híbridos plug-in (PHEV) depende em grande medida da frequência com que as baterias são carregadas. No entanto, diversos estudos apontaram que muitos condutores não realizam esta recarga de forma regular. As razões por detrás deste comportamento são variadas e incluem:

Falta de infraestrutura de recarga

Em muitas regiões, a infraestrutura de recarga é insuficiente ou pouco acessível. Por exemplo, em Baleares, a preferência por veículos híbridos tem aumentado face aos elétricos devido às limitações na infraestrutura de carga. A escassez de pontos de recarga e a sua limitada manutenção dificultam que os proprietários de PHEV encontrem locais convenientes para carregar os seus veículos, desencorajando a recarga regular.

Conveniência e hábitos de condução

Ao contrário dos veículos 100% elétricos, os PHEV podem funcionar exclusivamente com gasolina, o que por vezes resulta mais conveniente para os condutores. Esta dualidade permite que alguns proprietários optem por não recarregar as baterias, dependendo exclusivamente do motor de combustão interna, especialmente se considerarem que a autonomia elétrica não é suficiente para as suas necessidades diárias.

Desconhecimento ou falta de sensibilização

Alguns condutores não estão plenamente conscientes da importância de recarregar os seus veículos para manter a eficiência e reduzir as emissões. A falta de informação adequada sobre o funcionamento ideal dos PHEV pode levar a uma utilização inadequada, em que a recarga da bateria não é vista como uma prioridade.

Perceção de suficiência com a recarga regenerativa

Existe a crença errada de que a recarga obtida durante a condução, como a regeneração de energia ao travar, é suficiente para manter a bateria em níveis ótimos. No entanto, essa energia recuperada é mínima e não substitui a necessidade de uma recarga completa através de uma fonte externa.

Que medidas tomou a União Europeia?

Normativa Euro 6e-bis: um novo padrão para os híbridos plug-in

A União Europeia implementou a normativa Euro 6e-bis com o objetivo de obter medições mais precisas e representativas das emissões dos veículos híbridos plug-in (PHEV). Esta normativa, que entrou em vigor em 1 de janeiro de 2025 para novas homologações, introduz alterações significativas nos procedimentos de teste e cálculo de emissões.

Contexto e necessidade da Euro 6e-bis

Os ciclos de homologação anteriores, como o NEDC e posteriormente o WLTP, foram criticados por não refletirem com exatidão as condições reais de condução dos PHEV. Isso permitiu que alguns veículos homologassem consumos e emissões significativamente baixos, que na prática são difíceis de alcançar. A Euro 6e-bis visa corrigir estas discrepâncias, proporcionando dados mais realistas e confiáveis.

Principais mudanças introduzidas

Uma das alterações mais significativas é a ampliação da distância de teste nos ciclos de homologação. Anteriormente, os testes eram realizados numa distância de 800 km; com a Euro 6e-bis, esta distância foi aumentada para 2.200 km. Este ajuste permite avaliar de forma mais precisa o comportamento do veículo quando a bateria está descarregada, refletindo melhor as emissões e o consumo em condições reais de condução.

Impacto nas emissões e no consumo

A implementação da Euro 6e-bis resultará num aumento dos valores oficiais de emissões e consumo para os PHEV. Por exemplo, um modelo que atualmente homologa emissões de 45 g/km de CO₂ poderá ver este valor aumentado para aproximadamente 96 g/km sob a nova normativa. Este ajuste procura oferecer aos consumidores uma visão mais realista do desempenho ambiental destes veículos e incentivar práticas de utilização mais responsáveis.

Implicações para fabricantes e consumidores

Para os fabricantes, a Euro 6e-bis representa um desafio em termos de design e comercialização de PHEV. Os novos valores de emissões poderão afetar a elegibilidade de certos modelos para incentivos fiscais e benefícios associados a veículos de baixas emissões. Além disso, é provável que alguns modelos de PHEV percam determinados incentivos fiscais ao não cumprirem os limites de emissões mais rigorosos, o que também poderá afetar o seu preço no mercado.

Conclusão

A normativa Euro 6e-bis marca um passo significativo rumo à transparência e precisão na medição de emissões dos veículos híbridos plug-in. Ao refletir de forma mais fiel as condições reais de utilização, espera-se que tanto fabricantes como consumidores adotem práticas mais sustentáveis e responsáveis, contribuindo assim para os objetivos ambientais da União Europeia.

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