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Green Future-AutoMagazine

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Notícias

BMW: vendas de elétricos mais do que duplicam no primeiro trimestre

O BMW Group registrou um crescimento de 83,2% nas vendas globais de veículos elétricos a bateria no primeiro trimestre de 2023, tendo entregue aos seus clientes um total de 64.647 automóveis BMW e Mini totalmente elétricos durante o período. A marca BMW, em particular, mais do que duplicou o número de automóveis elétricos entregues, relativamente ao mesmo período de 2022.

Em comunicado, o Grupo afirma estar confiante de que 2023 será um ano positivo, apesar da persistência dos efeitos da pandemia de COVID-19 na China e a proibição das exportações para a Rússia em virtude do conflito na Ucrânia. A empresa espera que o mercado chinês estabilize no decurso do ano e que as vendas na Europa recuperem para compensar o embargo à Rússia. O mercado norte-americano mantém-se robusto.

O Grupo refere que as expetativas positivas relativamente a 2023 devem-se fundamentalmente ao “crescimento muito dinâmico” das vendas de veículos elétricos. Com o lançamento do novo BMW i5 este ano, o BMW Group oferecerá pelo menos um modelo totalmente elétrico em todos os segmentos de veículos, antecipando uma trajetória de crescimento acentuado nos próximos anos: até 2024, pelo menos um em cada cinco novos veículos serão totalmente elétricos; até 2025, um em cada quatro veículos; e até 2026, a proporção será de um em três.

“A nossa forte linha de produtos continua a inspirar os nossos clientes em todo o mundo. Os nossos veículos totalmente elétricos, em particular, estão a beneficiar de elevada procura em todo o mundo. Portanto, conseguimos manter o ritmo dinâmico do nosso crescimento da eletromobilidade no primeiro trimestre. O BMW Group está a caminho de um ligeiro crescimento de vendas em todo o ano de 2023. Os principais impulsionadores do crescimento em 2023 serão veículos totalmente elétricos e modelos do segmento premium“, afirmou Pieter Nota, membro do Conselho de Administração da BMW AG, responsável por Clientes, Marcas e Vendas.

A BMW, principal marca do Grupo, registou um crescimento de 112,3% do número de veículos totalmente elétricos entregues durante os primeiros três meses do ano, comparativamente ao período homólogo. O comunicado refere que os modelos BMW iX, BMW i7, BMW i4 e BMW iX3 foram os mais procurados, com o recém-lançado BMW X1 a mostrar-se também “muito popular” entre os clientes. Este ano, a gama de opções totalmente elétricas da marca será complementada pelo BMW i5, com estreia marcada para outubro, e pelo BMW iX2 no final do ano.

As vendas da submarca de perfomance BMW M registaram, no primeiro semestre de 2023, um aumento de 18,3%, com o seu primeiro automóvel totalmente elétrico, o BMW i4 M50, a ser o “principal impulsionador” deste crescimento.

Finalmente, o Grupo afirma ainda que a procura pelo Mini Cooper SE totalmente elétrico se mantém elevada, e que a marca espera um impulso positivo com o lançamento do primero Cooper SE descapotável. A Mini apresentou dois novos modelos totalmente elétricos no início do ano – o Aceman, que evolui do concept apresentado no ano passado, e o Countryman E, que começará a produção em novembro – e continua a preparar a sua eletrificação total, que acontecerá até 2030.

BYD chega a Espanha

A BYD continua a sua ofensiva na Europa, tendo anunciado a sua chegada a Espanha. A marca chinesa entra no mercado do país vizinho com uma gama de três modelos elétricos a bateria: os SUV Atto 3 e Tang, e a berlina executiva Han. Os três modelos utilizam a tecnologia Blade Battery da BYD.

O modelo de entrada é o Atto 3, um crossover compacto “com design europeu moderno”. É o primeiro SUV a ser construído na e-Platform 3.0 da empresa chinesa e apresenta-se com uma bateria de 60,5 kWh, para uma autonomia WLTP de 420 km (565 km no ciclo WLTP urbano), e acelera dos 0 aos 100 km/h em 7,3 segundos. Obteve classificação de cinco estrelas nos testes de segurança Euro NCAP. No país vizinho, está disponível a partir de 41.400 euros.

O BYD Tang é um SUV familiar de 7 lugares, que a marca chinesa afirma ter um interior high-tech “com elegância refinada”. De tração integral, acelera dos 0 aos 100 km/h em 4,6 segundos e percorre 400 km com uma carga de bateria (528 km no ciclo WLTP urbano). O preço-base em Espanha é de 69.990 euros.

Com o mesmo preço-base, a gama é completada pelo Han, que a BYD apresenta como “um sedan elétrico premium com um interior luxuoso”. Também de tração integral, os dois motores elétricos têm uma potência combinada de 380 kW (516 cv), que o levam a cumprir o ‘sprint clássico’ em 3,9 segundos. A autonomia no ciclo WLTP combinado é de 521 km (662 no ciclo WLTP urbano).

As vendas e os serviços de pós-venda da BYD em Espanha serão asseguradas por três grupos de distribuição automóvel: Quadis, Astara e Caetano Retail Spain. A implantação dos dois últimos em Portugal permite antecipar que a estratégia de expansão europeia da marca chinesa deverá passar pelo mercado nacional dentro de alguns meses.

A BYD anunciou também a abertura de duas lojas BYD Pioneer, em Barcelona e em Madrid.

Rede Mobi.E regista novo recorde de carregamentos em março

No mês de março, foram registadas 298.929 transações na rede Mobi.e, o que representa uma subida de 68% relativamente a março de 2022. Também ao nível dos consumos de energia, a rede ultrapassou os recordes anteriores, tendo-se atingido os 4.769.326 kWh, um aumento de 95% em comparação com o período homólogo.

De acordo com a Mobi.E, o crescimento contínuo da rede, para acompanhar o incremento do parque de viaturas elétricas, é um dos principais fatores que contribui para estes números recorde. No final de março, integravam a rede Mobi.E um total de 4.314 postos (3.361 públicos), o que corresponde a 7.251 pontos de carregamento.

Outro dado relevante é a potência da rede, atualmente superior a 183.682 kW, um aumento de 71% em relação ao ano anterior. No final de março, cerca de 1.219 postos de carregamento eram rápidos ou ultrarrápidos, o que representa mais de um terço (35%) do total. 

Existem atualmente 52 tomadas, em média, por cada 100 km de rodovia. Por cada 100 mil habitantes, são disponibilizados 70 tomadas, em média.

Desde o início de 2023, acederam à rede pública nacional mais de 69.969 utilizadores distintos, uma subida de 61% face a 2022. Durante o primeiro trimestre do ano, em média, cada utilizador efetuou um carregamento por semana na rede Mobi.E.

Os carregamentos efetuados na rede desde 1 de janeiro permitiram poupar cerca de 10.500 toneladas de CO2. Segundo a Mobi.E, seriam necessárias mais de 174 mil árvores, com 10 anos e em ambiente urbano, para reter a mesma quantidade de dióxido de carbono.

Gama Recharge representa mais de 80% das vendas da Volvo em Portugal

A Volvo anunciou números recorde na venda dos seus modelos eletrificados em Portugal. No primeiro trimestre de 2023, a gama Recharge representou 83% das vendas nacionais da marca sueca, com o Volvo XC40 Recharge 100% elétrico a ser o modelo mais vendido.

A taxa de penetração de 83% da gama Recharge inclui as vendas de modelos plug-in e 100% elétricos e correspondem a uma subida de 13% em relação ao período homólogo. De acordo com a Volvo, este acréscimo deve-se fundamentalmente ao desempenho dos modelos 100% elétricos, que em 2023 representam já 36% do total das unidades vendidas pela empresa.

Além do XC40 Recharge, o restante top 5 dos modelos mais vendidos pela marca em Portugal é também ocupado por modelos da gama eletrificada: os XC40 e XC60 Recharge Plug-in nos segundo e terceiro lugares, respetivamente; o C4 Recharge 100% Elétrico em quarto lugar; e o Volvo V60 Recharge Plug-in em quinto lugar.

Considerando a totalidade das unidades matriculadas, a Volvo Car Portugal está a crescer 13% em 2023, relativamente ao mesmo período do ano anterior.

A Volvo Cars ambiciona tornar-se uma empresa de automóveis exclusivamente elétricos em 2030. Em 2025, pretende que 50% das suas vendas seja composta por modelos 100% elétricos com a restante quota a ser preenchida por modelos plug-in.

Mangualde vai produzir os furgões elétricos da Stellantis

A Stellantis anunciou que o Centro de Produção de Mangualde irá produzir os modelos elétricos a bateria Citroën ë-Berlingo, Peugeot e-Partner, Opel Combo-e e Fiat e-Doblò, nas versões de comerciais ligeiros e de passageiros, a partir de 2025.

Ao garantir a produção dos veículos comerciais ligeiros elétricos do grupo Stellantis, a fábrica Mangualde torna-se assim a primeira unidade industrial portuguesa a produzir veículos elétricos a bateria em grande série, para os mercados doméstico e de exportação.

A fábrica de Mangualde foi a primeira fábrica de montagem de automóveis em Portugal e celebrou o seu 60º aniversário em 2022. Produziu, até à data, mais de 1,5 milhões de veículos. Atualmente, produz veículos comerciais ligeiros e versões de passageiros dos modelos Citroën Berlingo e Berlingo Van, Fiat Doblò, Opel Combo e Combo Cargo, e Peugeot Partner e Rifter.

Para esta “nova era de produção” de veículos elétricos, a fábrica de Mangualde vai estrear novas instalações, tanto na área de montagem como na de ferragem, a otimização da área industrial, e receber uma nova linha de montagem de baterias.

“Temos o orgulho de anunciar que Mangualde entrará numa nova era com a produção em grande série de furgões elétricos a bateria em Portugal para fornecer as soluções indispensáveis aos nossos clientes empresariais. Impulsionar a experiência de fabrico de Mangualde para construir veículos elétricos a bateria é fundamental para a descarbonização contínua das nossas frotas e mais um passo numa altura em que trabalhamos para alcançar um mix de 40% de zero emissões até ao final da década”, declarou Carlos Tavares, CEO da Stellantis, durante a visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do Primeiro-Ministro António Costa, e do Ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, à fábrica de Mangualde, no âmbito da iniciativa ‘PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) em Movimento’ do governo.

A Stellantis Mangualde lidera uma das agendas mobilizadoras para a inovação empresarial com o projeto ‘GreenAuto’, que reúne um consórcio de 37 entidades parceiras e representa um investimento conjunto de 119 milhões de euros.

Em apoio ao objetivo da Stellantis de alcançar a neutralidade carbónica até 2038, a fábrica de Mangualde completou a segunda fase do seu parque de energia solar. Uma vez concluído, cobrirá até 31% das necessidades anuais de energia elétrica da fábrica, permitindo evitar 2.500 toneladas de emissões anuais de CO2, o equivalente à captura de CO2 por cerca de 16.000 árvores.

Em 2022, a Stellantis foi liderou o mercado de veículos comerciais ligeiros BEV na Europa, com uma quota de mercado na ordem dos 43%. Em 2022, a empresa foi também líder de vendas BEV no mercado português com uma quota de 22%, na venda de veículos comerciais ligeiros com 43%, e na venda de comerciais ligeiros BEV com uma quota de 54%.

Nissan Qashqai e-Power eleito o Melhor Híbrido do SAHE

O Nissan Qashqai e-Power foi escolhido como o Melhor Veículo Híbrido da sexta edição do Salão do Automóvel Híbrido e Elétrico (SAHE), que teve lugar no passado mês de outubro.

O prémio atribuído pelo SAHE e pela Green Future AutoMagazine, a revista oficial do evento, resulta da votação direta dos visitantes do Salão. Na última edição do SAHE estiveram mais de 20.000 pessoas, durante três dias, para conhecerem as mais recentes propostas na área da mobilidade sustentável.

O sistema e-Power do Qashqai é constituído por uma bateria de ião-lítio de 1,5 kWh que alimenta um motor elétrico de 190 cv, utilizado para propulsionar as rodas dianteiras. A bateria é alimentada por um motor a gasolina 1.5 turbo de 150 cv, com taxa de compressão variável, que funciona apenas como gerador.

Desta forma, os condutores do Qashqai têm todas as vantagens de um elétrico – nomeadamente a resposta imediata quando pressionam o acelerador – sem os respetivos ‘inconvenientes’: carregamentos longos e ansiedade de autonomia.

O prémio de Melhor Híbrido do SAHE foi recebido pelo diretor geral da Nissan Portugal, José Botas.

O Salão do Automóvel Híbrido e Elétrico vai regressar no próximo mês de outubro para mais uma edição – a sétima –, que terá lugar, mais uma vez, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto.

Energias renováveis atraem atenções em cenário de crise energética

A rede global de energias renováveis REN21 lançou hoje o primeiro módulo do Relatório da Situação Global de Energias Renováveis de 2023 (Renewables Global Status Report 2023 Collection ou GSR 2023), que explora as tendências e oportunidades atuais na transição para as energias renováveis nos setores de maior procura de energia: edifícios, indústria, transporte e agricultura.  

Os capítulos do relatório recentemente publicados exploram o crescimento da procura de energia renovável nestes quatro setores e são os primeiros de uma série de oito módulos que constituirão o GSR 2023. Os próximos módulos concentram-se na perspetiva do fornecimento de energia renovável, sistemas e infraestruturas de energia renovável, e energia renovável para a criação de valor económico e social, bem como um resumo global das conclusões. A publicação de todos os módulos está agendada para junho de 2023.  

De acordo com a capítulos agora publicados, as energias renováveis provaram o seu valor em todos os setores analisados, destacando-se como fontes de energia resilientes, confiáveis, estáveis e acessíveis, respondendo com sucesso às atuais crises globais. 

O aumento dos preços da energia, juntamente com vários compromissos políticos destinados a enfrentar a crise climática, tiveram um impacto direto na crescente, embora variável, utilização de energia renovável em edifícios, atividades industriais, transporte e agricultura. Os fortes efeitos da inflação nestes setores, impulsionados pela crise energética, desencadearam políticas públicas concebidas para contrariar as perturbações do mercado e acelerar o crescimento da produção, utilização e produção local de energia renovável. 

“É uma história clássica de desafios transformados em oportunidades”, diz Rana Adib, diretora executiva da REN21. Segundo Adib, a chamada ‘policrise’ global fez com que os decisores políticos e líderes dos setores mais intensivos em energia percebessem os benefícios das energias renováveis como fonte local de energia que garante a segurança do abastecimento a custos estáveis. “Dizemos isto há décadas; é lamentável que tenha sido necessária uma crise para que o mundo finalmente considerasse as energias renováveis nas suas operações industriais, edifícios, transportes e agricultura. É uma crise que em muitos casos levou as famílias à pobreza, forçou as indústrias a reduzir a produção e abrandou o crescimento económico”, acrescentou Adib. 

Uma série de pacotes legislativos impulsionou a procura por energias renováveis nos setores de utilização final até 2022. Estes incluem 500 mil milhões de dólares anunciados pelos Estados Unidos como parte da sua Lei de Redução da Inflação (Inflation Reduction Act), proporcionando novos investimentos, créditos fiscais e incentivos aos setores de procura de energia; o plano REPowerEU da Comissão Europeia; e os planos abrangentes de hidrogénio renovável da Índia, que visam diretamente a indústria pesada e os transportes. 

Diferentes setores de consumo de energia responderam às crises globais de diversas formas e anunciaram novas políticas. No setor da construção, os elevados preços da energia e a procura de um abastecimento energético sem combustíveis fósseis levaram a uma substituição das caldeiras a gás natural por bombas de calor elétricas, fazendo de 2022 um ano recorde para as instalações de bombas de calor, com um crescimento de 10% em relação ao ano anterior.  

“Este crescimento foi mais notável na Europa, onde os mercados cresceram 38%, à medida que os agregados familiares têm procurado cada vez mais alternativas de eficiência e fiabilidade superiores às que geram calor com combustíveis fósseis”, disse Thomas Nowak, secretário-geral da Associação Europeia de Bombas de Calor (EHPA).

As vantagens económicas dos painéis solares de cobertura também se tornaram mais evidentes para os utilizadores, tendo em conta o aumento dos preços dos combustíveis fósseis. Além disso, a frequência das ondas de calor que atingiram a Europa, a Índia e a China em 2022 puseram em destaque o papel crescente dos sistemas de arrefecimento na procura de eletricidade.  

As indústrias consumidoras de energia foram as mais duramente atingidas pela ‘policrise’, uma vez que o aumento dos custos obrigou alguns fabricantes a reduzir a produção ou a deslocalizarem-se em busca de energia acessível e segura. As indústrias também responderam diretamente à crise através da aquisição de energia a fornecedores de energias renováveis através de Contratos de Aquisição de Energia (CAE), que permitem aos utilizadores estabelecer tarifas fixas de eletricidade a longo prazo e protegerem-se de custos elevados. Os CAE na Europa aumentaram 21% em 2022, excedendo em seis vezes o crescimento recorde da capacidade de energia renovável instalada pelas empresas de serviços públicos nesse ano para fornecer eletricidade. Os parques industriais ecologicos também se tornaram mais atrativos à luz da crise energética.

“Se há um resultado positivo da crise energética no setor industrial, é que os líderes industriais foram capazes de discernir concretamente os benefícios das energias renováveis para reduzir os custos de produção, reforçar a resiliência e maximizar os lucros”, afirmou Tareq Emtairah, diretor de Energia da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial. 

No setor dos transportes, os CAE foram uma medida notável para estabilizar os custos e proteger os utilizadores de externalidades e choques. No transporte rodoviário e ferroviário, a eletrificação surgiu como uma tendência crescente e uma oportunidade para acelerar a adoção de energias renováveis entre os utilizadores finais. Os veículos elétricos – incluindo os de duas e três rodas, bem como os autocarros – e as suas infraestruturas de carregamento associadas tiveram outro ano recorde, com um crescimento de 54% a nível de investimentos, em relação ao ano anterior em investimentos, especialmente na Ásia. A Índia, por exemplo, duplicou o investimento em veículos elétricos durante o último ano.

Apesar de ter tido o maior crescimento no consumo de energia, o setor dos transporte teve a menor utilização global de energias renováveis, representando apenas uns modestos 4%. Isto indica que o setor necessitará de mais do que uma simples eletrificação para se tornar mais sustentável, eficiente e totalmente abastecido por energias renováveis.  

“A eletrificação dos automóveis não reduzirá o congestionamento do tráfego, não melhorará a segurança rodoviária nem tornará a mobilidade mais acessível às pessoas. Precisamos de transportes públicos sem emissões e de infraestruturas dedicadas, incluindo caminhos-de-ferro, bem como menos carros e mais deslocações a pé e de bicicleta”, disse Mohamed Mezghani, secretário-geral da União Internacional dos Transportes Públicos.  

A eletrificação também foi uma tendência chave no setor agrícola, juntamente com uma maior independência energética e a utilização de fontes geotérmicas e bioenergéticas. O setor assistiu à adoção de energias renováveis descentralizadas, especialmente na África, Ásia e região das Caraíbas, uma vez que os agricultores deram prioridade ao acesso à energia, à redução dos custos de combustível e à eficiência energética. Os utilizadores finais do setor agrícola abraçaram os avanços tecnológicos e a utilização de energias renováveis na produção e refrigeração de alimentos. 

“A energia renovável é a opção mais económica para os agricultores, especialmente em áreas rurais, onde o uso produtivo de energia na cadeia de valor agrícola impulsiona um ciclo de desenvolvimento que aumenta os rendimentos dos agricultores, fortalece a estabilidade financeira do fornecedor de energia e melhora a segurança alimentar do país. É uma situação vantajosa para todos”, declarou Mohammed Jibril, da Agência de Eletrificação Rural Nigeriana. 

A implementação de políticas públicas tem-se revelado um dos principais impulsionadores da adoção de energias renováveis em setores consumidores de energia. No entanto, muitos decisores políticos ainda subsidiam os combustíveis fósseis e avançam com novos investimentos em projetos de extração de combustíveis fósseis, mantendo obstáculos à adoção mais ampla de energias renováveis.  

“Este relatório deve servir de alerta para todos os decisores políticos permitirem mecanismos imediatos de utilização de energias renováveis que ajudem os utilizadores a enfrentar as crises atuais, incluindo a redução dos encargos económicos e do peso da inflação significativa. Intervenções em energias renováveis ajudarão as comunidades a construir infraestruturas confiáveis e resistentes, em vez de continuarem dependentes de sistemas energéticos nocivos e obsoletos”, disse Arthouros Zervos, presidente da REN21. 

“Ao continuar a subsidiar os combustíveis fósseis, os decisores políticos demonstram que não estão comprometidos em enfrentar as múltiplas crises económicas, de saúde e outras que estamos a enfrentar. Isso mostra que não estão a ser práticos na redução dos altos custos energéticos e dos impactos resultantes em tudo o que consumimos. Os subsídios aos combustíveis fósseis não possibilitam uma área de competição equitativa para as energias renováveis, e infelizmente, concentram lucros e benefícios nas mãos de poucos, em vez de apoiar uma maior equidade para todos”, concluiu Zervos. 

Renault Espace: o monovolume que deixou de o ser

A Renault apresentou o novo Renault Espace, a sexta geração do icónico monovolume originalmente lançado há 40 anos e que agora… passa a ter dois volumes, adoptando linhas mais próximas de um SUV.

O novo Renault Espace mantém as opções de 5 ou 7 lugares e continua a ser o modelo mais espaçoso da marca francesa. Construído sobre a plataforma modular CMF-CD da Alliance, tem 4,72 metros de comprimento – 14 cm a menos que a geração anterior – e o habitáculo cresce, com 2,48 metros de comprimento até à terceira fila.

A Renault afirma que, além do espaço, a modularidade é outra das características principais do Espace. A segunda fila de assentos – constituída por duas unidades independentes rebatíveis, divididas numa proporção de 2/3 – 1/3 – pode recuar até 220 mm, oferecendo aos passageiros até 321 mm de espaço para os joelhos; e reclinar-se até 31º para maior conforto.

Os passageiros da terceira fila – disponível gratuitamente mediante encomenda – dispõem da funcionalidade Easy Access, que lhes permite facilmente rebater ou ‘empurrar’ os bancos da segunda fila.

Todos os lugares dispõe de pré-tensores nos cintos de segurança, luzes de teto com interruptor de toque e portas de carregamento USB-C.

O espaço da bagageira varia dos 159 litros na variante de 7 lugares com os bancos da terceira fila levantados, até 1.818 na variante de 5 lugares com os bancos da segunda fila rebatidos.

O teto panorâmico – opcional – tem 1,33 m de comprimento e 0,84 m de largura. O vidro possui um revestimento que filtra os raios UV e a maioria dos raios infravermelhos, evitando calor e luminosidade excessivos no habitáculo.

A nível de motorização, a Renault disponibiliza somente a opção híbrida E-Tech Full Hybrid de 200 cv, que combina um motor a gasolina de 3 cilindros e 1.2 litros, com 130 cv (96 kW) de potência e 205 Nm de binário, e dois motores elétricos: o principal, de propulsão, com 50 kW (70 cv) alimentado por uma bateria de 2 kWh/200 V; e o secundário, que funciona como gerador para iniciar o motor térmico e operar as mudanças de velocidades.

A caixa de velocidades automática multimodal integra duas mudanças do motor elétrico com quatro mudanças do motor de combustão, resultando em distintas combinações que se adaptam ao tipo de condução para reduzir consumos e emissões de CO2 e “maximizar (…) o prazer de condução”.

O novo Renault Espace estará disponível com três níveis de acabamento e equipamento, desde a versão de entrada Techno – que inclui ecrã OpenR de 24 polegadas, porta traseira elétrica, carregador de telefone sem fios, jantes de 19 polegadas, sistemas Isofix nos bancos esquerdo e direito na segunda fileira e pack de segurança com sistema de alerta de ângulo morto –, a variante Iconic e a opção mais desportiva Esprit Alpine.

O Renault Espace será produzido em Espanha, na fábrica que a marca francesa opera em Palencia e que foi alvo de investimentos importantes para melhorar as capacidades a nível de montagem e pintura, bem como as credenciais ambientais. As encomendas em Portugal têm início a 17 de abril, com as primeiras unidades a chegarem às mãos dos clientes a partir de outubro.

Kia apresenta o EV9

A Kia apresentou oficialmente o EV9, o seu primeiro SUV elétrico, depois das imagens reveladas recentemente. A marca coreana apresenta o novo automóvel como o seu “novo ponta de lança” nas transição para a mobilidade eletrificada, introduzindo “novas ideias” a nível de design, sustentabilidade e tecnologia.

O EV9 apresenta várias configurações de motorização elétrica com base na Plataforma Modular Global Elétrica (E-GMP), recorrendo à tecnologia de baterias de quarta geração da Kia. O modelo base de tração traseira integra uma bateria de 76,1 kWh, enquanto as variantes de grande autonomia, de tração traseira e tração integral, estão equipadas com uma bateria de 99,8 kWh.

O modelo base de tração traseira está equipado com um motor elétrico de 160 kW de potência e binário de 350 Nm, acelerando dos 0 aos 100 km/h em 8,2 segundos. Na variante de tração traseira e autonomia alargada, o motor elétrico é ligeiramente menos potente – 150 kW –, mantendo o mesmo binário de 350 Nm, para cumprir o sprint 0-100 km/h em 9,4 segundos (dados preliminares).

A variante de tração integral está equipada com dois motores elétricos que debitam uma potência total conjunta de 283 kW e um binário combinado de 600 Nm. Acelera dos 0 aos 100 km/h em apenas 6 segundos exatos. Esta versão inclui uma função ‘Boost’ opcional – que pode ser adquirida posteriormente na Kia Connect Store –, que eleva o binário até 700 Nm, resultando numa aceleração mais rápida: 0 aos 100 km/h em 5,3 segundos.

A Kia garante que a sua “abordagem holística” à engenharia da motorização elétrica do EV9 permitiu combinar um “desempenho atlético” com uma “autonomia exemplar”, oferecendo confiança para viagens longas. A variante RWD, com jantes de 19 polegadas e equipada com a bateria de 99,8 kWh, permite uma autonomia estimada superior a 541 km (WLTP). A capacidade de carregamento ultrarrápido de 800 V permite que seja obtida carga suficiente para cerca de 240 km em 15 minutos.

O EV9 está disponível de série com a funcionalidade Vehicle-to-Load (V2L) através da Unidade de Comando de Carregamento Integrado (Integrated Charging Control Unit, ICCU), podendo fornecer até 3,68 kW a pequenos dispositivos elétronicos. Pode, por exemplo, assegurar o funcionamento de computadores portáteis ou equipamentos de campismo.

As imagens reveladas anteriormente permitiram já conhecer as linhas exteriores do Kia EV9. A marca coreana revelou agora que o modelo possui uma distância entre eixos de 3.100 mm e oferece uma escolha de jantes de 21, 20 ou 19 polegadas. Com um comprimento total de 5.010 mm, o EV9 mede 1.980 mm de largura e 1.755 mm de altura.

A Kia destaca o desempenho aerodinâmico do EV9, que apresenta um coeficiente de 0,28, obtido através da implementação de vários “equipamentos avançados”, incluindo a primeira cobertura inferior 3D da Kia – um revestimento esculpido com uma forma convexa à frente e côncava atrás – jantes aerodinâmicas e cortinas de ar integradas no para-choques dianteiro. De acordo com a marca coreana, estes elementos funcionam de forma integrada para produzir um fluxo de ar que maximiza o desempenho e eficiência, “contribuindo para proporcionar uma experiência de condução emocionante”.

Além do modelo de base, a Kia revelou o design da versão GT-line, que apresenta para-choques dianteiro e traseiro, rodas e barras de tejadilho em cor preta, além de uma ‘Grelha de Iluminação com Padrão Digital’ exclusiva.

No interior, o Kia EV9 oferece configurações de sete e seis lugares, com três filas de assentos. A primeira fila dispõe de bancos de relaxamento e a segunda fila oferece, “pela primeira vez em modelos EV globais”, quatro opções, incluindo banco corrido de três lugares, de tipo básico, de relaxamento ou dois lugares independentes com função giratória.

Quando equipado com os bancos de relaxamento na segunda fila, o EV9 permite que os passageiros da primeira e da segunda filas reclinem simultaneamente os seus assentos. Com a opção de bancos giratórios, os bancos da segunda fila rodam a 180 graus, permitindo que os passageiros fiquem voltados para a terceira fila. Os passageiros desta última fila têm à sua disposição pontos de carregamento de dispositivos móveis e suportes para copos.

A Kia salienta também que a escolha de materiais para o EV9 “atinge um novo patamar”, com a aplicação de uma nova geração de biomateriais, enquadrando-se no seu compromisso estratégico de se tornar uma marca líder em mobilidade sustentável.

O SUV elétrico da marca coreana é o primeiro modelo a integrar a Estratégia de Sustentabilidade de Design da marca, que assenta em três etapas: eliminar gradualmente o uso de couro, aplicar dez itens sustentáveis ‘obrigatórios’ em todos os novos modelos e aumentar continuamente a utilização de materiais de base biológica, como o milho, a cana-de-açúcar e os óleos naturais. A Kia tem ainda o objetivo de aumentar para 20% a adoção de plásticos reciclados até 2030.

A nível de tecnologia, o destaque vai para o Highway Driving Pilot (HDP) disponível futuramente na versão GT-line, que assegura condução autónoma condicional de Nível 3 e estará disponível em mercados selecionados. Também a Kia Connect Store estará disponível pela primeira vez, permitindo aos clientes adquirirem funções e serviços digitais, escolherem funcionalidades personalizadas e de atualizarem continuamente o EV9 de forma remota (Over-the-Air).

“O Kia EV9 transcende as ideias tradicionais sobre um SUV e representa o topo das capacidades de design e engenharia da Kia. Criado para satisfazer as necessidades de todos os membros da família, o EV9 acelera a transição da Kia para a condição de fornecedor de soluções de mobilidade sustentável, não apenas devido à sua arquitetura avançada de EV, mas também pelos inúmeros materiais reciclados e sustentáveis utilizados na sua produção”, declarou o presidente e CEO da Kia Corporation, Ho Sung Song, sobre o novo modelo.

A Kia vai iniciar as pré-encomendas do EV9 para o mercado coreano no segundo trimestre de 2023. O Kia EV9 será colocado à venda em mercados selecionados a partir do segundo semestre.

‘Estradas elétricas’ permitiriam reduzir tamanho das baterias em 70%

Investigadores da Chalmers University of Technology, na Suécia, realizaram um estudo que combina padrões reais de condução de condutores suecos com o ‘sistema de estradas elétrico’, que permite que os automóveis elétricos carreguem as suas baterias em movimento.

O estudo demonstra que o tamanho da bateria pode ser reduzido até 71%, se o automóvel carregar durante a viagem. Ao mesmo tempo, o ónus colocado pelo carregamento dos automóveis sobre a rede elétrica pode ser distribuído ao longo do dia.

Vários países, incluindo Suécia, Dinamarca e Alemanha, estão atualmente a testar sistemas rodoviários elétricos (ERS – Electric Road System) e a possibilidade de os utilizar para eletrificar redes rodoviárias. Um ERS pode carregar veículos em movimento de diferentes formas: através de cabos suspensos sobre a estrada, alimentação pelo solo ou por indução.

Todas as variantes significam que os veículos não precisam de estar parados para carregar a bateria, dispensado a necessidade de baterias de grandes dimensões, reduzindo assim o peso e o custo do veículo.

O objetivo dos investigadores da Chalmers era analisar os benefícios potenciais dos ERS. A investigação comparou três cenários de carregamento: uma combinação de carregamento estacionário e ERS, um apenas com carregamento estacionário e outro com infraestrutura de carregamento exclusivamente ERS. Camiões e autocarros não foram incluídos na análise.

Os investigadores utilizaram dados de 412 automóveis de passageiros para estudar os padrões reais de condução em diferentes partes das estradas nacionais suecas e europeias. Os dados permitiram calcular, por exemplo, o tamanho de bateria necessário para completar todas as viagens, dadas as opções de carregamento possíveis (estacionário versus ERS), padrões de carregamento e custos totais, incluindo infraestrutura e baterias.

Os resultados mostram que a situação ideal é atingida com uma combinação de carregamento doméstico com ERS em 25% das estradas nacionais e europeias mais movimentadas. As baterias, responsáveis por maior fatia do custo de um automóvel elétrico, poderiam tornar-se significativamente menores – uma redução de 62% a 71% do tamanho atual.

“Vemos que é possível reduzir a autonomia necessária das baterias em mais de dois terços, se combinarmos o carregamento desta forma. Isto reduziria a necessidade des matérias-primas para as baterias, e um carro elétrico também poderia ficar mais barato para o consumidor”, afirma Sten Karlsson, um dos responsáveis pelo estudo “Benefícios de um Sistema Rodoviário Elétrico para Veículos Elétricos a Bateria”, publicado no World Electric Vehicle Journal, juntamente com os seus colegas Wasim Shoman e Sonia Yeh.

Um outro efeito positivo seria a redução dos picos de consumo de eletricidade, uma vez que os condutores de automóveis não dependeriam inteiramente do carregamento doméstico. “Afinal, muitas pessoas carregam os seus carros depois do trabalho e durante a noite, o que sobrecarrega muito a rede elétrica. Ao carregar de forma mais uniforme ao longo do dia, a carga de pico seria significativamente reduzida”, explica Sten Karlsson.

A investigação de Karlsson, Shoman e Yeh também aponta para que sejam os condutores de áreas densamente povoadas aqueles que mais beneficiariam da combinação de carregamento estacionário com ERS. “Existem grandes diferenças entre os grupos, dependendo dos padrões de condução e da proximidade de estradas elétricas. Mesmo no caso ideal, alguns [condutores] conseguiriam [conduzir] apenas com carregamento elétrico na estrada, enquanto outros não seriam capazes de aproveitar a oportunidade”, diz Wasin Shoman. O estudo estima que os condutores de áreas rurais necessitariam de autonomias 15% a 18% maiores, relativamente aos moradores dos centros urbanos.

Finalmente, o estudo também mostra que baterias pequenas não levam automaticamente ao carregamento através de ERS. “Só porque é possível carregar não significa que o consumidor queira realmente fazê-lo sempre que tem oportunidade. O modelo de negócio [do ERS] torna-se portanto extremamente importante, porque benefícios e custos podem ser distribuídos de forma desigual”, diz Sten Karlsson.