A Ferrari vai ser elétrica. O fabricante de Maranello anunciou ontem os seus planos de eletrificação e espera que os modelos elétricos e híbridos representem 80% das vendas em 2030, prometendo construir automóveis “ainda mais únicos”. Para facilitar a (dispendiosa) transição para a mobilidade elétrica, a Ferrari vai apoiar-se em vários parceiros.
O CEO da marca italiana, Benedetto Vigna, confirmou que o primeiro Ferrari elétrico será lançado em 2025 e será um entre os 15 novos modelos que surgirão entre 2023 e 2026.
Em 2025, 5% das vendas da marca deverão ser automóveis totalmente elétricos, com a quota a subir até aos 40% em 2030. Os modelos híbridos – que representaram já 20% das vendas no ano passado – deverão crescer até 55% em 2025, caindo depois até 40%, cinco anos mais tarde.
Vigna afirmou que a Ferrari vai desenvolver os seus próprios motores elétricos, inversores e módulos de bateria, numa nova linha de montagem da fábrica de Maranello. Ao mesmo tempo, e de forma a reduzir custos, subcontratará os componentes secundários ou não cruciais a outros fornecedores.
“Nunca irei construir um sistema operativo da Ferrari; seria uma tolice. Tens de te concentrar nas áreas em que podes ser o melhor”, disse Benedetto Vigna, rejeitando uma estratégia similar à adotada por marcas como a Mercedes-Benz ou a Tesla, que vêem como fundamental o desenvolvimento de software próprio para gerir os vários sistemas dos automóveis, proceder a atualizações over-the-air que permitem fornecer (e cobrar) novas funcionalidades e serviços, e, acima de tudo, recolher dados sobre os hábitos e preferências dos condutores.
A Ferrari está a trabalhar com quatro parceiros na Europa e na Ásia em componentes para bateria, nomeadamente no desenvolvimento da próxima geração de baterias de estado sólido.
A marca vai investir 4.400 milhões de euros até 2026, esperando que as receitas provenientes dos negócios principais ascendam a 2.500 milhões de euros nesse ano.
“Tudo o que fazemos centrar-se-á sempre em ser distintamente Ferrari”, afirma o presidente da marca, John Elkann, acrescentando que a eletrificação “permitir-nos-á construir carros ainda mais exclusivos”.
Porventura o mais famoso fabricante de automóveis desportivos do mundo, o negócio da Ferrari passa por vender toda uma experiência emocional em torno dos potentes veículos que produz. O desafio da marca nesta transição para a eletricidade passa por assegurar que os seus (abastados) clientes a acompanham. Uma vez que as baterias atuais não conseguem ainda garantir os mesmos níveis de potência sustentada dos automóveis de alto rendimento equipados com motores de combustão interna, o fabricante de Maranello terá de encontrar formas de se continuar a destacar entre os muitos veículos elétricos – que também aceleram rapidamente – que chegam ao mercado.
Entretanto, apesar dos novos planos, a Ferrari afirma que vai continuar a desenvolver o motor de combustão interna, “parte essencial da herança da empresa”, que deverá representar ainda 40% das vendas em 2026 e 20% em 2030. Numa altura em que os preços dos combustíveis batem consecutivamente novos máximos, a marca do Cavallino Rampante vai lançar, em setembro próximo, o seu primeiro SUV, o Purosangue, propulsionado pelo característico motor V-12 a gasolina.