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Green Future-AutoMagazine

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No futuro, o interior do seu carro pode ser feito de arroz ou casca de ovo

A Callum, empresa britânica de design e engenharia, desenvolveu um estudo sobre materiais sustentáveis para interiores de automóveis, no qual identifica elementos como cascas de ovos, arroz e polpa de café, entre outros, como materiais viáveis para construir o interior de um carro em 2030.

A Callum foi fundada em 2019 por Ian Callum, designer escocês que trabalhou em marcas como Ford, Aston Martin e Jaguar, e que liderou este estudo com a diretora de materiais e sustentabilidade da empresa, Charlotte Jones.

A equipa da Callum utilizou o interior de um Porsche 911 como base para a investigação, com o objetivo de identificar novas opções sustentáveis que possam ser utilizadas pelos clientes da empresa, no futuro.

Entre as soluções identificadas, destaque para alguns resíduos alimentares que servem de base a materiais capazes de cumprir as especificações de temperatura e desgaste. Cascas de ovo misturadas com resina, por exemplo, permitem criar um material liso e opaco, que pode apresentar uma superfície brilhante ou mate, e ser utilizado como guarnição dos interruptores das janelas. Se forem adicionadas cascas de nozes às cascas de ovos, o conteúdo reciclado do material aumenta de 78% para 84%.

Arroz e lentilhas podem ser transformados num material translúcido liso, ideal para coberturas de lâmpadas ou interruptores iluminados. A polpa de café pode ser utilizada para acabamentos decorativos brilhantes em substituição dos plásticos tradicionais; e as folhas das árvores podem ser recicladas para criar superfícies escuras e lisas, oferecendo um acabamento natural alternativo aos folheados de madeira presentes nas consolas centrais e painéis de vários modelos.

Para demonstrar que materiais sustentáveis podem também dar origem a cores vivas, a Callum identificou que a cenoura roxa pode produzir uma cor semelhante à amora para acabamento de peças.

Também os resíduos têxteis têm potencial para dar origem a materiais interessantes para o interior dos automóveis. “Em todo o mundo, consumimos cerca de 62 milhões de toneladas de têxteis por ano e cerca de 87% da totalidade das fibras usadas para roupas acaba num aterro ou é incinerada”, explica Charlotte Jones. “Empresas como a Planq pegam em jeans, rasgam-nos e pressionam-nos com amido de batata ou milho para criar um verniz rígido que pode ser usado para estruturas de assentos ou painéis”.

Os revestimentos dos assentos do Porsche 911 modificado pela Callum utilizam Camira, um tecido feito a partir de resíduos plásticos marinhos, e revestimentos com Féline FeltEach, um material macio obtido a partir de garrafas PET. Os dois materiais não acarretam penalizações em termos de peso e podem ser novamente reciclados, se necessário. Para os tapetes, Jones propõe Econyl, um material que usa tapetes de nylon ou redes de pesca recicladas para criar um novo tecido resistente.

Para este estudo , a Callum selecionou materiais que respondem ou têm potencial para responder aos requisitos da indústria automóvel e serem viáveis para produção até 2030. O próximo passo passa por testar os materiais em futuros trabalhos da empresa, à semelhança do tecido de cânhamo e linho que pode ser encontrado no seu mais recente projeto, a scooter elétrica Barq.

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