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Green Future-AutoMagazine

O novo portal que leva até si artigos de opinião, crónicas, novidades e estreias do mundo da mobilidade sustentável

Travar os carros ou travar as pessoas?

A crescente urbanização global coloca desafios significativos à mobilidade nas cidades. De acordo com dados da ONU, em 2018, 55% da população mundial residia em zonas urbanas, prevendo-se que este valor aumente para 68% até 2050.

Este aumento implica que aproximadamente 2,5 mil milhões de pessoas adicionais viverão em cidades, com cerca de 90% deste crescimento concentrado na Ásia e em África.

A concentração urbana intensifica a necessidade de soluções de mobilidade sustentáveis. A poluição atmosférica é uma preocupação central, estimando a Organização Mundial de Saúde que, pelo menos, 4,2 milhões de pessoas morrem todos os anos devido à poluição atmosférica.

A importância dos automóveis nas cidades

Mas, como é óbvio, os automóveis desempenham um papel crucial nas cidades modernas. Constituem uma solução versátil para as deslocações pendulares em zonas onde os transportes públicos não estão disponíveis ou não são eficientes, facilitam a logística de última milha num ambiente de comércio eletrónico em crescimento e são essenciais para os idosos, as famílias com crianças pequenas ou as pessoas com mobilidade reduzida.

No entanto, o congestionamento, a poluição e a crescente regulamentação ambiental exigem uma transformação nos veículos que conduzem as nossas cidades. Este contexto impulsiona o desenvolvimento de alternativas mais sustentáveis que possam satisfazer as exigências urbanas do futuro.

Alternativas aos veículos de combustão interna

Como temos vindo a informar regularmente no Green Future, a transição para um transporte sustentável passa pela incorporação de tecnologias que reduzam drasticamente as emissões de carbono e melhorem a eficiência energética. Entre as opções mais proeminentes estão os veículos eléctricos, os veículos a hidrogénio e os biocombustíveis, cada um com as suas próprias vantagens e limitações.

Os veículos eléctricos (VE) representam a opção mais consolidada. Eliminam as emissões locais e o seu funcionamento silencioso contribui para uma redução significativa da poluição sonora nas cidades. Além disso, como dependem da eletricidade, os seus custos de funcionamento são significativamente inferiores aos dos combustíveis fósseis. No entanto, a sua adoção em massa enfrenta desafios como a autonomia limitada – embora em constante melhoria – e a insuficiência de pontos de carregamento em muitas zonas urbanas. Outro desafio é o impacto ambiental da produção e reciclagem das baterias.

Por outro lado, os veículos a hidrogénio oferecem uma alternativa promissora, graças à sua capacidade de combinar longas distâncias com tempos de reabastecimento rápidos, semelhantes aos dos combustíveis tradicionais. Além disso, as suas únicas emissões são o vapor de água. No entanto, a infraestrutura necessária para produzir, armazenar e distribuir o hidrogénio continua a ser dispendiosa e não está amplamente implantada, o que dificulta a sua utilização em grande escala. Também levanta questões sobre a eficiência energética, uma vez que a produção de hidrogénio consome mais energia do que a utilização direta de eletricidade.

Por último, os biocombustíveis e os combustíveis sintéticos permitem tirar partido dos actuais motores de combustão, o que facilita uma transição mais gradual. Além disso, segundo a Repsol, podem reduzir as emissões líquidas de CO₂ em 65-90%. No entanto, a sua utilização não é isenta de inconvenientes. Poderemos discutir esta questão mais aprofundadamente num outro artigo, por isso fique atento, pois estamos a trabalhar nisso.

O repovoamento das zonas rurais como solução complementar

Bem, e se paralelamente à promoção das novas tecnologias nas cidades… o repovoamento das zonas rurais surgisse como uma estratégia fundamental para descongestionar os centros urbanos e promover um desenvolvimento territorial equilibrado? Se não podemos parar os carros, podemos parar o afluxo de pessoas. Esta iniciativa poderia aliviar a pressão sobre as infra-estruturas urbanas e revitalizar as regiões em despovoamento.

A chave para atrair pessoas para estas áreas é garantir uma qualidade de vida semelhante à das cidades através de investimentos em infra-estruturas básicas, conetividade digital, educação e cuidados de saúde. Além disso, os incentivos económicos, tais como benefícios fiscais ou subsídios, podem desempenhar um papel fundamental, especialmente para jovens empresários ou famílias que procuram habitação a preços acessíveis.

O futuro da mobilidade nas cidades depende essencialmente de inovações tecnológicas como os veículos eléctricos e a hidrogénio e os biocombustíveis. No entanto, pode ser complementado por uma reformulação do modelo de vida urbana.

A adoção de alternativas sustentáveis e o desenvolvimento de políticas que incentivem o repovoamento rural podem andar de mãos dadas. Com uma abordagem integrada, poder-se-á garantir um equilíbrio entre o urbano e o rural, construindo um ambiente mais sustentável e dinâmico para as gerações futuras.

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