A Green Future AutoMagazine foi conhecer junto de Luís Estrela, Coordenador da Fundação do Futebol – Liga Portugal, os projetos promovidos pela instituição, bem como todo o trabalho desenvolvido em matéria de sustentabilidade ecológica.
O Luís Estrela é Coordenador da Fundação do Futebol da Liga Portugal. Como e quando é que surgiu esta Fundação? Qual o seu principal propósito?
A Fundação do Futebol – Liga Portugal está prestes a comemorar o seu terceiro aniversário, dia 18 de julho, pelo que é ainda um projeto jovem. A Fundação do Futebol nasce de um antigo desígnio do presidente da Liga Portugal, Pedro Proença, que desde sempre defendeu e defende que a notoriedade do Futebol deverá estar ao serviço da sociedade e do bem comum. A Fundação do Futebol, além de defender e propagar os valores inerentes ao Futebol – como igualdade, equidade, justiça, fair-play, respeito, inclusão, e de abraçar e amplificar causas nobres, tem ainda o vincado papel de influenciar e ajudar as Sociedades Desportivas a promoverem ações de Responsabilidade Social que, no terreno, contribuam para a melhoria da qualidade de vida dos seus adeptos e das suas comunidades.
Será possível revelar aos leitores da Green Future AutoMagazine quais os desafios e motivações que um Coordenador da Fundação do Futebol enfrenta?
A motivação é imensa e renovada diariamente, pois fazer da Responsabilidade Social um instrumento de trabalho cimentando-a na narrativa do Futebol Profissional, esse fenómeno de massas que faz vibrar milhões e que tem a capacidade de influenciar transversalmente toda a sociedade, pelo seu exemplo. Os maiores desafios, a curto prazo, passam por solidificar o posicionamento da Fundação do Futebol, contagiando todas as Sociedades Desportivas do Futebol Profissional a usarem o seu nome, a sua força, os seus ativos para reforço e construção de uma sociedade mais equitativa e feliz, sendo, igualmente, desafiante incutir nos emblemas do Futebol Profissional o projeto de também eles criarem uma Fundação. O desafio para os tempos vindouros é ajudar a concretizar a ideia de um Clube, uma Sociedade Desportiva, uma Fundação.

A responsabilidade social e a sustentabilidade ecológica são valores importantes para a Fundação de Futebol e para a Liga Portugal. De que forma é que ambas as entidades tentam melhorar a igualdade social e a promoção para a adoção de práticas mais amigas do ambiente?
Primeiro praticamos o que defendemos – reciclamos, poupamos águas e energia, reduzimos os desperdícios. Depois amplificamos e enfatizamos causas que visem a preservação ambiental e todos os cuidados com o planeta de amanhã. Criamos já- fruto de várias reuniões com os Grupos de Trabalho da Responsabilidade Social da Liga Portugal – um manual de sustentabilidade ambiental, em conjunto com a Sociedade Ponto Verde. Um manual com dicas e diretrizes ambientais, a implementar nos estádios, nos centros de treinos e nos edifícios administrativos das Sociedades Desportivas, e com exemplos de emblemas preocupados com o meio ambiente – clubes como o Estoril Praia, que instalou painéis solares, como o CD Mafra e o FC Paços de Ferreira que faz o reaproveitamento das águas. É missão da Fundação do Futebol instigar a boas práticas ambientais no Futebol Profissional, mediatizando e divulgando grandes iniciativas que contagiem e sirvam de exemplo aos demais.
Entre as muitas áreas de atuação da Fundação do Futebol, encontram-se algumas relacionadas com a sustentabilidade, cuja missão é difundir a política dos 3 R’s (Reduzir, Reutilizar, Reciclar). O que é que a Fundação tem feito para seguir este princípio?
Nos próprios edifícios da Liga Portugal – tanto no Porto como em Lisboa, levamos a reciclagem a sério, separando o lixo em contentores apropriados. Inclusivé quer a Liga Portugal quer a Fundação do Futebol foram distinguidas com a certificação 3R6, atribuída pela Sociedade Ponto Verde. Já trabalhamos em conjunto para sensibilizar as Sociedades Desportivas a adotarem estas boas práticas nos seus estádios e recintos. Para mais estamos sempre disponíveis para nos associarmos a campanhas que visem esta prática – há muito tempo que assinalamos o 17 de maio – dia internacional da reciclagem.
Na edição de 2019-2020 da Allianz Cup, a Fundação do Futebol – Liga Portugal celebrou uma parceria com a Sociedade Ponto Verde, com vista à promoção de boas práticas ambientais. Considerando o peso que o futebol tem na sociedade portuguesa, acredita ser este o melhor veículo para o fomento de comportamentos mais sustentáveis? Estão previstas mais parcerias como esta?
As parcerias são enorme exemplo de Responsabilidade Social. São aconselhadas pela agenda 2030 e temos sempre muito a aprender e a amadurecer com o trabalho em conjunto. Quem há muito trabalha nesta área verde, chamemos-lhe assim, sabe bem os terrenos que pisa e pode sempre guiar-nos a fazer mais e melhor. A Sociedade Ponto Verde é um grande amparo da Fundação do Futebol, agradecendo-lhe, desde já, por todas as partilhas e colaborações para connosco e para com o Futebol Profissional.

Focando o nosso assunto em matéria de ambiente e sustentabilidade, como é que o futebol no geral e a Liga em particular (sendo que ambos dispõem de muita visibilidade e influência junto dos cidadãos) podem contribuir para a sensibilização da sociedade para a necessidade de mudanças de hábitos em prol do ambiente?
Exatamente usando da melhor forma o seu mediatismo e notoriedade. Ainda há pouco tempo, a mascote da Liga Portugal – O Ligas – foi plantar árvores com jogadores do Estoril Praia num parque de Cascais. O CD Feirense tem rubrica bi-semanal, usando também a sua mascote – o Billas – a sugerir boas práticas ambientais. É o projeto Eco-Billas! Campanhas e ações que saudamos, incentivamos e amplificamos. O mundo em que vivemos é responsabilidade nossa. É Responsabilidade Social. É essa a nossa essência e missão! O Futebol Profissional dá o exemplo, ganha jogos e seguidores neste campo!
Entre os objetivos estratégicos mencionados no Plano de Atividades da Fundação (2019-2020) encontra-se a promoção da consciencialização para a responsabilidade ecológica no futebol. Esse objetivo foi alcançado? De que forma?
Este é um objetivo que não se esgota, sendo transversal a todas as temporadas e tempos. Vamos conseguido baby steps, pequenas conquistas que se revelam enormes no grande foco que é a consciencialização ambiental. Tudo o que façamos pelo ambiente é sempre pouco, pelo que o objetivo e as suas estratégias se vão, também ele, renovando, reciclando.
Em 2019/2020 desenvolveram a Liga Ambiente. Qual é o seu propósito e que alcance teve?
A Liga Ambiente, com o apoio da Sociedade Ponto Verde, permitiu-nos fazer um levantamento das preocupações e ações das Sociedades Desportivas em termos ambientais. Possibilitamos a todos os emblemas profissionais uma consultoria com a Sociedade Ponto Verde que, em contacto direto com as Sociedades Desportivas, deixou-lhes sugestões para melhorarem o seu quotidiano ambiental. Foi-lhes, inclusive, mostrado que, em termos de poupança de energia e águas, podem chegar a reduzir-se faturas com a adoção de boas práticas ambientais. Esses mesmos emblemas receberam um selo por nós instituído atribuindo-lhes o estatuto de emblema exemplo nesta área da sustentabilidade ambiental. O alcance foi bom, já que, estas questões ambientais, e parafraseando expressão conhecida, primeiro estranham-se e depois entranham-se. A adesão foi boa pelo que só podemos estar satisfeitos e orgulhosos.
Por último, e abordando o tema do momento da Super Liga Europeia, considera que a sustentabilidade do futebol passa por uma transformação da competição? O que crê ser preciso para melhorar a sustentabilidade económica dos clubes?
A Fundação do Futebol pauta o seu percurso e a sua implementação num contexto solidário, de compromisso com o futebol e a sua comunidade, onde todos os parceiros têm um enquadramento igualitário, sem sectarismos ou divisões. O futebol tem de ser, cada vez mais, união, cooperação, inclusão e emoção. A criação de uma Super Liga Europeia contraria esses pilares, sendo apresentada como uma competição exclusiva. A festa do futebol é global, multigeracional, socialmente transversal, inclusiva e agregadora, distante do conceito de uma festa privada com convite e dress-code.
O futebol, tal como a sociedade, é mutável, todos os dias testa a sua capacidade de evolução. Deste modo, as suas competições também carecem dessa abordagem humilde de melhoria e adaptabilidade, sendo que o principal ativo terá de ser os adeptos, no final de cada equação, bem como o produto que lhe é apresentado.
A sustentabilidade económica dos clubes é, cada vez mais, uma preocupação constante de quem os dirige. Olhando para a captação de novos públicos, da criação de um conceito de espetáculo desportivo face ao simples jogo, a afirmação de fidelização do adepto, na amplitude do papel do associado, e na relação que cada instituição desportiva deverá ter na sua comunidade, malha empresarial, de intercâmbio potenciação regional e nacional.