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Green Future-AutoMagazine

O novo portal que leva até si artigos de opinião, crónicas, novidades e estreias do mundo da mobilidade sustentável

Jorge Farromba

BYD: À conquista de mercado!

Texto de Jorge Farromba

Ao longo dos anos – até muito por questões culturais – fomos assimilando que muitos dos produtos vindos da China não tinham a qualidade necessária mas esquecemo-nos que muitos dos que utilizamos no nosso dia-a-dia, mesmo de marcas conceituadas, são feitos na China.

Do que me recordo, a China fez um trajeto muito interessante na produção própria onde, através da cedência das suas fábricas para produção de um produto, muitas vezes ficavam ou, com a geração anterior do produto para venda sob marca própria ou, tinha a marca “mãe” de fornecer aos engenheiros chineses a  formação necessária! Isto, a par da inteligência do povo garantiu-lhes uma vantagem competitiva, a par de um efeito de escala enorme, bem como, capacidade produtiva 

Tal permitiu à China saber como produzir bons automóveis e, como potência mundial que é, ter os profissionais necessários para ela própria fazer investigação e desenvolvimento. E porquê este preâmbulo?

Porque a BYD é tão só a maior fabricante de automóveis elétricos do mundo suplantando até a Tesla. Era, pois, com curiosidade que me interessava ensaiar o BYD.

Esteticamente este pequeno SUV é elegante e jovial, provavelmente focado num público mais urbano e jovem. Na traseira a assinatura luminosa acompanha toda a largura do ATTO3 e, lateralmente possui muita chapa e pouca superfície vidrada o que, por si, transmite a ideia de  modelo robusto. Na frente possui uma identidade própria, com a marca a socorrer-se de faróis esguios que se prolongam pela lateral do modelo e onde o naming da marca está colocado numa pequena grelha de cor metalizada. Também os pára-choques envolventes e com duas tonalidades- na cor da carroçaria e preto – conferem uma identidade própria e apelativa. Voltando à zona lateral temos nos espelhos retrovisores incorporada a tecnologia NFC

Tal como comecei o artigo, a China está a produzir automóveis de qualidade e a prova disso mesmo é que estes passaram todos os testes de segurança europeus exigidos. O interior do modelo foi desenhado para ser jovial e “fora da caixa “ O painel de instrumentos minimalista e de pequenas dimensões quase todo em tons azulados! Possui um ecrã central de 15”ao melhor estilo da Tesla, grande e que pode assumir duas posições – horizontal e vertical. Este é um dos fatores diferenciadores do modelo. 

A maior parte dos plásticos interiores estão forrados a espuma o que lhe confere uma qualidade percecionada muito interessante. Os bancos são integrais quase similares a uma bacquet. Socorre-se no interior de várias cores para dar  um ambiente mais alegre que também é compatível com as colunas de som cilíndricas que sobressaem das portas e que, incluem também o sistema de abertura das portas, que é mecânico. 

A outra curiosidade passa pelos elásticos laterais no local onde habitualmente colocamos as garrafas de água que, manuseados, permitem a quem tenha jeito, gerar alguns sons bem interessantes. O interior é pois agradável e enquadrado no segmento onde se insere

Na  consola central encontramos  vários dos botões de funções que habitualmente utilizamos e a alavanca de velocidades  – similar à utilizada na aviação.  O ecrã central possui muitas funcionalidades, mas podia ser mais colorido! 

E em estrada? 

Desta vez optei por usar o Modo sport e não o eco nem o confort. Também utilizei o sistema de regeneração de energia na posição mais elevada. Quase parece recorrente mas este, como outros modelos elétricos são agradáveis e fáceis de conduzir, o comportamento é bom e a marca optou por uma suspensão confortável mesmo em pisos mais degradados. Recordar que esta marca começou por produzir baterias para telemóveis e automóveis convencionais, donde não é propriamente nova no setor automóvel, sendo que o seu processo de fornecimento e logística convergem em soluções próprias, não dependentes de muitos terceiros fornecedores.

O ATTO 3 tem 204 cavalos e a bateria (em blade e não convencional) situa-se a partir do meio do chassis para trás o que lhe confere nalgumas situações um efeito subvirador mas, em tudo o BYD  passa com distinção o teste de comportamento, estabilidade conforto e mesmo insonorização, o que diz bem do modo como a marca se pretende posicionar no mercado. 

A autonomia que a marca refere situa-se nos 420 quilômetros.

 Em resumo,  a marca conseguiu produzir um veículo interessante que o torna num automóvel, prático competente e preparado para a cidade e estrada. As baterias utilizadas –  blade – segundo a marca são até 30% mais eficientes e consta-se que a própria Tesla já as utiliza no Model Y

O preço final deste modelo situa-se nos €41.000 até aos €43.500 da versão ensaiada.

A democratização do elétrico

Comentário de Jorge Farromba

Estamos em 2023 e o ano que passou foi aquele em que mais se venderam viaturas elétricas; e não é um acaso. Tal advém de duas causas principais: em primeiro, as normas europeias vieram obrigar a que as marcas tivessem de se reposicionar neste mercado dos automóveis elétricos, investindo em tecnologia, software e novas plataformas (além da componente da comunicação, adaptação, …)  para proporcionarem uma oferta alargada de modelos aos clientes; e, em segundo lugar, uma das (poucas) consequências benéficas da pandemia: o consumidor que se preocupa cada vez mais com a sua saúde e o seu bem-estar, e que passou a equacionar a aquisição de viaturas elétricas.

O mercado automóvel teve, por isso, de se adaptar rapidamente a todo este novo modo de vivermos em sociedade; os atores políticos tiveram de reinventar as cidades para aceitarem esta nova mobilidade e, no plano rodoviário, foi necessário dotar as várias estradas das necessárias condições para proporcionar carregamentos elétricos. A própria rede elétrica nacional teve de se adaptar para que exista eletricidade suficiente para todo o novo potencial de automóveis elétricos que vão circular em Portugal.

E, tal como na pandemia, onde nos focámos em ouvir muito mais a ciência, nos automóveis elétricos está acontecer algo similar, dado que estamos atentos ao papel dos investigadores e programadores que nos vão tentando oferecer cada vez melhores soluções na criação e otimização das baterias, no menor impacto ambiental ou numa nova tecnologia que permita oferecer maior autonomia e longevidade às mesmas.

Hoje já sabemos conversar e opinar sobre baterias líquidas, consumos das mesmas, baterias sólidas. E também que existem novos métodos de construção das mesmas, por exemplo, por módulos. Todo um novo mundo a que não estávamos habituados porque na altura utilizávamos gasóleo, gasolina ou GPL.

Mas esta nova mudança traz desafios. Não devemos/podemos dizer que é fácil uma tal mudança sem falhas, pois faz parte faz parte do setor automóvel (como da aviação, da medicina e tantos outros setores). Faz parte da vida! Têm surgido noticias de algumas situações de marcas, sejam avarias de software ou outros temas, alguns até por má utilização do condutor,  mas que, em nenhum momento, têm colocado a segurança em causa.

Sabemos que os nossos automóveis hoje se baseiam maioritariamente em software, criado por humanos, testado quase sempre por humanos, mas também já por máquinas. Tenta-se por isso ao máximo apostar em zero falhas, mas, tenhamos a certeza de que esse erro mínimo existe sempre, até ao momento em que consigam estabilizar o software e a tecnologia. Foi assim nos tempos passados e será assim sempre.

Por isso mesmo também a tecnologia OTA ajuda imenso na forma como é que é uma marca, assim que deteta um problema de software, o corrige e o distribui por todos os modelos sem necessidade de visita à oficina. E isso leva-nos para outro artigo, que é o de pensarmos como as marcas, no dia de hoje, se vão ter de adaptar para o novo mercado automóvel, onde o stand como o conhecemos pode vir a desaparecer, bem como as oficinas com as revisões tradicionais.

Mas sobre o tema deste artigo, fiquemos com a garantia de que os automóveis elétricos são hoje uma opção segura e em expansão, onde, nos vários milhares de quilómetros já percorridos com vários deles, raramente, reforço a palavra, encontrei registo de bugs, e que nunca beliscaram sequer a segurança.

A transição de uma tecnologia para outra é, e será sempre, acompanhada de oportunidades de melhoria, seja qual for o setor onde se inserem. Saibamos aproveitar o que de bom esta tecnologia tem trazido, em termos de disrupção, inovação, tecnologia, preservação do meio ambiente e de novos modos de estar e viver em sociedade.

Jorge Farromba é IT Project Manager na TAP Air Portugal

Renault Megane E-TECH EV60 220 cv optimum charge: O ‘Nouvel’R’ da marca

Texto de Jorge Farromba
jorgefarromba@gmail.com

Hoje trazemos para ensaio o Megane elétrico com o novo logotipo  ‘Nouvel’R’ com 220 cv e uma bateria de 60kwh. Trata-se de um veículo moderno mas sobretudo de aparência exterior futurista, robusto e esteticamente muito atraente.

A frente apresenta uma assinatura luminosa muito esguia com faróis estilizados e horizontais, uma grelha (fechada) que domina toda a dianteira e onde se destaca agora o novo logótipo da marca.

Na zona lateral o desenho mostra um veículo robusto e esculpido onde sobressaem as bonitas jantes de 21”. Os puxadores das portas são automáticos, embutidos e escamoteáveis assim que nos aproximamos a cerca de 1 metro de distância. 

A traseira, tal como tal como a frente a marca socorreu-se de uma linha estilística muito esguia e elegante com o vidro traseiro muito pequeno o que dificulta um pouco  a visibilidade traseira. Mas a elegância fica registada.

No interior, as marcas tentam criar obviamente uma experiência a bordo diferente e é um pouco essa experiência que muitas vezes cativa ou não o cliente. E neste Megane é por demais evidente, tanto nas formas do interior como nos materiais sustentáveis que existiu essa preocupação.

Todos os estofos são feitos de materiais 100% reciclados. Dependendo da versão, isso pode corresponder a até 2,2kg! Um total de 27,2 kg de peças visíveis (zona inferior do habitáculo) e invisíveis (estrutura interna do tablier) são feitas de plásticos reciclados. Mais, 95% do Mégane E-TECH Elétrico será reciclado no final do seu ciclo de vida.

O forro do tablier é, nesta versão de ensaio, em tecido, mas pode ser em pele sintética. Nas portas tentou-se acompanhar isso com alguns plásticos moles, mas também com um derivado de Alcântara muito bem trabalhado. 

O sistema de som que incorpora o modelo Harman Kardon é de elevada qualidade e depois o ecrã OpenR que combina – numa espécie de “L” invertido – o painel de instrumentos digital e o ecrã multimédia da consola central, possuem ambos boa legibilidade e usabilidade para o utilizador.

A marca criou um painel central com múltiplas funcionalidades, onde destaco a possibilidade de configurar o som percetível pelo peão quando circulamos a baixa velocidade. De resto, tal como na Tesla, BMW e Peugeot começa a surgir uma reinterpretação do volante, tal como nós o conhecíamos há uns anos, desaparecendo o círculo habitual.

A marca desenvolveu, diria que, duas consolas centrais flutuantes: uma para o apoio de braços que funciona bastante bem com um grande porta objetos e, uma outra que fica abaixo do ecrã central que permite colocar o telemóvel para carregamento por indução. 

Em termos de espaço interior nada a assinalar dado que o modelo se apresenta com bastante espaço interior tanto à frente como atrás, onde a ausência de túnel central ajuda a ter mais espaço para os pés.

E em estrada?

Para iniciarmos a marcha aquilo que temos que fazer é carregar no botão Start e, posteriormente numa alavanca situada no volante do lado direito muito similar ao da Mercedes que nos permite iniciar a marcha na posição D – temos vários modos de condução desde o Eco, ao Sport, ao confort e ao personalizado, sendo que obviamente o ECO está parametrizado para não passar determinada velocidade; o CONFORT é talvez a solução ideal para quem circula mais em estrada e autoestrada.

Ter 220 cv debaixo dos pés ajuda bastante. A primeira noção que nos fica do Mégane quando arrancamos é que se trata de um veículo rápido e ágil; não é brusco; é  confortável e tem três características que distinguem: a excelente brecagem, a potência dos travões, direção precisa e rápida, o que, no conjunto torna o modelo ágil na forma como interagimos na condução do dia-a-dia.

Em estrada o Mégane é confortável,  com um bom  comportamento, previsível e seguro. A bateria de 60 kilowatts permite, segundo a marca uma autonomia até 450 kms em circuito WLTP mas em estrada e autoestrada diria que atinge os 300 kms. Por salvaguarda, na minha viagem de 280 km parei para reabastecer.

Em resumo, trata-se de um veículo extremamente interessante, competente e assumidamente tecnológico para poder competir no mercado onde a concorrência abunda sendo as suas qualidades precisamente o comportamento, conforto, agilidade, o software bastante intuitivo e a facilidade de condução.

Preço final: 47.000 €

Dacia Spring Confort: um elétrico para a cidade

Comentário de Jorge Farromba

A Dacia sempre nos surpreendeu pelo seu posicionamento no mercado, fruto de uma estratégia que aposta na rentabilização de todos os componentes do grupo automóvel onde se insere, mas também com uma estética reconhecidamente apelativa que tem ganho adeptos no mercado nacional e internacional.

Por isso, esta aposta num veículo totalmente elétrico de baixo custo e assumidamente citadino vem no seguimento dessa mesma forma da DACIA olhar o mercado

A estética exterior segue muito da filosofia da marca e que acaba por ganhar dividendos, dado que é quase uma recriação do bem-sucedido DUSTER, com traços característicos, joviais e dinâmicos e, nalguns detalhes a “tocar” o desportivo, onde “menos é mais” e, no seu minimalismo recolhe adeptos, com formas que perpetua uma vida longa em termos de imagem

No interior de modo a conter os custos, obviamente que não encontramos plásticos moles, e algumas soluções de ergonomia e usabilidade não são as mais atuais, mas tal é compreensível quando a marca pretende oferecer o veículo mais económico do mercado, totalmente elétrico que não ultrapasse os €20.000, mesmo nesta versão de topo que é a versão confort. Nesta versão encontramos bancos confortáveis, posição de condução interessante, pele sintética, ecrã central prático e com toda a informação habitual, seja em matéria de conetividade como de segurança. 

Sabemos que a autonomia pode ir até uns interessantes 305 km em ciclo urbano WLTP e 230 km em ciclo combinado WLTP e que consegue 80% de carregamento em 50 minutos num posto de carregamento rápido graças ao carregador DC. O motor que o equipa possui 44 cv que lhe permitem atingir os 125 km/h de velocidade máxima ou 100km/h quando selecionamos o modo ECO. 

De resto, em matéria de segurança conta com os habituais airbags, ABS, ESP, luzes automáticas, sistema de travagem de emergência.

E em estrada?

O Spring é um veículo simples e prático, desenhado para cidade com uma curta distância entre eixos, confortável, com uma condução minimalista, mas que não receia estrada. 

O espaço interior é mais que suficiente para 4 adultos sendo que na traseira estão mais condicionados face ao espaço disponível para pernas. A capacidade da bagageira é mais que suficiente para as compras de cidade. A utilização de sistemas como o limitador de velocidade e cruise control, são interessantes para estrada e um deles revela-se particularmente útil em cidade –  limitador de velocidade para 50km/hora – dado o número elevado de radares nas cidades.

A simplicidade da sua utilização leva a que seja prático e cómodo levá-lo para qualquer lado. A informação do painel de instrumentos ajuda-nos a compreender o consumo de eletricidade e, nos vários dias que o utilizei, em nenhum momento me preocupei com a bateria, com a intensa chuva (somente com o aquaplaning) e com o trânsito intenso de Lisboa, o que significa que a marca criou um produto interessante, onde o comportamento e conforto se encontram dentro do que outras marcas oferecem, dentro do mesmo segmento, em termos de produto, ou seja, seguro, prático e previsível.

Uma palavra face aos últimos resultados de vendas de veículos, pois nunca como agora se venderam tantos automóveis elétricos, demonstrativo da convergência dos vários públicos – jovens e menos jovens – para a eletrificação, para as preocupações com o meio ambiente, uma melhor qualidade de vida e diminuição do ruído nas cidades. Esta re-educação do consumidor acabou ainda por ser mais potencializada pela pandemia onde o publico sabe que as suas ações têm relação direta com a qualidade de vida do planeta que habitam., com reflexo direto no setor automóvel que teve de se adaptar e de investir fortemente em I&D para oferecer produtos novos e convergentes com a sociedade atual.

Jorge Farromba é IT Project Manager na TAP Air Portugal