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Green Future-AutoMagazine

O novo portal que leva até si artigos de opinião, crónicas, novidades e estreias do mundo da mobilidade sustentável

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Novo motor elétrico da ENERGICA

Novo motor elétrico da ENERGICA

A Energica apresenta o EMCE, o novo motor elétrico cocriado com a italiana Mavel.

A sigla do novo motor, EMCE, significa Energica Mavel Co Engenharia e nasceu como expressão direta da mentalidade do fabricante de motas italiano que, a cada ano, aposta na inovação tecnológica e no aperfeiçoamento dos já elevados desempenhos tecnológicos.

A Mavel é uma empresa de pesquisa, desenvolvimento e produção especializada no setor da eletrónica e automação com sede em Point-Saint-Martin, no Vale D’Aosta, numa antiga central hidroelétrica. Esta empresa colabora com os principais OEMs internacionais que operam no setor automóvel, mas é com a Energica que se estreia no setor de duas rodas.

O novo sistema de propulsão será usado exclusivamente em toda a gama Energica.

Giampiero Testoni, CTO da Energica Motor refere que “a inovação é a principal força do nosso departamento técnico que, juntamente com a Mavel, encontrou a colaboração perfeita para ultrapassar os limites da tecnologia atual, melhorando ainda mais um produto já de alto desempenho”.

A colaboração tecnológica que caracterizou a co-engenharia entre a Energica Motor Company S.p.A. e a Mavel direciona-se para a procura de soluções que otimizem a eficiência do sistema. Entre as principais vantagens que contribuem para melhorar o desempenho do motor e do inversor encontramos: minimização de perdas de energia e maximização de desempenho, bem como uniformização do binário e otimização dos pesos, que tornam o motor único em termos de potência e densidade de binário, permitindo, ainda, a otimização dos processos de produção.

Além disto, pode contar ainda com um sistema de refrigeração inovador e patenteado do rotor capaz de gerar um fluxo interno de ar que envolve os ímanes e os arrefece, permitindo que o motor explore o seu potencial mesmo em altas velocidades; Algoritmos que garantem que o inversor seja sempre capaz de operar o sistema da forma mais eficiente possível também é uma das soluções encontrada por esta parceria e, por último, sensores patenteados capazes de recolher e armazenar os dados operacionais do motor para prever o início de qualquer falha mecânica.

Graças ao novo motor EMCE, a potência máxima aumenta para 126 kW a 8.500 rpm e com um método de refrigeração líquida que garante maior desempenho, as motas Energica serão agora 10 kg mais leves, com um aumento de alcance na faixa de 5-10% de acordo com o estilo de condução.

A refrigeração líquida permite um melhor condicionamento térmico do motor e do inversor, o que se traduz na capacidade de trabalhar com maior binário e densidade de potência que, mesmo com um volume menor e motor mais leve, leva a uma maior aceleração. Entre as perceções ao conduzir uma motocicleta Energica com motor EMCE, pode esperar-se uma melhoria no manuseio. Esta transição para a refrigeração líquida, presente no motor EMCE é mais uma demonstração dos avanços tecnológicos que, ano após ano, contribuem para o sucesso da Energica Motor Company S.p.A.

A aplicação portuguesa EcoClass vence prémio em competição mundial de aplicações

A aplicação portuguesa EcoClass vence prémio em competição mundial de aplicações

A EcoClass, aplicação com conteúdos ecológicos para ensinar os mais novos a serem mais ecológicos, venceu, hoje, o Prémio do Público no Apps for Good UK, uma das maiores competições mundiais de aplicações.

A EcoClass era a única aplicação portuguesa criada por três jovens na competição do Apps for Good UK, o programa educativo tecnológico que desafia alunos e professores a desenvolverem aplicações para resolverem problemas sociais e que recebeu as aplicações criadas neste ano letivo em todos os países, tornando-se assim na maior competição mundial de aplicações.

Criada pelos alunos Anna Dornelas, Maira Fortunato e Victor Dornelas da Escola Secundária de Vila Verde, a EcoClass foi a única selecionada para representar Portugal na competição internacional e ganhou o Prémio do Público. A EcoClass é uma solução com conteúdos ecológicos – tarefas, um jogo, mapas, etapas, questionários, frases, dicas e competições entre alunos e turmas – para ensinar os mais novos a serem mais ecológicos.

Lançado pelo CDI Portugal, o Apps for Good é um programa que pretende seduzir jovens (entre os 10 e 18 anos) e professores para a utilização da tecnologia como forma de resolver os seus problemas, propondo um novo modelo educativo mais intuitivo, colaborativo e prático. O objetivo do programa é desenvolver aplicações (apps) para smartphones e tablets que possam contribuir para a resolução de problemas relacionados com a sustentabilidade do mundo em que vivemos.

A operacionalização do programa decorre ao longo do ano letivo, onde professores (de todas as áreas disciplinares) e alunos têm acesso a conteúdos online com uma metodologia de projeto de 5 passos. Para apoiar no desenvolvimento do projeto, os participantes têm acesso a uma rede de especialistas que se ligam online à sala de aula, para prestar todo o apoio de esclarecimento de dúvidas. O modelo de implementação poderá ser em regime curricular ou extracurricular.

Volkswagen abandona motores de combustão em 2035

A Volkswagen deixará de vender automóveis com motores de combustão na Europa em 2035, passando gradualmente a disponibilizar uma gama de veículos totalmente eléctrica. Esta transição efetuar-se-á mais tarde nos Estados Unidos e China, de acordo com as declarações do diretor de vendas da marca, Klaus Zellmer, ao diário alemão Muencher Merkur.

“Na Europa, sairemos do negócio com veículos de combustão interna entre 2033 e 2035, nos Estados Unidos e China um pouco mais tarde”, disse Zellmer numa entrevista publicada no sábado.

“Na América do Sul e África levará muito mais tempo, devido ao facto de que ainda faltam condições a nível político e de infraestruturas”, acrescentou.

A estratégia Accelerate da marca alemã, apresentada no dia 5 de março, prevê que 70% das vendas na Europa correspondam a veículos totalmente elétricos em 2030.

Ainda de acordo com Zellmer, isto fará com que a companhia esteja preparada para um eventual endurecimento dos objetivos climáticos da União Europeia. Em 2050, todos os modelos da Volkswagen deverão ser neutros em emissões de CO2.

A próxima fase das metas normativas de emissões da UE para os fabricantes de automóveis exige uma redução de 60% em 2030, relativamente aos níveis de 2021, e de 100% em 2035. Na prática, isto fará com que se torne extremamente difícil para as marcas disponibilizar veículos com motores de combustão interna no espaço comunitário a partir dessa data.

APDL investe no fornecimento elétrico aos navios no Cais da Régua

A APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo vai promover a eletrificação do cais do Peso da Régua, no seguimento do projeto piloto implementado anteriormente no Leverinho, num investimento que ronda os 300 mil euros.

A execução deste projeto irá permitir que os navios permaneçam acostados no cais da Régua com os geradores desligados, eliminando, neste período, as emissões de gases poluentes e o respetivo ruído associado ao seu funcionamento. 

Nas palavras do Presidente da APDL, Nuno Araújo, “este é um importante passo na direção da descarbonização e da melhoria da qualidade de vida das populações durienses, em particular da Régua”.

O projeto prevê a reformulação das redes de água e elétrica para o cais do Peso da Régua, possibilitando a alimentação elétrica e abastecimento de água a navios hotel e demais embarcações que operem no rio Douro. 

O objetivo é melhorar os acessos aos respetivos serviços de forma mais célere e intuitiva complementado com o aumento dos locais, atendendo ao movimento que o respetivo cais detém, de uma forma mais sustentável.

Próximo Volvo 100% elétrico terá pack de segurança ainda mais avançado

A Volvo Cars anuncia que o seu próximo modelo 100% elétrico virá equipado, de série, com novas tecnologias ao nível da segurança.

O sucessor elétrico do modelo XC90, a ser revelado em 2022, estará equipado com novos sensores, onde se inclui a tecnologia LiDAR, desenvolvida pela Luminar e um computador que irá permitir a condução autónoma da NVIDIA DRIVE Orin.

Com o novo pack de segurança, a Volvo Cars pretende reduzir as colisões, esperando que esta redução aumente ao longo do tempo, através das atualizações de software over-the-air.

Deste modo, o automóvel será capaz de assistir e melhorar as capacidades do condutor humano em situações onde este estiver em perigo. As anteriores gerações dos sistemas de segurança baseavam-se em alertas ao condutor para potenciais perigos imediatos. Esta nova tecnologia irá, ao longo do tempo, aumentar o seu grau de intervenção para prevenir colisões.

Para além do pack de sensores e de performance associada à inteligência artificial, este novo modelo da Volvo terá sistemas de back-up para as funções chave como direção e travagem, que fazem com que o hardware esteja preparado para uma condução autónoma segura, uma vez disponível.

Estes sistemas de back-up, em conjunto com a tecnologia LiDAR, irão permitir a funcionalidade Highway Pilot. Desenvolvida internamente pela Volvo Cars em conjunto com a Zenseact (empresa de software para a condução autónoma) o Highway Pilot será uma característica (opcional) para a condução autónoma em autoestradas e será ativada uma vez verificadas as condições de segurança ideais.

Honda revela próxima geração do Civic, exclusivamente híbrida

A Honda mostrou as primeiras imagens do novo Civic de cinco portas, a 11ª geração do hatchback líder de classe da marca.

O Civic continua a ser um modelo central da Honda na Europa e a última geração baseia-se em quase 50 anos de tradição, mas inova no facto de ser exclusivamente híbrido. O novo Civic torna-se, assim, o modelo mais recente da Honda a apresentar um sistema de propulsão avançado e:HEV da marca. Desta forma, o fabricante nipónico continua no caminho para cumprir o objetivo de apresentar sistemas eletrificados em todos os modelos convencionais no mercado europeu, até 2022.

Desde o seu lançamento em 1972, o Honda Civic foi um dos modelos mais bem recebidos pelo público em todo o mundo. Até à data, vendeu mais de 27 milhões de unidades em 170 países. Com o novo Civic e: HEV, a Honda procura continuar este percurso de de sucesso. O novo modelo chegará à Europa a partir do outono de 2022.

A marca ainda não revelou mais especificações do veículo, mas sublinha que, a nível de conforto, desempenho e eficiência, o novo Civic cumpre com todos os requisitos pelos quais o modelo é reconhecido. 

Veículo elétrico solar tem agora maior autonomia

A Sono Motors, sediada em Munique, atualizou a bateria do Sion SEV (Veículo Elétrico Solar), que agora disponibiliza 54 kWh.

A nova bateria aumenta a autonomia total do veículo até aos 305 quilómetros e a sua potência máxima até 75 kW. O alcance adicional fornecido pelos painéis solares do Sion permanece inalterado, com uma média semanal de 112 quilómetros (245 quilómetros por semana no pico).

A nova bateria LFP (Lítio Ferro Fosfato) é considerada uma das mais seguras do mercado, e também dispensa totalmente o uso de cobalto, níquel e manganês.

De acordo com uma pesquisa levada a cabo pela Sono Motors, “mais de 90% dos titulares de reservas existentes votaram numa bateria mais potente”, disse Laurin Hahn, CEO da empresa. “Esta mudança é apenas mais um exemplo de como a Sono Motors continua a impulsionar a inovação e a sustentabilidade, respondendo aos desejos da nossa comunidade ao longo do desenvolvimento do Sion”. 

“Ostentando maior capacidade, maior alcance, carregamento mais rápido, recursos de segurança aprimorados e sem cobalto, níquel ou uso de manganês, esta bateria aprimorada fortalecerá ainda mais a posição única do Sion no mercado”, continuou Hahn.

Markus Volmer, Diretor de Tecnologia da Sono Motors lembra que o crescente mercado dos VE gera maior procura por baterias mais duradouras e sustentáveis. Por isso, “esta bateria aprimorada permite aos condutores do Sion maior alcance e menor tempo de carregamento, otimizando, desta forma, o veículo para fornecer uma mobilidade sustentável, fácil e acessível para todos”.

A proteção do clima permanece primordial em toda a produção, assim como em todos os aspetos operacionais da Sono. Como parte desse compromisso, a empresa irá, portanto, compensar todas as emissões inevitáveis ​​de gases de efeito estufa geradas na produção, apoiando projetos certificados de proteção do clima.

Em 2017, a Sono Motors apresentou ao público seu carro elétrico solar inovador e familiar, o Sion. Até ao momento, a empresa recebeu mais de 13.000 pré-reservas para o modelo.

Galp é a primeira empresa portuguesa a aderir às métricas de ESG do World Economic Forum

A Galp formalizou a sua adesão às métricas ambientais, sociais e de governo (ESG) do World Economic Forum (WEF), tornando-se a primeira empresa portuguesa a integrar uma comunidade empresarial “focada na criação de valor sustentável e na resposta aos desafios mais prementes das sociedades modernas”.

Com o objetivo de adequar os recursos do planeta às necessidades dos cidadãos e das empresas, o WEF acelerou, nos últimos anos, um conjunto de debates e iniciativas tendentes a fomentar o conceito de stakeholder capitalism. O propósito é colocar as premissas de sustentabilidade no centro da atuação e das decisões das grandes corporações, garantindo que “as opções de hoje não colocam em causa o futuro das próximas gerações”.

Ao tornar-se signatária das métricas de stakeholder capitalism, a Galp junta-se a uma comunidade de empresas que procuram fornecer ao mercado métricas e divulgações concisas, consistentes e comparáveis para a criação de valor partilhado por todos os stakeholders. A Galp reportou já em 2021 o seu desempenho não financeiro em linha com as métricas e recomendações de divulgação do WEF.

Na prática, as métricas ESG estipulam um vasto conjunto de recomendações de informação a divulgar em áreas distintas, como o propósito, estratégia, composição de conselhos de administração, desempenho ambiental e social, entre outros, permitindo comparar o desempenho dos negócios relativamente ao seu desempenho ambiental, social e de governance.

De acordo com o comunicado da Galp, este é “um movimento que procura não apenas comprometer a comunidade empresarial através da adoção das melhores práticas de governo, mas também envolver acionistas, investidores, ONG, reguladores, governos, cidadãos e consumidores, no objetivo global de reduzir o impacto da nossa pegada e de criar valor sustentável para todos”.

Opinião de Marc Amblard

A mobilidade aérea avançada prepara-se para descolar

Opinião de Marc Amblard

A mobilidade terrestre está a experimentar uma profunda transformação, impulsionada por tendências distintas mas convergentes, que incluem a eletrificação, o software/Inteligência Artificial, as plataformas de mobilidade partilhada e a condução autónoma. Uma transformação paralela está a impactar a mobilidade aérea, não apenas através do aproveitamento de tecnologias fundamentais similares, mas também pelo desenvolvimento de arquiteturas e sistemas de propulsão inovadores. Várias empresas, apoiadas por financiamento massivo, estão a desenvolver aviões com vários formatos, grupos propulsores, alcances operacionais e tipos de utilização, bem como as infraestruturas terrestres correspondentes. A mobilidade aérea avançada prepara-se para descolar.

Estes novos modos apontam principalmente à mobilidade urbana, em particular em áreas metropolitanas grandes e congestionadas, como nos percursos através de Los Angeles ou entre São Francisco e Palo Alto (onde habito), uma viagem de 10 minutos pelo céu face a 90 minutos ou mais para percorrer 50 quilómetros na estrada, quando o tráfego é denso. Outros mercados-alvo serão a mobilidade regional, o transporte médico urgente, o turismo e o transporte de carga.

Caminhos disruptivos para a mobilidade aérea face à mobilidade terrestre

Alguns dos problemas que a mobilidade terrestre e aérea do futuro estão a resolver são idênticos, como a congestão das estradas, o aquecimento global e a reduzida utilização dos ativos. No entanto, o acesso equitativo à mobilidade será exclusivamente abordado pelo primeiro dos dois tipos de mobilidade, num futuro previsível. Como referência, a Archer, uma das principais empresas de mobilidade aérea avançada, anunciou um objetivo de 3,30 dólares por passageiro-milha com o seu veículo de quatro lugares – apesar de não ter especificado um período de tempo ou modo de operação – que é comparável aos 2-3 dólares por veículo-milha para um serviço como o oferecido pela Uber.

Enquanto que a nova mobilidade terrestre está a utilizar essencialmente as mesmas arquiteturas do passado e continuará a operar na mesma infraestrutura, a mobilidade aérea avançada introduzirá arquiteturas muito mais transformadoras – por exemplo, a Lilium e a Vertical Aerospace – e aproveitará a maior parte do espaço aéreo urbano de baixa altitude, ainda não explorado.

Contudo, a mobilidade aérea e terrestre estão a experimentar outros fenómenos similiares. Em particular, a condução autónoma e a mobilidade aérea urbana enfrentam ainda importantes obstáculos de certificação e legislação antes de podermos esperar um arranque significativo. Ambos também enfrentam desafios técnicos para garantir níveis de segurança suficientes e permitir um escalamento acelerado.

eVTOL ou (e)STOL

O amplo desenvolvimento dos drones, nos últimos anos, provocou o aparecimento de aviões de descolagem e aterragem vertical (VTOL – Vertical Takeoff and Landing), capazes de transportar passageiros ou grandes cargas. São utilizados vários formatos, incluindo aviões com asas fixas, asas basculantes ou rotores basculantes, assim como carros voadores (não abrangidos por este artigo). Estas diferentes configurações terão um impacto significativo na segurança de voo, obstáculos junto dos organismos de certificação. Um denominador comum é o maior número de hélices de propulsão direta para proporcionar redundância e minimizar a contaminação acústica nas descolagens urbanas.

A capacidade dos produtos apresentados até à data varia entre 2 (por exemplo, o Volocopter) e 7 lugares para os mais pequenos. A Kelekona e a GKN Aerospace (conceito SkyBus) também apresentaram conceitos VTOL maiores, com uma capacidade de 30 a 50 passageiros; o primeiro também poderia ser adaptado para o transporte de 5 toneladas de carga. No outro extremo do espectro encontra-se a interessante FlyBoard de um só ‘passageiro’, a jato, da Zapata Industries.

Entre as empresas VTOL mais maduras, apenas uma, a Wisk, está focada exclusivamente nos voos autónomos, sem piloto a bordo. Contudo, as empresas acima referidas têm certamente este modo de voo nos seus planos, já que este terá um impacto significativo no custo (ausência do piloto) e nas receitas (mais um assento para vender). Por exemplo, a Archer planeia obter a aprovação da FAA [Administração Federal de Aviação dos EUA] por volta de 2028 para operar sem piloto a bordo.

Também está a ocorrer uma disrupção significativa nos aviões que descolam e aterram horizontalmente. Nalguns casos, os produtos vão requerer uma pista de descolagem e aterragem muito mais curta (STOL – Short Takeoff and Landing) do que os aviões convencionais. Por exemplo, o STOL da Electra apenas necessitará de uma pista de 30 metros. Adicionalmente, estão a ser introduzidas novas arquiteturas e soluções de propulsão mais limpas.

Mobilidade aérea avançada a bateria, híbrida ou a pilha de combustível

A eliminação de emissões está no centro da transformação da mobilidade e do transporte em todos os modos. A eletrificação é a solução sempre que a eletricidade seja produzida, em grande medida, a partir de fontes de energia renováveis. Caso contrário, maior acesso à mobilidade aérea traduzir-se-á numa maior quantidade de milhas por assento e uma intensidade de carbono potencialmente alta.

No entanto, a tecnologia das baterias é atualmente um fator limitativo para o alcance das aeronaves, já que oferecem uma densidade de energia (Wh/kg) muito menor do que os combustíveis fósseis ou o hidrogénio.

Consequentemente os aviões em desenvolvimento optam por uma solução elétrica a bateria, um sistema de propulsão híbrido (com um turbogerador e um motor de combustão interna) ou uma solução elétrica a pilha de combustível, de acordo com o alcance pretendido. A primeira opção é adequada para distâncias mais curtas e utiliza-se em VTOL elétricos – ou eVTOL – com uma autonomia anunciada de 250 a 300 quilómetros – ou até de 450 quilómetros, no caso do Alia da Beta.

Soluções híbridas e pilhas de combustível são usadas normalmente em STOL ou aeronaves com características de descolagem e aterragem regulares. Por exemplo, o STOL Electra de 8 lugares oferecerá 800 quilómetros de autonomia. A Ampaire está a trabalhar no sentido de construir aviões totalmente elétricos. Contudo, a startup está a começar por adaptar a veículos regionais a turbohélice já existentes um grupo propulsor híbrido que proporciona economias de combustível, emissões e manutenção. A startup estima que será necessária uma densidade de energia de 450-500 Wh/kg a nível do pack de baterias (contra ≈165 Wh/kg para o Tesla Model 3, o melhor da classe na atualidade) para que os aviões elétricos sejam viáveis. No campo das pilhas de combustível, a ZeroAvia anuncia 800 quilómetros para o seu futuro avião de 20 lugares movido a hidrogénio.

Abordagem ecossistémica e as necessárias parcerias público-privadas

Os eVTOL e STOL necessitarão de acesso personalizado às áreas urbanas. Os chamados verti-ports serão instalações dedicadas ou terraços adaptados. Vão ser necessárias parcerias com imobiliárias, empresas de carga e de mobilidade terrestre para que a mobilidade aérea urbana seja viável.

É provável que esta infraestrutura seja eventualmente partilhada entre os operadores, da mesma forma que os aeropertos são independentes dos operadores na atualidade, apesar de que uma rede patenteada de ‘vertiportos’ possa brindar o pioneiro com uma vantagem competitiva. Para este fim, a startup de eVTOL Volocopter criou a Skyports, uma entidade dedicada à infraestrutura terrestre na qual investiram a Aéroports de Paris e a Deutsche Bahn.

As parcerias público-privadas são fundamentais para tornar realidade a mobilidade aérea avançada, especialmente em ambientes urbanos. Os temas em questão incluem a construção de plataformas de aterragem, licenças de operação, atualização da rede (altas necessidades de kW) e regulamentação a respeito da contaminação acústica, uma característica chave para os fabricantes de equipamentos. Também será relevante para o setor público a contribuição deste novo modo para a mobilidade equitativa, que será um desafio, considerando a estrutura de custos inerente mais alta do que no caso da mobilidade terrestre.

Investimentos significativos e valorações massivas

As empresas emergentes nesta área angariaram mihares de milhões. As mais maduras abriram o seu capital recentemente (ou anunciaram planos nesse sentido), principalmente através da reversão de fusões com SPAC [Special-purpose Acquisition Company]. Este é o caso da Joby (SPAC com uma valoração de 6,6 mil milhões de dólares), da Archer (SPAC, 3,8 mil milhões), da Lilium (SPAC, 3,3 mil milhões), da Vertical Aerospace (SPAC, 2,2 mil milhões) ou da Eve Urban Air Mobility da Embraer (SPAC, 2 mil milhões de dólares). Algumas destas geraram mais de mil milhões de dólares no processo.

Outras mantiveram-se privadas, ao mesmo tempo que atingiram o estatuto de ‘unicórnio’ (valoração superior a mil milhões de dólares), como a Beta Technologies e, provavelmente, a Volocopter, uma vez que angariou 370 milhões até à data.

Este capital será muito importantes para finalizar designs, efetuar testes, obter as certificações necessárias e implementar e escalar progressivamente o negócio, o que não ocorrerá antes de 2024 para as empresas mais avançadas. Cumpre assinalar que algumas já receberam encomendas. A Archer reservou 200 unidades para a United Airlines, por um valor reportado de mil milhões de dólares. A Vertical Aerospace, com sede no Reino Unido, tem mil unidades pré-encomendadas e opções reservadas pela American Airlines, pela Virgin Atlantic e por uma companhia de leasing, para o seu avião de 5 lugares. E a Eve Urban Air da Embraer tem até 50 unidades reservadas por um operador brasileiro de helicópteros.

O que estão os fabricantes de aeronaves tradicionais a fazer?

A Airbus tem sido provavelmente o fabricante mais ativo neste campo, com o objetivo de se revolucionar a si própria. As iniciativas visíveis incluem o Vahana para um só passageiro e o CityAirbus de 4 lugares, que foi submetido ao primeiro voo de teste no ano passado. O concept Pop.Up, apresentado em 2017, promete uma transição fácil ente mobilidade terrestre e aérea.

A Boeing criou a NeXt, uma subsidiária dedicada à mobilidade aérea avançada, mas encerrou a unidade em 2020 devido a dificuldades financeiras. O gigante de Seattle também se associou à Wisk, uma das principais empresas emergentes de eVTOL, assim como à Kitty Hawk, uma empresa semiautónoma de eVTOL apoiada por Larry Page. A Bell apresentou o concept eVTOL Nexus no CES, em 2019 e 2020. Por último, a Eve Urban Air Mobility, propriedade da Embraer, está a trabalhar num eVTOL.

Os fabricantes de transportes terrestres também estão envolvidos

Alguns fabricantes de veículos ligeiros vêm a mobilidade aérea avançada como um conjunto de modos potenciais em que eventualmente poderão participar, como complemento aos seus modos terrestres.

A Hyundai foi provavelmente aquele que expressou mais planos para passar à terceira dimensão. O fabricante coreano revelou o seu concept eVTOL no CES 2020 e, recentemente, anunciou planos para investir perto de 1,5 mil milhões de dólares na mobilidade aérea urbana até 2025. No CES 2021, a GM apresentou o seu próprio conceito de eVTOL, um pequeno avião de 2 lugares.

A Daimler associou-se à empresa alemã de eVTOL Volocopter, na qual o fabricante investiu pela primeira vez em 2017. O acionista da Daimler e fabricante chinês Geely também investiu e associou-se à Volocopter com o objetivo de introduzir a mobilidade aérea urbana na China. De forma similar, a Toyota investiu 350 milhões de doláres na Joby, sediada em Silicon Valley, e a Stellantis participou na recente ronda de investimento da Archer, com quem ainda firmou um acordo de colaboração relacionado com a cadeia de fornecimento e montagem.

Quando poderemos experimentar a mobilidade aérea avançada?

Quando é que estes novos serviços estarão a operar? Isto dependerá não apenas da maturidade técnica, mas também da certificação, que será específica mediante a geografia. A Lilium tem como objetivo o lançameento das suas operações comerciais em 2024. A Archer pretende introduzir a mobilidade aérea urbana em Los Angeles no mesmo ano. A Hyundai refere 2025 para o seu lançamento. Para a Joby, 2024 será a data de certificação da sua aeronave. Em geral, as operações começarão com poucos ‘vertiportos’/terraços e rotas selecionadas, que proporcionarão conhecimentos que se poderão depois ser utilizados para melhorar tanto as aeronaves como as operações, antes do serviço ‘descolar’. São tempos emocionantes!