fbpx

Green Future-AutoMagazine

O novo portal que leva até si artigos de opinião, crónicas, novidades e estreias do mundo da mobilidade sustentável

admin

O Futuro das Travessias: Hyke Smart City Ferry, O Ferry Boat 100% Elétrico

Texto de Joana Prista

Impulsionada pela necessidade de reduzir as emissões de CO2 e minimizar os impactos ambientais, a Hyke, uma start-up de Oslo, na Noruega, tem se destacado com o desenvolvimento de um ferry boat revolucionário, totalmente elétrico, que promete transformar a indústria de navegação. 

O Hyke Smart City Ferry, representa um avanço significativo em direção à eletrificação completa dos transportes. Ao contrário dos tradicionais ferries movidos a combustíveis fósseis, esta embarcação utiliza exclusivamente energia elétrica para propulsão e operação, eliminando completamente as emissões de gases poluentes.

Com capacidade para transportar 50 passageiros, esta embarcação navega de forma limpa e totalmente autónoma.

A Hyke tem investido em tecnologia de ponta para tornar viável este ferry boat 100% elétrico. O sistema de propulsão é baseado em motores elétricos de alta eficiência, alimentados por baterias de grande capacidade e que garantem uma vida útil mais longa. 

O carregamento wireless das baterias é feito enquanto o ferry está parado nas docas e também através de painéis solares colocados no topo da embarcação que captam energia solar e estendem a autonomia das baterias. 

Além disso, o design da embarcação foi cuidadosamente pensado para otimizar a aerodinâmica e minimizar o arrasto, maximizando assim, a eficiência energética.

O interior do ferry é modular e, por isso, pode ser configurado para facilitar o transporte de  cadeiras de rodas e bicicletas. Esta flexibilidade permite que, além de passageiros, possa também ser adaptado para o transporte de carga. 

A principal vantagem Hyke Smart City Ferry é a redução drástica das emissões de gases de efeito estufa em comparação com os ferry boats convencionais. Ao utilizar energia elétrica proveniente de fontes renováveis, o ferry boat elimina completamente a queima de combustíveis fósseis, e desta forma contribui para a redução do aquecimento global e melhoria da qualidade do ar e água nas regiões costeiras.

O ferry da Hyke está a ser testado na cidade norueguesa Fredrikstad, onde mais de 1 milhão e meio de passageiros se desloca por ferry por ano. O objetivo da startup é estender a solução a cidades de todo o mundo. 

Nascida em 2019 de um spin-off do Eker Group, a Hyke tem um modelo ferry-as-a-service, que inclui a embarcação e o software de gestão com um preço de 300.000 euros por ano.

O Hyke Smart City Ferry, representa uma solução inovadora e sustentável para o transporte marítimo. A sua tecnologia avançada, combinada com os benefícios ambientais e económicos, indica um futuro promissor para a navegação elétrica. 

Com a contínua evolução e investimento em embarcações elétricas, podemos esperar um setor de transporte marítimo mais limpo e ecologicamente responsável. A Hyke está na vanguarda dessa revolução, mostrando que é possível navegar sem deixar pegadas ambientais negativas.

A Schneider Electric lança o primeiro carregador de veículos elétricos do mundo que lhe permite controlar a sua fatura energética e as emissões de CO2

A Schneider Electric, líder mundial na transformação digital da gestão de energia e automação, apresentou o revolucionário carregador EVlink Home Smart, o primeiro no mundo a gerir de forma inteligente o carregamento de veículos elétricos (VE) em casa e a dar prioridade às fontes de energia renováveis.

Com o novo carregador EVlink Home Smart da Schneider Electric, os proprietários de veículos elétricos têm a capacidade de controlar o consumo de energia em tempo real através de uma única aplicação, a Wiser. Esta aplicação permite gerir o carregamento do veículo elétrico em casa a partir do telemóvel, bem como dar acesso ao histórico de carregamentos, análise dos carregamentos efetuados e informação de custos em euros.

Uma das principais vantagens do EVlink Home Smart é a sua integração com o ecossistema de gestão energética doméstica Wiser, permitindo aos utilizadores comparar os tempos de carregamento e analisar o custo da energia. Além disso, o carregador oferece diferentes modos de carregamento, tais como “carregar agora”, “económico” e “programação personalizada”, o que permite aos utilizadores escolher o momento mais adequado e mais barato para carregar os seus veículos elétricos.

Com um aumento de até 40% na carga de energia doméstica devido aos veículos elétricos, o EVlink Home Smart apresenta-se como uma solução eficiente para reduzir os custos e o impacto ambiental. Graças à sua fácil ligação e integração com o sistema de gestão de energia doméstica Wiser da Schneider Electric, os utilizadores podem controlar o carregamento dos seus veículos elétricos a qualquer momento e equilibrar a carga com outros dispositivos que consomem energia.

Para além da sua funcionalidade avançada, o EVlink Home Smart destaca-se pelo seu design único e robustez, permitindo a instalação tanto no interior como no exterior e suportando várias condições climatéricas.

“Na Schneider Electric, estamos comprometidos com a energia sustentável, por isso quisemos oferecer uma solução completa para veículos elétricos, com o objetivo de maximizar a eficiência energética e reduzir custos. O nosso novo carregador EVlink Home Smart é o primeiro no mercado a integrar-se perfeitamente com o ecossistema energético doméstico, tornando as casas inteligentes e sustentáveis”, afirmou Patrícia Pimenta, VP Home & Distribution Iberia da Schneider Electric.

Com o lançamento do carregador EVlink Home Smart, a Schneider Electric continua a impulsionar a adoção de veículos elétricos e a promover soluções inovadoras para uma transição energética mais sustentável e eficiente.

Do DS E-TENSE FE23 ao novo DS 7 E-TENSE 4X4 360

Desde a abertura do Campeonato do Mundo FIA de Fórmula E aos construtores, a DS Automobiles é a única marca que venceu pelo menos uma corrida em cada temporada. Na América, Ásia, Europa e África – com três gerações de monolugares – a DS Performance conquistou quatro títulos de campeões, 47 pódios e 16 vitórias, num total de 98 corridas.

Os conhecimentos e a experiência adquiridos ao competir com alguns dos mais famosos construtores do mundo, num campeonato particularmente disputado, constituem uma enorme motivação para a DS Automobiles. A competição constitui um verdadeiro laboratório ao ar livre para a DS Performance, contribuindo para a inovação.

A DS Performance produziu uma série de estruturas físicas dos DS E-TENSE FE23 conduzidos por Jean-Éric Vergne e por Stoffel Vandoorne – tais como a unidade motriz traseira, incluindo o sistema de recuperação de energia e a transmissão, o sistema de arrefecimento, o sistema elétrico e a suspensão traseira – bem como o software e os algoritmos que optimizam a gestão da energia. Tudo o que a DS Performance aprende na Fórmula E representa um conhecimento útil para as equipas que fabricam os modelos de estrada E-TENSE da DS Automobiles.

O novo DS 7 E-TENSE 4×4 360 utiliza um sistema de recuperação de energia herdado da Fórmula E. É ainda mais eficaz do que o sistema dos modelos anteriores e otimiza a gestão através da análise da pressão exercida sobre o pedal do travão, oferecendo uma qualidade de travagem sem precedentes.

Pioneiros da transição energética, homens e mulheres da DS Automobiles acompanharam o desenvolvimento da eletrificação graças às evoluções regulares de software e hardware. Com os quatro títulos já conquistados na Fórmula E, a DS Automobiles aponta já a um futuro sem emissões de CO2 nas estradas. A partir de 2024, todos os automóveis novos da DS Automobiles serão 100% elétricos.

Béatrice Foucher, CEO da DS Automobiles:

“A partir da altura em que o campeonato de Fórmula E foi aberto aos construtores, tomámos a decisão de entrar nesta inovadora competição com o objetivo de acelerar o desenvolvimento da nossa gama eletrificada e incrementar a reputação da DS Automobiles. A experiência que acumulámos desde 2015, sublinhada pelos nossos quatro títulos e pelas numerosas vitórias obtidas em todos os continentes visitados pelo campeonato, beneficia diretamente os nossos clientes graças à implementação continua de transferência de tecnologias. Porque são os nossos clientes os verdadeiros vencedores dos nossos sucessos no campeonato 100% elétrico mais importante do mundo”.

Eugenio Franzetti, Diretor da DS Performance:

“O desporto motorizado sempre foi uma extraordinária ferramenta de investigação e de desenvolvimento. Isto é ainda mais verdadeiro no presente, uma vez que nos encontramos no centro de uma revolução elétrica na indústria automóvel. A Fórmula E representa um laboratório muito útil para acelerar e aperfeiçoar a eletrificação. Graças ao desporto motorizado, a DS Performance desenvolveu um ultra potente software de recuperação de energia, bem como componentes físicos, como o motor e o inversor, que se tornaram mais pequenos e mais eficientes com o passar do tempo. Toda esta experiência já foi incorporada na nossa atual gama eletrificada e estará presente nos próximos modelos 100% elétricos da marca”.

Palmarés da DS Automobiles desde a sua entrada na Fórmula E:

  • 98 corridas
  • 4 títulos de Campeões
  • 16 vitórias
  • 47 pódios
  • 22 pole-positions

Stellantis investe em tecnologia inovadora de baterias de Lítio-Enxofre da Lyten para veículos elétricos

Stellantis N.V. e Lyten, Inc. anunciaram no passado dia 25 de maio que a Stellantis Ventures, fundo corporativo de capital de risco da Stellantis, investiu na Lyten para acelerar a comercialização das aplicações Lyten 3D Graphene™ para a indústria da mobilidade, incluindo a bateria LytCell™ Lithium-Sulfur EV, compósitos leves e novos sensores integrados a bordo. Pioneira na área do grafeno tridimensional (3D), a Lyten irá aproveitar a capacidade única de moldabilidade do material para melhorar o rendimento dos veículos e a experiência dos clientes, enquanto descarboniza o sector dos transportes.

A plataforma de materiais sintonizáveis da Lyten demonstrou reduções significativas nas emissões de gases com efeito de estufa e fará avançar a transição para a mobilidade sustentável.

Ao contrário das baterias tradicionais de iões de lítio, as baterias de Lítio-Enxofre da Lyten não utilizam níquel, cobalto ou manganês, resultando numa pegada de carbono que se estima ser inferior em 60% à das melhores baterias do presente, tendo como fito alcançar uma bateria EV com as emissões mais baixas no mercado mundial. As matérias-primas para as baterias de Lítio-Enxofre podem obter-se e serem produzidas localmente, na América do Norte e na Europa, reforçando a soberania do abastecimento regional. Esta tecnologia irá satisfazer as necessidades das indústrias que procuram baterias leves e densas em termos energéticos, que estejam livres de perturbações na cadeia de abastecimento.

A Stellantis lançou a Stellantis Ventures em 2022 como um fundo de capital de risco empenhado em investir em start-ups, em fase inicial ou avançada de lançamento, que desenvolvam tecnologias inovadoras e sustentáveis nos setores automóvel e da mobilidade. Suportada por um financiamento inicial de 300 milhões de euros, a Stellantis Ventures é uma componente fundamental do plano estratégico “Dare Forward 2030” da empresa, no qual se estabelecem objetivos fundamentais para a Stellantis, incluindo cortes profundos em termos de emissões para uma redução em metade dos volumes de CO2 até 2030, tendo como base as métricas de 2021, e o objetivo de neutralidade carbónica a alcançar até 2038, com uma compensação percentual de um dígito das restantes emissões.

“Estamos muito satisfeitos por a Stellantis Ventures, como braço de investimento de risco de um inovador do setor automóvel a nível global, ter demonstrado uma forte confiança na nossa empresa e nos nossos super materiais descarbonizantes Lyten 3D Graphene™”, afirmou Dan Cook, Presidente e CEO da Lyten. “Entre as inovações de produtos para o setor automóvel que estão a ser trabalhadas pelo Lyten 3D Graphene™ estão as baterias de Lítio-Enxofre, que têm um potencial de fornecer mais do dobro da densidade energética dos íões de lítio, materiais compósitos para veículos ligeiros que melhoram a sua carga útil e novos modos de deteção que não obrigam à utilização de chips, de baterias ou ligações elétricas. Estamos empenhados em fazer avançar cada uma destas aplicações para a Stellantis e para o mercado automóvel”.

“Ao contrário das formas bidimensionais do grafeno, a produção de nosso Lyten 3D Graphene ™ ajustável foi verificada de uma forma independente como sendo neutra em carbono em matéria em escala. Estamos a converter gases com efeito estufa numa nova classe de materiais de carbono de elevado desempenho e valorização e estamos a incorporar esses materiais adaptados em aplicações que irão descarbonizar os setores de maior dificuldade nesse capítulo do planeta”, acrescentou Cook.

“Tendo visitado recentemente a Lyten, juntamente com o nosso CTO, Ned Curic, e o nosso Diretor da Stellantis Ventures, Adam Bazih, ficámos impressionados com o potencial desta tecnologia para ajudar a impulsionar uma mobilidade limpa, segura e acessível”, afirmou Carlos Tavares, CEO da Stellantis. “A plataforma de materiais da Lyten representa um investimento fundamental para a Stellantis Ventures, em linha com os nossos objetivos ‘Dare Forward 2030’ de acelerar a implementação de tecnologias inovadoras e centradas nos clientes. Em específico, a bateria de Lítio-Enxofre da Lyten tem o potencial de se tornar num ingrediente-chave para permitir a adoção massiva de Veículos Elétricos em todo o mundo, e sua tecnologia em termos de materiais encontra-se, igualmente, bem posicionada para ajudar a reduzir o peso dos veículos, algo necessário para que a nossa indústria atinja as metas de neutralidade carbónica.”

Com a escassez crítica dos materiais tradicionais usados no fabrico de baterias de iões de lítio para veículos elétricos, as baterias de Lítio-Enxofre da Lyten permitirão oferecer uma solução alternativa de cátodo sem utilização de níquel-manganês-cobalto, apoiando a transição global para veículos elétricos a uma escala de mercado massiva. O objetivo da Lyten é garantir aos seus clientes um fornecimento seguro de produtos baseados no desempenho e ambientalmente sustentáveis, permitindo, ao mesmo tempo, aos fabricantes de automóveis tirar partido dos crescentes incentivos políticos aplicados nos EUA e na Europa, tais como os referidos no documento “Inflation Reduction Act”.

As baterias de Lítio-Enxofre, compósitos e tecnologias de sensores da Lyten estão inicialmente a ser produzidos em Silicon Valley, no seu campus de 13.500 metros quadrados. Para além de produzir baterias para veículos elétricos, a Lyten está a trabalhar com clientes com quem já operava para começar a fornecer, já em 2023, baterias de Lítio-Enxofre e compósitos com infusão 3D Graphene para mercados especializados. A Lyten está a colaborar com os seus investidores estratégicos de diferentes indústrias para aplicar os 3D Graphene da Lyten para descarbonizar outros setores intensivos em carbono, para lá dos transportes, planeando fazer outros anúncios no final deste ano.

Bentley apresenta Sustainability Council

A Bentley lançou duas iniciativas-chave na sua missão de se tornar líder global em mobilidade de luxo sustentável. Primeiro, fundou o Bentley Sustainability Council, uma equipa de especialistas a nível global criada para desafiar e ajudar a empresa na busca da excelência em sustentabilidade, como parte da sua estratégia Beyond100. Este anúncio surge com o primeiro Sustainability Report.

O Sustainability Council é composto por três especialistas com elevado domínio sobre o tema que vão ajudar a acelerar a jornada sustentável da Bentle.

Dr. Sally Uren, OBE, Diretora Executiva, Forum for the Future, Dr. Andrew Dent, EVP de Investigação de Materiais, Material ConneXion e Dr. Nicholas Garrett, Cofundador e Diretor, RCS Global Group, vão trazer opiniões externas à empresa e trazer novas ideias que desafiam e incentivam a estratégia Beyond100, com o objetivo de alcançar a neutralidade carbónica total até 2030.

O Sustainability Council, que atuará de forma direta e em permanência com a Administração da Bentley e o Comité de Sustentabilidade, vai desempenhar um papel fundamental na orientação de uma das maiores transformações a que a indústria automóvel alguma vez assistiu.  

Este comunicado surge com o primeiro Sustainability Report da Bentley. No relatório, a Bentley introduz, de forma clara e transparente, o caminho a percorrer para a sustentabilidade. A empresa deu este passo importante para melhor integrar e compreender as perspetivas dos intervenientes, partilhar o progresso em relação à estratégia Beyond100 e discutir abertamente os desafios e oportunidades que se avizinham.

A decisão de publicar o relatório reflete as mudanças que a Bentley empreendeu como resposta à crise climática, enquanto a empresa se esforça por se tornar líder global na mobilidade de luxo sustentável. O relatório, que está disponível online para leitura, destaca as muitas iniciativas de sustentabilidade implementadas em toda a cadeia de valor, nomeadamente no histórico campus de Crewe e na mais recente gama de automóveis de luxo da Bentley.

Em 2022, a Bentley anunciou um programa de investimento de sustentabilidade de 2,5 mil milhões de libras, a dez anos, em produtos futuros e na fábrica de Pyms Lane em Crewe, onde todos os modelos Bentley são fabricados à mão e onde será construída a próxima geração de automóveis 100% elétricos.

O primeiro Sustainability Report surge na sequência de um ano recorde de vendas em 2022, com a marca a vender 15.174 extraordinários automóveis. Este total representou um crescimento de quatro por cento em relação ao ano anterior, impulsionado pelo lançamento de novos modelos, pelo aumento da procura de personalização Mulliner e pelos novos híbridos da Bentley. Os resultados financeiros recorde registaram um aumento dos lucros operacionais de quase mil milhões de euros em cinco anos, para 708 milhões de euros.

Ao lançar o Sustainability Council e o primeiro Sustainability Report, Adrian Hallmark, Presidente e Diretor Executivo da Bentley Motors, afirmou:   

“Os nossos princípios fundamentais de construção das melhores grands tourers disponíveis mantêm-se, mas o Beyond100 alarga estes princípios, conduzindo a mudanças fundamentais, como a transição dos grupos motopropulsores tradicionais para a mobilidade elétrica e a forma como a empresa pretende tornar-se totalmente neutra em emissões de carbono até ao ano 2030.”

“Na Bentley, queremos mostrar o nosso empenho e operar com transparência no esforço para um futuro mais sustentável. O relatório será uma edição anual, que vai destacar o progresso à medida que avançamos para os nossos objetivos Beyond100. O novo Sustainability Council vai desafiar o nosso progresso e ajudar na missão de nos tornarmos o líder global em mobilidade de luxo sustentável.”

Comunidades de energia e autoconsumo colectivo. Que impacto na mobilidade elétrica?

Comentário de António Gonçalves Pereira

Captar, partilhar, descentralizar, democratizar. Estas são as primeiras palavras que me ocorrem, e que utilizo na minha actividade diária de sensibilização, quando penso nestas soluções comunitárias de geração e fornecimento de energia. Mas será que terão um impacto positivo considerável também na mobilidade elétrica?

O ‘trilema’ energético

A transição de energias poluentes e finitas para as limpas e renováveis é um dos temas mais na ordem do dia há já alguns anos. Infelizmente, foi necessário a Terra começar a demonstrar-nos, de forma cada vez mais eloquente, que estávamos a comprometer a nossa sobrevivência enquanto espécie para que se começasse a criar um movimento de evolução de mentalidades e de procedimentos. E se, inicialmente, eram vozes dispersas e com pouca visibilidade a alertar-nos, nos últimos tempos parece finalmente ter-se entrado numa fase em que esta necessidade de evolução é inquestionável. E com isto não quero dizer que não exista ainda quem a continue a negar mas sim que essas vozes conservadoras e anacrónicas já estão completamente esvaziadas de argumentos. E, se inicialmente vinham também de detentores de posições de poder e de decisão, hoje em dia já estão praticamente restritas a ‘Velhos do Restelo’ e eternos viciados em teorias da conspiração ou em crendices às quais já nem de religiosas se pode apelidar.

Assim sendo, tem-se vindo a incentivar, ou até mesmo já a exigir, que a energia de que necessitamos para todos os aspectos da nossa vida deixe de vir de combustíveis de origem fóssil e que se passem a aproveitar as várias fontes de energia sustentável que desde sempre nos rodeiam, como o sol, o vento ou as correntes hídricas.

Uma das ferramentas para incentivar que esta transição seja efectuada de forma rápida mas justa é o índice de ‘Trilema Energético Mundial’, criado em 2010. Trata-se de uma medição anual dos desempenhos dos sistemas nacionais de energia em cada uma de três dimensões e do equilíbrio entre estas. São elas: 

  • Segurança Energética – mede-se a capacidade de uma nação em atender à demanda de energia actual e futura de forma confiável, de resistir e se recuperar rapidamente de choques no sistema com interrupção mínima do fornecimento. Esta dimensão abrange a eficácia da gestão de fontes de energia domésticas e externas, bem como a confiabilidade e resiliência da infraestrutura energética;
  • Equidade Energética – avalia a capacidade de um país de fornecer acesso universal a energia confiável, acessível e abundante para uso doméstico, comercial e industrial. Esta dimensão analisa o acesso básico à eletricidade e a tecnologias e combustíveis limpo, com níveis de consumo de energia que permitam o conforto e a prosperidade;
  • Sustentabilidade Ambiental dos Sistemas de Energia – representa a transição do sistema de energia de um país para mitigar e evitar possíveis danos ambientais e impactos das mudanças climáticas. Esta dimensão foca-se na produtividade e eficiência da geração, transmissão e distribuição, descarbonização e qualidade do ar;

Como se vê, sendo as 3 vertentes necessárias em conjunto, e não a opção entre eles, deveríamos estar a falar de ‘trifactor’ e não de ‘trilemma’. Mantenhamos isso em mente.

Alternativas à rede

Em Portugal os dados actuais apontam para várias centenas de milhares de cidadãos em situação de pobreza energética, aos quais se juntam mais de um milhão em situação de precariedade no que toca a esta necessidade básica. Simultaneamente, continuamos a assistir ao anúncio frequente da construção de megaprojectos energéticos, tanto eólicos como fotovoltaicos. Não híbridos mas de uma ou outra tecnologia, o que, ao que tudo parece indicar, será menos eficaz. Infraestruturas de grandes dimensões e enormes impactos ambientais, mesmo sendo as fontes sustentáveis, desenhadas para alimentar a rede. Ou seja, energia para ser transportada em alta tensão à outra ponta do país, com os inerentes riscos e desperdícios, e não para consumo de proximidade. 

Entretanto, foi aprovada legislação para que existam reais alternativas à rede, como as Comunidades de Energia, o Autoconsumo Colectivo, a Cogeração. Uma vez que não é previsível que haja a breve trecho uma aposta ao nível municipal ou regional em unidades de captação para consumo de proximidade, com todas as vantagens que daí adviriam nas 3 dimensões do ‘trilema’, estas são as soluções que nos podem dar alguma esperança de que poderemos caminhar para uma energia mais segura, democrática e sustentável.

Acresce ainda que, segundo a Agência Internacional de Energia, mais de metade da necessária redução das emissões de gases de efeito estufa até 2050 está dependente, directa ou indirectamente, de escolhas e atitudes individuais. Isto torna ainda mais relevante a necessidade de acções e projectos de escala local. De vila, de bairro, de quarteirão, de condomínio, de comunidade próxima. Ainda assim, a Comissão Europeia estima, talvez algo optimistamente, que nessa data cerca de metade dos seus cidadãos já estarão a produzir a sua própria energia renovável.

Portugal transpôs a lei europeia de uma forma algo diluída conceptualmente, permitindo que os grandes agentes de mercado possam manter as suas práticas predatórias. Ainda assim, e a acrescentar a soluções cooperativas já existentes, começamos a ver nascer estas comunidades, muitas delas também com uma forte vertente solidária. E vai havendo também um muito considerável crescendo de consultas, de pedidos de informação e de sessões de esclarecimento e sensibilização, um pouco por todo o país, o que deverá resultar naturalmente num aumento exponencial de adopção destas soluções. 

Impacto na mobilidade elétrica

Para não correr o risco de que o que aqui escrevo estivesse demasiado influenciado pela minha postura sensibilizadora, alimentadora de esperanças e positivismo, decidi colocar a questão a um painel de especialistas e agentes de mercado, tanto da área da energia como da mobilidade. Com algumas variações de perspectiva e na rapidez dos resultados, esta consulta permitiu-me concluir que a minha percepção inicial deverá estar correcta.

Curiosamente, constata-se que, já antes do aparecimento legal destas soluções colectivas, em muitos casos foi a mobilidade elétrica que teve impacto na adopção de autoconsumo e não o inverso. Ou seja, muitos que compraram um carro elétrico e tinham essa possibilidade, instalaram painéis fotovoltaicos por isso mesmo, passando assim a circular quase, senão mesmo, a custo zero.

É verdade que, na maioria dos casos, a vertente financeira continua a ser a primeira das razões para se avançar para soluções sustentáveis. Felizmente que, até por economia de escala, estas estão cada vez mais competitivas mesmo no curto prazo. E assim, gerou-se uma bola de neve conjunta entre a mobilidade elétrica e a energia sustentável, uma impulsionando a outra, não havendo sempre uma relação causa-efeito linear.

Da consulta resultou consensual que as comunidades de energia sustentável e as de autoconsumo colectivo terão um impacto positivo na mobilidade elétrica, variando as opiniões somente na importância desse impacto e, sobretudo, na rapidez com que possa acontecer. Deverá manter-se a relação já existente entre ambas o que implicará, com o crescimento de uma, o mesmo acontecerá à outra. Por exemplo, num condomínio, tanto pode acontecer avançar-se para uma destas opções colectivas por já haver vários condóminos a ter ou querer ter um veículo elétrico, como o contrário. Ou seja, a solução energética comunitária surgir por questões financeiras e/ou ambientais e isso resultar depois em aquisições de viaturas elétricas.

Também nos muitos casos em que a razão, ou desculpa, para não avançar para a compra de um carro elétrico é a impossibilidade de carregar em casa, estas soluções colectivas poderão ter um papel crucial, sobretudo se no projecto se incluir também estações de carregamento comunitárias.

Estas soluções são, portanto, uma nítida facilitação e democratização do acesso à energia. Parece-me que o seu impacto no crescimento da mobilidade elétrica será muito considerável, sobretudo quando for acompanhado por uma democratização também do lado desta. Ou seja, quando crescer a oferta de gama média-baixa e, sobretudo, quando houver uma aposta na conversão de veículos a combustão para elétricos.

E se não nos focarmos somente nos automóveis mas alargarmos a análise a motociclos, bicicletas ou trotinetas, o impacto na aceleração da evolução para opções elétricas poderá ser ainda muito mais considerável. Assim não permitamos que os grandes operadores, ou um em particular, consigam atrasar este processo de captação partilhada, descentralização e democratização da energia.

António Gonçalves Pereira é Presidente da Ecomood Portugal e Embaixador do Pacto Europeu para o Clima.

O autor não escreve de acordo com as normas do Acordo Ortográfico de 1990.

Chevrolet Corvette EV: o ícone americano 100% elétrico

A General Motors teve um início de século difícil. A crise financeira de 2008 foi o golpe de misericórdia que deitou por terra o gigante norte-americano, à data enfraquecido por uma década de quebras de vendas em que se mostrou incapaz de competir com os modelos mais eficientes dos concorrentes japoneses e europeus.

No verão de 2009, a outrora poderosa General Motors Corporation viu-se forçada a declarar falência e iniciar um longo e profundo processo de reestruturação, que a viu perder cerca de 1/4 dos seus trabalhadores, encerrar mais de uma dezena de fábricas e reduzir drasticamente o seu portfólio de marcas.

Nos últimos anos, a General Motors (GM) começou a recuperar e a estabelecer-se com um dos fabricantes de automóveis mais progressivos. Apostada em não repetir os erros do passado, o grupo tem vindo a dedicar recursos consideráveis a desenvolver alternativas ao motor de combustão interna e novas formas de mobilidade, tendo investido em áreas como baterias para veículos elétricos e híbridos, pilhas de combustível, condução autónoma ou serviços de ride-sharing.

No início do ano passado, o gigante norte-americano tornou-se o primeiro dos grandes fabricantes dos Estados Unidos a comprometer-se com uma data para abandonar a tecnologia ‘fóssil’ do motor de combustão interna. Em 2035, todos os automóveis de passageiros produzidos pelas diferentes marcas da General Motors serão elétricos, um passo crucial para o objetivo de atingir a neutralidade carbónica em 2040.

Claro, que até lá, será o motor de combustão a continuar a pagar as contas. Mas os vários modelos do grupo incluirão, gradualmente, versões híbridas e versões elétricas a bateria, e um dos modelos mais icónicos do vasto portfólio da GM, o Chevrolet Corvette, não é exceção.

Lançado em 1953, o mítico coupé de duas portas da Chevrolet está atualmente na sua oitava geração (C8). Introduzidos em 2020, os novos Corvette surpreenderam por apresentarem, pela primeira vez, o motor na traseira – talvez já a antecipar a estreia de novos grupos propulsores. E a GM foi mesmo mais longe; há poucos meses, chegou a confirmação oficial: o Corvette vai ter uma versão elétrica a bateria muito mais cedo do que o antecipado, já em 2024.

A GM ainda não revelou detalhes sobre o Chevrolet Corvette EV, mas o automóvel deverá usar a nova plataforma elétrica Ultum da GM, com múltiplos motores elétricos para tração integral e, claro, garantir um desempenho digno da sua herança – o C8 a gasolina menos potente tem 490 cavalos (365 kW), portanto é de esperar que a versão elétrica seja, pelo menos, equiparável. O facto de a GM ter garantido os direitos de utilização da designação ‘E-Ray’ não deixa muitas dúvidas quanto ao nome com que deverá ser lançado o primeiro Corvette 100% elétrico.

Os planos da GM para electrificar o mítico Corvette não se ficam por aqui. Com efeito, a versão elétrica prevista para 2024 deverá intercalar duas versões híbridas plug-in, previstas para 2023 e 2025, respetivamente. O primeiro destes híbridos deverá ser lançado no próximo ano com a denominação singela de C8 Hybrid. Espera-se que combine o motor V8 de 5,5 litros do Corvette Z06 com três motores elétricos – um em cada roda dianteira e o terceiro acoplado à transmissão de oito velocidades – para uma potência combinada na ordem de 578 kW (775 cv). Em 2025 chegará o mais poderoso Corvette da gama – o Zora –, que juntará dois turbocompressores a esta configuração híbrida, para um impressionante total de 775 kW, ou 1.000 cavalos.