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Entrevistas

Entrevista: Cecília Anacoreta Correia, Porta-Voz do CDS-PP

Entrevista: Cecília Anacoreta Correia, Porta-Voz do CDS-PP

Nesta mais recente entrevista, o Green Future AutoMagazine foi conhecer a opinião e visão de Cecília Anacoreta Correia, Porta-Voz do CDS-PP e saber a estratégia do partido para as questões ambientais.

Enquanto porta-voz do CDS-PP, considera que tem um papel acrescido na hora de sensibilizar o Outro para as questões ambientais e matéria de sustentabilidade, enquanto uma das soluções para o futuro do planeta? Como é que tem usado a sua voz neste sentido?

Como porta-voz tenho um papel de representação do CDS-PP junto da comunicação social, para com isso procurar transmitir adequadamente os nossos valores e as nossas posições aos portugueses.

Entre os valores que o CDS-PP representa está, sem equívocos, a defesa dos valores ambientais. Da própria matriz humanista do CDS-PP decorre o empenho em torno da conservação da Natureza e a defesa de um paradigma de sustentabilidade da vida do Homem em harmonia com os ecossistemas e com a sua própria natureza. É preciso cuidar bem da nossa “casa comum” na perspetiva de que ela será a casa dos nossos filhos, netos e bisnetos. Tal como é preciso cuidar de nós mesmos, como partes integrantes de um todo.

A utilização de recursos naturais tem sido um desafio, na medida em que Portugal já esgotou os seus disponíveis para este ano. Para o CDS-PP, como é que Portugal pode gerir de forma mais sustentável e eficiente os seus recursos naturais?

A supremacia dos interesses individuais de cada um – numa lógica puramente liberal da sociedade – pode conduzir à “tragédia dos bens comuns”. A defesa dos interesses das comunidades implica condicionalismos à exploração e consumo dos recursos. Neste âmbito, o CDS-PP tem sido uma voz muito forte contra a exploração desenfreada do Lítio, que outros querem fazer no alto Minho contra a voz das populações locais, por exemplo.

Além disso, é preciso caminhar para uma sociedade que, mantendo o nível de conforto (e não voltando a viver sem transporte aéreo, como há dias vi sugerido, ou sem casas aquecidas), seja capaz de consumir menos e consumir de forma mais sustentável. Isso é possível com ganhos de eficiência e através de recursos renováveis. Um exemplo disso é a busca de eficiência energética e a produção de energia renovável. A defesa dos nossos recursos naturais é possível também através de uma política de transportes verde. Ou pela via da substituição do uso do plástico por fibra ou outros produtos naturais.

No dia Mundial do ambiente, que se comemorou no passado 5 de Junho, alertámos para o facto de os nossos pescadores e agricultores serem “os mais antigos cuidadores do ambiente”. Num país ainda muito estruturado em minifúndios, a agricultura e o mundo rural português são um trunfo que nos destaca ambientalmente a nível europeu. Para defesa dos nossos recursos naturais, o CDS defende também a promoção de políticas públicas que potenciem as valências de quem vive em contacto com a Natureza e tem um conhecimento secular acumulado. Os Agricultores devem ser incentivados a usar a floresta de forma sustentável, de modo a diminuir a probabilidade dos incêndios. Os Pastores e os Caçadores devem ter um papel ativo na preservação e cuidado das espécies autóctones. No CDS confiamos nas estruturas locais e entendemos que todos devem agir em rede, como parceiros, articulados pelos poderes públicos, que nunca deve ter a pretensão de os substituir, muito menos de os combater, como sucede quando se impõem exigências incumpríveis e se é muito lesto na aplicação de multas. 

Para o CDS-PP em que é que a estratégia de descarbonização nacional se deve centrar, no sentido de conseguirmos atingir a neutralidade carbónica nos prazos estabelecidos, ou ainda antes de 2050?

O objetivo em torno de atingir a neutralidade carbónica, previsto no Acordo de Paris, ou ainda antes disso, como aponta o Green Deal, é amplamente consensual. A questão está, sobretudo, em como alcançá-lo. Ou melhor, a que custo. Nesse âmbito, o Estado tem de ser capaz de canalizar os fundos públicos para projetos que, envolvendo os privados, protejam o interesse público. Não se pode cometer os erros do passado, esbanjando recursos públicos. Se analisarmos o Plano de Recuperação e Resiliência, constatamos que Portugal pretende ainda assim destinar mais de 700 milhões de euros para a construção de estradas.

Ora, as emissões de carbono para a atmosfera provenientes do sector dos transportes aumentam em Portugal desde o início do século e o transporte rodoviário representa mais de 95% destas emissões. Somos muito dependentes da viatura automóvel e isso é fruto de décadas de desinvestimos no transporte ferroviário. 

Apesar de os cidadãos já terem despertado para a necessidade de proteger o ambiente, ainda há muito a fazer para que a sociedade na sua totalidade esteja envolvida neste compromisso. Por exemplo, que medidas de sensibilização e educação o CDS-PP considera que devam ser aplicadas para que a reciclagem seja uma iniciativa tida por todos?

O envolvimento da Sociedade exige políticas públicas indutoras de boas práticas ao nível da reciclagem, da melhoria da gestão dos resíduos e da redução da deposição de aterros. A sensibilização e educação começa nas famílias e nas escolas dos nossos filhos. Mas passa também pela responsabilidade social das empresas, públicas e privadas. Porém, tudo isso não basta. É preciso que sejamos mais exigentes com a atividade de resíduos e que se ofereçam incentivos económicos para a qualificação das PME em torno do eco-design dos processos, dos produtos e, sobretudo das embalagens.

Como referido, é urgente apostar na substituição do uso do plástico por fibra ou outros produtos naturais.

Como é que o CDS-PP vê a transição dos portugueses para a mobilidade elétrica e suave? Considera que os incentivos são indispensáveis na ponderação? Se sim até quando? E até mesmo a nível de valores, considera que estão adequados à mudança que se pretende fazer?

Sabemos hoje que a mobilidade elétrica, em boa medida, vai impor-se. Tenho muitas dúvidas que se devam perpetuar incentivos fiscais à compra de carros elétricos, quando isso é hoje uma opção racional para os compradores e quando a atividade produtiva subjacente nem sequer tem grande expressão em Portugal. Acresce que Portugal é dos países da Europa que mais depende do automóvel individual e dos que menos utiliza os transportes coletivos e as bicicletas como modo de transporte. Por isso, mais do que incentivar a aquisição de viaturas individuais, o esforço público deverá estar concentrado nos transportes públicos e na criação de infraestruturas para que a utilização de bicicletas seja cómoda e eficiente nas cidades.

A aposta em sistemas de mobilidade partilhada, designadamente de bicicletas, e a sua integração nos passes das áreas metropolitanas deverá também ser uma prioridade. A mudança de viatura de combustão para viaturas elétricas nunca será suficiente para se atingir as metas europeias. As políticas públicas terão de assegurar as condições para que seja possível reduzir o número de automóveis particulares que circulam e tal só será possível com uma revolução nos transportes públicos. O que passa por uma aposta estrutural na ferrovia e pela criação de infraestruturas que permitam a compatibilizar o uso de bicicletas com a utilização de transportes públicos.

Os portugueses são dos europeus que mais usam os carros para deslocações. O que é que tem de ser feito para que Portugal integre a lista de países que mais utilizam os transportes coletivos ou meios de transporte suave como as bicicletas e trotinetes?

Num país que desinvestiu na ferrovia, que tem redes de Metro bastante exíguas e cuja qualidade dos transportes públicos rodoviários deixa muito a desejar, não se pode esperar resultados muito diferentes. Não nego que existam alguns elementos culturais que pesem, mas sabemos que os nossos jovens, sobretudo nas cidades dotadas de pistas adequadas, aderiram em força aos meios de transporte suave, como as bicicletas e as trotinetas. E para além da integração do uso das bicicletas nos passes das áreas metropolitanas, para que estas possam ter espaço nos comboios e demais transportes públicos, é preciso investir na ferrovia e no Metro, sempre que este se justifique.

Por exemplo, em Lisboa, o CDS-PP defendeu, há muito, o alargamento do Metro de Lisboa muito para lá dos limites do concelho, com 20 novas estações. Infelizmente a opção tem sido outra.

Entrando agora num dos temas que tem sido discutido ultimamente, qual é a posição do CDS-PP relativamente à utilização de hidrogénio enquanto fonte de energia alternativa? 

O hidrogénio tem um papel a desempenhar na descarbonização na medida em que não é pensável uma eletrificação total da economia e aquele permite aproveitar os investimentos já realizados com os gasodutos existentes. Agora, dito isso, não se pode esbanjar recursos públicos alimentando tecnologias que ainda não estão maduras. Cujos custos e resultados reais são ainda, em grande medida, uma enorme incógnita. Não queremos que se repitam os erros que outros governos socialistas cometeram nas eólicas, por exemplo.

Somos um país pobre, que precisa de racionalidade económica para travar os devaneios socialistas de outros tempos, cuja fatura pesa todos os dias no bolso dos contribuintes e consumidores energéticos.

A crise climática é um tema que não deixa ninguém indiferente e está na ordem do dia pelas piores razões, isto é, o tempo está a esgotar-se nesta luta e não há planeta B. Quais são as estratégias de combate à crise climática do CDS-PP?

Queremos que se cuide bem da nossa “casa comum”. Tal implica a defesa dos nossos recursos naturais, o que envolve agricultores, pescadores, pastores, caçadores, indústrias e toda a sociedade em geral. Tal implica também a descarbonização da sociedade (mitigar e, sempre que possível, eliminar a produção de CO2), o que envolve os transportes, a indústria, a produção energética, os edifícios e também o uso da terra (a agricultura). Há muito por fazer e o segredo está na otimização dos recursos públicos e no adequado balanceamento dos valores em presença: a transição tem de ser justa, protegendo a requalificação dos profissionais, o emprego e a sustentabilidade das famílias.

Nesse aspeto os termos do próximo quadro da PAC que terá de ser aprovado no início de 2022 para entrar em vigor em 2023 será crucial. A manutenção de condições que permitam a valorização de ecossistemas mediterrâneos, como sejam o montado de sobro, são essenciais para o combate às alterações climáticas e a desertificação que foram já apontados como vetores essenciais da reforma da PAC.

O CDS tem uma grande tradição na defesa do mundo rural e está atento neste campo, sendo essencial que o Governo saiba defender formas de ocupação dos solos que sejam barreira a uma agricultura intensiva, porque esta assegura mais rendimentos a curto prazo mas prejudica a sustentabilidade quando analisada a longo prazo.

O consumo excessivo e desnecessário, quer seja de bens, de energia ou água, tem um impacto muito negativo no nosso planeta, pelo que a redução de consumo é um trabalho muito importante que deve ser feito por cada um de nós. O que é que o CDS propõe para que Portugal se distinga pela política de redução?

A palavra chave é eficiência, para não cairmos na “tragédia dos bens comuns”. Como disse, sem baixar o nível de conforto, temos de saber gastar melhor. O CDS-PP defende um compromisso mais efetivo com uma estratégia de promoção de uma economia circular assente na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia.

Como perspetiva o futuro de Portugal na conquista de um amanhã mais verde e sustentável?

Portugal, não sendo particularmente dotado de recursos naturais, tem no seu património ambiental um trunfo. As nossas praias virgens, a floresta, os parques e montanhas que podemos percorrer pelo país, do litoral ao interior e nas ilhas, assim como o mar, são ativos que o país tem de saber proteger. Adotando uma economia circular, esta geração pode deixar aos seus filhos um país preservado cuja atividade económica seja amiga do ambiente. Viver em sustentabilidade e também, com isso, atrair quem nos queira visitar faz parte da visão do CDS-PP para o futuro. O Turismo do ambiente é um produto forte que tem enorme potencial económico, do Continente às Ilhas dos açores e da Madeira.

Entrevista: Rui Vieira, Diretor da Mobilidade Elétrica da Galp

Entrevista: Rui Vieira, Diretor de Mobilidade Elétrica da Galp

A equipa do Green Future AutoMagazine esteve presente na 3ª edição do Ecar Show – Salão do Automóvel Híbrido e Elétrico e conversou com Rui Vieira, diretor da Mobilidade Elétrica da Galp, que nos explicou o trabalho que a empresa energética tem desenvolvido no setor e as suas perspetivas futuras.

Entrevista: Erika Myers, uma das mulheres mais influentes no setor dos VE em 2021

Entrevista: Erika Myers, uma das mulheres mais influentes no setor dos EV em 2021

O Green Future AutoMagazine entrevistou Erika Myers, uma das mulheres mais influentes no setor dos veículos elétricos em 2021. Atualmente é Global Senior Manager no World Resources Institute Ross (WRI) para cidades sustentáveis.

A nossa convidada identifica oportunidades para eletrificar o transporte, incluindo a implementação de infraestrutura e métodos de integração para transporte público e outras frotas municipais, em várias cidades mundiais.  

Quais são os principais objetivos e responsabilidades do Ross Center for Sustainable Cities, no âmbito do World Research Institute?

O Centro WRI Ross para Cidades Sustentáveis ​​abriga muitas equipas, incluindo a nossa equipa de mobilidade elétrica. Em conjunto, trabalhamos para reduzir os desafios do desenvolvimento sustentável nas maiores cidades do mundo. Atualmente, o transporte é responsável por 24% das emissões de CO2 a nível global, com o transporte rodoviário como responsável por quase 75% do total das emissões de em 2018. O nosso objetivo é reduzir essas emissões, ajudando os habitantes da cidade a evitar viagens desnecessárias, mudando os meios de transporte para modos de emissão mais baixos e melhorando a produção geral de emissões. Os planos para reduzir essas emissões dependem cada vez mais da eletrificação do transporte em grande escala e trabalhamos com as cidades para desenvolver os planos de transição para VE necessários, de forma a facilitar tal mudança.

Trabalhar nas últimas duas décadas nos setores da energia limpa, combustíveis alternativos e energia distribuída, permite-lhe ter uma visão e uma opinião profundas sobre a mobilidade sustentável. Qual é a realidade de hoje e quais as expectativas para um futuro próximo?

A mobilidade sustentável é mais do que apenas substituir um motor de combustão interna por um motor elétrico. Se quisermos levar a sério as reduções de emissão de carbono, precisamos de incentivar todos os modos de transporte, melhorar a segurança para pedestres e ciclistas, financiar totalmente e melhorar o transporte coletivo e fazer a transição para combustíveis alternativos, como a eletricidade, tão simples e barata quanto possível. Temos uma oportunidade única de redesenhar todo o nosso sistema de transporte com as forças disruptivas da eletrificação e das mudanças no setor de energia. Vejo isso como uma oportunidade de injetar liderança de pensamento real em políticas e regulamentos que terão um impacto real e duradouro que podem reduzir as emissões, aumentar o acesso a transporte limpo e melhorar a nossa qualidade de vida.

Como vê a integração de todos os tipos de transporte (veículos, autocarros, comboios, bicicletas, motas, navios) para termos cidades realmente sustentáveis?

Imagino muitas coisas no futuro de uma cidade sustentável, mas aqui está uma imagem com a qual me posso relacionar pessoalmente.
Imagino um mundo em que seja tão fácil para uma família de quatro pessoas ir ao trabalho e à escola com bicicletas quanto conduzir o carro. O que será necessário para que isso aconteça? 1) grandes melhorias na segurança e fiscalização nas estradas, 2) ciclovias melhoradas que são bem conservadas, livres de detritos e separadas do tráfego rodoviário por barreiras físicas, 3) uma bicicleta que pode tornar essa viagem mais fácil, como uma e-bike, para um pai / mãe que trabalha, e 4) estruturas de apoio no local, como uma boleia para casa usando vários outros modos, caso haja uma emergência e os pais precisem de voltar rapidamente.
Vejo a integração de muitos modos de transporte de baixo carbono como a regra para a mobilidade sustentável, e não uma exceção, no futuro.

Qual será o papel dos veículos elétricos num quadro geral?

Veículos elétricos ligeiros, médios e pesados ​​são essenciais para reduzir 75% das emissões globais de transporte. O WRI é um parceiro formal da campanha Drive Electric (www.driveelectriccampaign.org/), que visa a eletrificação de veículos 100% até 2050, com os seguintes marcos: todos os novos autocarros, incluindo autocarros escolares, e veículos de duas e três rodas serão elétricos até 2030; todos os veículos de passageiros novos devem ser elétricos até 2035 e, por último, todos os novos camiões de carga devem ser elétricos até 2040.
O WRI acredita que esse objetivo é absolutamente possível e será essencial para o futuro da mobilidade sustentável.

Qual é a sensação de ter sido escolhida como uma das mulheres mais influente no EV 2021?

Sinto-me muito honrada por ser reconhecida entre um grupo tão talentoso de líderes em mobilidade elétrica. Acho que esse tipo de reconhecimento é importante para destacar o trabalho das nossas colegas – especialmente numa indústria fortemente dominada por homens. Eu gostaria de ver essa tendência mudar.

Para a Erika, existe um papel especial para as mulheres na eletrificação?

Há um papel absolutamente especial para as mulheres que são a chave para desbloquear o potencial da indústria de EV, mas têm sido amplamente negligenciadas – não apenas como consumidoras, mas como contribuintes valiosas para este campo em crescimento. Nos EUA, as mulheres influenciam mais de 80% das decisões de compra de veículos e compram mais de metade de todos os carros novos, mas representam menos de 25% da força de trabalho automóvel. Eu acredito que as mulheres são melhores a vender a ideia de VEs para mulheres, e é por isso que criei um blog especificamente que aborda as preocupações das mulheres em www.electricvehiclelove.com.

O Green Future AutoMagazine acredita que a penetração profunda dos veículos elétricos precisa de uma infraestrutura elétrica muito boa suportada por redes inteligentes. Como avalia as conquistas relacionadas ao carregamento elétrico e as melhorias relacionadas à autonomia da bateria elétrica?

Uma rede estável e confiável é crítica para garantir que as pessoas se sintam confortáveis ​​ao trocar os combustíveis dos veículos. Se as nossas redes não forem capazes de acomodar esses novos carregamentos, tiverem problemas de fiabilidade devido a eventos climáticos (por exemplo, impactos das mudanças climáticas) ou se tornarem muito caras para manter, resultando no aumento de preços para os consumidores, isso terá impactos prejudiciais nas vendas de EV. Devemos planear com antecedência e usar todas as ferramentas para nos prepararmos para um grande crescimento de energia, já que as concessionárias estão a reduzir simultaneamente as emissões de carbono.

A Erika acredita que a transição elétrica é a chave para reduzir as emissões ou há outras questões a serem levadas em consideração com maior relevância para esta realidade mundial?

Existem muitas outras estratégias climáticas que precisamos de seguir paralelamente à descarbonização do nosso setor de energia, algumas das quais são discutidas no Centro Climático do WRI (https://www.wri.org/climate ), mas achamos que a energia é uma parte importante dessa transformação e a vantagem dos veículos elétricos é que eles podem resolver dois problemas – descarbonizar o transporte e fornecer armazenamento de energia para apoiar o aumento da implementação de energia renovável.

Pode descrever algumas iniciativas relevantes do WRI que podem ser aplicadas na Europa?

Muitas das iniciativas do WRI, incluindo o nosso trabalho de mobilidade elétrica, podem aplicar-se à Europa. Eu encorajaria todos a visitar o nosso site para saber mais, www.wri.org .

Acredita que as Cidades Inteligentes serão um conceito para a nossa geração ou será apenas possível para as futuras?

As cidades inteligentes DEVEM ser um conceito implementado durante a nossa geração se quisermos um mundo futuro que seja justo, seguro e sustentável.

Entrevista: Luís Estrela, Coordenador da Fundação do Futebol - Liga Portugal

Entrevista: Luís Estrela, Coordenador da Fundação do Futebol – Liga Portugal

A Green Future AutoMagazine foi conhecer junto de Luís Estrela, Coordenador da Fundação do Futebol – Liga Portugal, os projetos promovidos pela instituição, bem como todo o trabalho desenvolvido em matéria de sustentabilidade ecológica.

O Luís Estrela é Coordenador da Fundação do Futebol da Liga Portugal. Como e quando é que surgiu esta Fundação? Qual o seu principal propósito?

A Fundação do Futebol – Liga Portugal está prestes a comemorar o seu terceiro aniversário, dia 18 de julho, pelo que é ainda um projeto jovem. A Fundação do Futebol nasce de um antigo desígnio do presidente da Liga Portugal, Pedro Proença, que desde sempre defendeu e defende que a notoriedade do Futebol deverá estar ao serviço da sociedade e do bem comum. A Fundação do Futebol, além de defender e propagar os valores inerentes ao Futebol – como igualdade, equidade, justiça, fair-play, respeito, inclusão, e de abraçar e amplificar causas nobres, tem ainda o vincado papel de influenciar e ajudar as Sociedades Desportivas a promoverem ações de Responsabilidade Social que, no terreno, contribuam para a melhoria da qualidade de vida dos seus adeptos e das suas comunidades.

Será possível revelar aos leitores da Green Future AutoMagazine quais os desafios e motivações que um Coordenador da Fundação do Futebol enfrenta?

A motivação é imensa e renovada diariamente, pois fazer da Responsabilidade Social um instrumento de trabalho cimentando-a na narrativa do Futebol Profissional, esse fenómeno de massas que faz vibrar milhões e que tem a capacidade de influenciar transversalmente toda a sociedade, pelo seu exemplo. Os maiores desafios, a curto prazo, passam por solidificar o posicionamento da Fundação do Futebol, contagiando todas as Sociedades Desportivas do Futebol Profissional a usarem o seu nome, a sua força, os seus ativos para reforço e construção de uma sociedade mais equitativa e feliz, sendo, igualmente, desafiante incutir nos emblemas do Futebol Profissional o projeto de também eles criarem uma Fundação. O desafio para os tempos vindouros é ajudar a concretizar a ideia de um Clube, uma Sociedade Desportiva, uma Fundação. 

A responsabilidade social e a sustentabilidade ecológica são valores importantes para a Fundação de Futebol e para a Liga Portugal. De que forma é que ambas as entidades tentam melhorar a igualdade social e a promoção para a adoção de práticas mais amigas do ambiente?

Primeiro praticamos o que defendemos – reciclamos, poupamos águas e energia, reduzimos os desperdícios. Depois amplificamos e enfatizamos causas que visem a preservação ambiental e todos os cuidados com o planeta de amanhã. Criamos já- fruto de várias reuniões com os Grupos de Trabalho da Responsabilidade Social da Liga Portugal – um manual de sustentabilidade ambiental, em conjunto com a Sociedade Ponto Verde. Um manual com dicas e diretrizes ambientais, a implementar nos estádios, nos centros de treinos e nos edifícios administrativos das Sociedades Desportivas, e com exemplos de emblemas preocupados com o meio ambiente – clubes como o Estoril Praia, que instalou painéis solares, como o CD Mafra e o FC Paços de Ferreira que faz o reaproveitamento das águas. É missão da Fundação do Futebol instigar a boas práticas ambientais no Futebol Profissional, mediatizando e divulgando grandes iniciativas que contagiem e sirvam de exemplo aos demais. 

Entre as muitas áreas de atuação da Fundação do Futebol, encontram-se algumas relacionadas com a sustentabilidade, cuja missão é difundir a política dos 3 R’s (Reduzir, Reutilizar, Reciclar). O que é que a Fundação tem feito para seguir este princípio? 

Nos próprios edifícios da Liga Portugal – tanto no Porto como em Lisboa, levamos a reciclagem a sério, separando o lixo em contentores apropriados. Inclusivé quer a Liga Portugal quer a Fundação do Futebol foram distinguidas com a certificação 3R6, atribuída pela Sociedade Ponto Verde. Já trabalhamos em conjunto para sensibilizar as Sociedades Desportivas a adotarem estas boas práticas nos seus estádios e recintos. Para mais estamos sempre disponíveis para nos associarmos a campanhas que visem esta prática – há muito tempo que assinalamos o 17 de maio – dia internacional da reciclagem.

Na edição de 2019-2020 da Allianz Cup, a Fundação do Futebol – Liga Portugal celebrou uma parceria com a Sociedade Ponto Verde, com vista à promoção de boas práticas ambientais. Considerando o peso que o futebol tem na sociedade portuguesa, acredita ser este o melhor veículo para o fomento de comportamentos mais sustentáveis? Estão previstas mais parcerias como esta?

As parcerias são enorme exemplo de Responsabilidade Social. São aconselhadas pela agenda 2030 e temos sempre muito a aprender e a amadurecer com o trabalho em conjunto. Quem há muito trabalha nesta área verde, chamemos-lhe assim, sabe bem os terrenos que pisa e pode sempre guiar-nos a fazer mais e melhor. A Sociedade Ponto Verde é um grande amparo da Fundação do Futebol, agradecendo-lhe, desde já, por todas as partilhas e colaborações para connosco e para com o Futebol Profissional. 

Focando o nosso assunto em matéria de ambiente e sustentabilidade, como é que o futebol no geral e a Liga em particular (sendo que ambos dispõem de muita visibilidade e influência junto dos cidadãos) podem contribuir para a sensibilização da sociedade para a necessidade de mudanças de hábitos em prol do ambiente? 

Exatamente usando da melhor forma o seu mediatismo e notoriedade. Ainda há pouco tempo, a mascote da Liga Portugal – O Ligas – foi plantar árvores com jogadores do Estoril Praia num parque de Cascais. O CD Feirense tem rubrica bi-semanal, usando também a sua mascote – o Billas – a sugerir boas práticas ambientais. É o projeto Eco-Billas! Campanhas e ações que saudamos, incentivamos e amplificamos. O mundo em que vivemos é responsabilidade nossa. É Responsabilidade Social. É essa a nossa essência e missão! O Futebol Profissional dá o exemplo, ganha jogos e seguidores neste campo!

Entre os objetivos estratégicos mencionados no Plano de Atividades da Fundação (2019-2020) encontra-se a promoção da consciencialização para a responsabilidade ecológica no futebol. Esse objetivo foi alcançado? De que forma?  

Este é um objetivo que não se esgota, sendo transversal a todas as temporadas e tempos. Vamos conseguido baby steps, pequenas conquistas que se revelam enormes no grande foco que é a consciencialização ambiental. Tudo o que façamos pelo ambiente é sempre pouco, pelo que o objetivo e as suas estratégias se vão, também ele, renovando, reciclando. 

Em 2019/2020 desenvolveram a Liga Ambiente. Qual é o seu propósito e que alcance teve?

A Liga Ambiente, com o apoio da Sociedade Ponto Verde, permitiu-nos fazer um levantamento das preocupações e ações das Sociedades Desportivas em termos ambientais. Possibilitamos a todos os emblemas profissionais uma consultoria com a Sociedade Ponto Verde que, em contacto direto com as Sociedades Desportivas, deixou-lhes sugestões para melhorarem o seu quotidiano ambiental. Foi-lhes, inclusive, mostrado que, em termos de poupança de energia e águas, podem chegar a reduzir-se faturas com a adoção de boas práticas ambientais. Esses mesmos emblemas receberam um selo por nós instituído atribuindo-lhes o estatuto de emblema exemplo nesta área da sustentabilidade ambiental. O alcance foi bom, já que, estas questões ambientais, e parafraseando expressão conhecida, primeiro estranham-se e depois entranham-se. A adesão foi boa pelo que só podemos estar satisfeitos e orgulhosos.  

Por último, e abordando o tema do momento da Super Liga Europeia, considera que a sustentabilidade do futebol passa por uma transformação da competição? O que crê ser preciso para melhorar a sustentabilidade económica dos clubes?

A Fundação do Futebol pauta o seu percurso e a sua implementação num contexto solidário, de compromisso com o futebol e a sua comunidade, onde todos os parceiros têm um enquadramento igualitário, sem sectarismos ou divisões. O futebol tem de ser, cada vez mais, união, cooperação, inclusão e emoção. A criação de uma Super Liga Europeia contraria esses pilares, sendo apresentada como uma competição exclusiva. A festa do futebol é global, multigeracional, socialmente transversal, inclusiva e agregadora, distante do conceito de uma festa privada com convite e dress-code.

O futebol, tal como a sociedade, é mutável, todos os dias testa a sua capacidade de evolução. Deste modo, as suas competições também carecem dessa abordagem humilde de melhoria e adaptabilidade, sendo que o principal ativo terá de ser os adeptos, no final de cada equação, bem como o produto que lhe é apresentado.

A sustentabilidade económica dos clubes é, cada vez mais, uma preocupação constante de quem os dirige. Olhando para a captação de novos públicos, da criação de um conceito de espetáculo desportivo face ao simples jogo, a afirmação de fidelização do adepto, na amplitude do papel do associado, e na relação que cada instituição desportiva deverá ter na sua comunidade, malha empresarial, de intercâmbio potenciação regional e nacional. 

Entrevista: Ni Amorim, Presidente da FPAK

Entrevista: Ni Amorim, Presidente da FPAK

O Green Future AutoMagazine foi à sede da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting conversar com o seu presidente, Ni Amorim.
O nosso convidado foi piloto durante 31 anos e falou-nos sobre várias das suas experiências, para além do seu ponto de vista sobre o setor dos veículos elétricos.