O Green Future AutoMagazine conversou com Rui Maciel, arquiteto de interiores.
Entrevistas
Por Carolina Caixinha
O Green Future AutoMagazine conversou com Filipe Duarte dos Santos, Professor de Física, jubilado da Universidade de Lisboa e atual presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, sobre a situação mundial e as perspectivas da sua evolução no quadro da recente crise da COVID-19.
De 1999 a 2002 foi Diretor do Centro de Física Nuclear da Universidade de Lisboa, tendo sido agraciado no ano 2005 com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. É também coordenador de múltiplos projetos nacionais e internacionais nas áreas do ambiente e desenvolvimento sustentável.
Inevitavelmente, os últimos meses foram impactados pela pandemia da COVID-19. Na sua opinião, qual o maior ensinamento que podemos extrair desta calamidade?
As pandemias acontecem ao longo da História e algumas conduziram a situações humanitárias catastróficas. Uma das primeiras sobre a qual temos alguns dados foi a peste de Justiniano que ocorreu entre nos anos de 541 e 542, provocou 30 a 50 milhões de mortos e provavelmente contribuiu para acelerar a queda do Império Romano.
A peste negra, a mais devastadora, provocou a morte de 30 a 50% da população da Europa, ocorreu entre 1347 e 1351, teve origem na bactéria Yersinia pestis, alojada em ratos e que chegou aos humanos por meio de moscas infetadas. A peste e muitas outras doenças infeciosas, tais como a gripe (gripe espanhola, gripe de Hong Kong e outras), hantavírus, cólera, raiva, febre-amarela, malária, ébola, dengue, doença de Lyme, leptospirose, varíola e muitas outras são zoonoses, ou seja doenças infeciosas cujos agentes – bactérias, fungos, vírus, helmintos – são transmitidos dos animais para os seres humanos.
“O aparecimento da pandemia da COVID-19 insere-se numa tendência de aumento do número de zoonoses que estão a surgir no mundo, especialmente na Ásia e África.”
A análise de uma base de dados de 335 doenças infeciosas emergentes surgidas no período 1940-2004 revelou que 60,3% são zoonoses, e nestas, 71,8% tiveram origem em animais selvagens e mostram tendência de crescimento (Jones, 2018). No último século, uma média de dois novos vírus por ano saltarão dos animais que constituem os seus hospedeiros normais para os humanos (Woolhouse, 2012).
A caracterização do genoma do vírus responsável pela COVID-19, o SARS-CoV-2, foi publicada na revista científica Nature em 3 de fevereiro deste ano (Zhou, 2020), tendo-se verificado que é 79,6% idêntico ao SARS-CoV, que causou a epidemia de gripe em Hong-Kong, no ano de 2003, e 96% idêntico ao de um coronavírus encontrado em morcegos Rhinolophus affinis da província de Yunnan, na China.
É muito provável que o SARS-CoV tenha passado de morcegos pertencentes ao mesmo género para civetas do Himalaia ou outros mamíferos vendidos para alimentação humana nos mercados de animais selvagens do Sul da China. A evolução do SARS-CoV-2 desde os morcegos até ao homem é, por enquanto, desconhecida.
Por que razão as zoonoses estão a aumentar? A invasão, destruição ou degradação de habitats e a ingestão indiscriminada de animais selvagens, especialmente mamíferos, estabelece novas formas de contacto com as pessoas que potenciam a oportunidade dos seus vírus e bactérias se adaptarem e penetrarem no corpo humano, causando novas doenças infeciosas.
O principal ensinamento que podemos extrair da atual pandemia de COVID- 19 é a necessidade de alterar a nossa relação com a biosfera, procurando travar a sua destruição e degradação sistemática. Se não conseguirmos coletivamente, em todo o mundo, seguir este caminho, é provável que novas epidemias e pandemias causadas por zoonoses continuem a surgir de forma cada vez mais frequente e com efeitos potencialmente devastadores.
Um artigo recente, publicado na revista científica Science, considera que para travar o aparecimento crescente de zoonoses, devemos diminuir a desflorestação das florestas tropicais e subtropicais e recomeçar a reflorestação.
Antes da pandemia havia uma tendência mundial, ao nível dos altos dirigentes e líderes políticos, no sentido de progredirmos para um mundo mais verde, sustentável e amigo do ambiente. Considera que a crise económica mundial pode ter influência negativa nesta tendência?
As preocupações com a degradação do ambiente, a sobre-exploração dos recursos naturais e as alterações climáticas são relativamente recentes e começarem a ter maior visibilidade política apenas na segunda metade do século XX. Porém, não existe ainda a nível mundial o empenhamento social, económico e político para adotar um modelo de desenvolvimento sustentável de médio e longo prazo.
Devido à pandemia de COVID-19, o mundo ficou confrontado com uma crise social e económica gravíssima que vai afetar sobretudo os países mais frágeis e os menos desenvolvidos, e que levará alguns anos a ser superada. A atitude prevalecente é dar prioridade aos problemas das pessoas e passar para segundo plano as preocupações ambientais.
Tal atitude é errónea porque as pessoas não se podem separar do ambiente. As pessoas e o ambiente formam uma unidade que não se consegue quebrar. A prova disso é a COVID-19. A pandemia veio de animais selvagens e, devido à promiscuidade entre eles e as pessoas resultante da destruição sistemática dos seus habitats, em especial das florestas, como acontece especialmente nas regiões tropicais e subtropicais, o número de zoonoses está a aumentar perigosamente.
Estamos pois perante uma encruzilhada. Se não travarmos a degradação ambiental, a sobre-exploração dos recursos naturais e a alteração do clima, as zoonoses vão ser cada vez mais frequentes, a sustentabilidade económica será mais difícil de atingir porque os recursos naturais tornam-se mais caros, os eventos meteorológicos extremos serão cada vez mais devastadores, com consequências graves, como é o caso dos fogos florestais e rurais em Portugal e em outras regiões do mundo como, por exemplo, a Califórnia e a Sibéria.
Em conclusão, a atual crise económica mundial é principalmente uma consequência da insustentabilidade do modelo global de desenvolvimento, e a sustentabilidade tem três componentes essências que não é possível separar – social, económica e ambiental. Se não dermos atenção à componente ambiental, as crises económicas mundiais serão recorrentes.
Temos verificado, por um lado, que a qualidade da água, do ar e o nível de poluição tem diminuído, de um modo geral, mas, por outro, temos verificado que a ‘qualidade’ do lixo se degradou, sendo que parte das lixeiras a céu aberto nos mostram realidades como lixos hospitalares (máscaras, luvas, seringas, etc.). Pode comentar que eventuais efeitos nefastos existem para o meio ambiente e para a saúde em geral, e o que fazer para combater este flagelo?
Há que distinguir aquilo que se passa nos países com economias avançadas, como é o caso de Portugal, do que se passa nos países cujas economias estão ainda em fase de desenvolvimento. Nestes últimos países os problemas de poluição (do ar, água, solos e do oceano, especialmente as zonas costeiras) e dos resíduos sólidos urbanos são frequentemente graves.
“Em termos de conservação do ambiente e de diminuição da poluição, Portugal tem beneficiado muito do facto de pertencer à União Europeia desde 1986 (nessa época, Comunidade Económica Europeia) e de aplicar as políticas de ambiente da UE.”
No que respeita aos resíduos sólidos urbanos e aos resíduos de forma geral, a forma de procurar resolver o problema é adotar e praticar a economia circular baseada em processos cíclicos ‘do berço ao berço’, em lugar de processos lineares de extração, produção e descarte, ou seja, ‘do berço ao túmulo’. É pois necessário reduzir, reciclar e reutilizar. Afinal, é aquilo que faz a biosfera com grande mestria ao desconhecer os conceitos de descarte e lixo.
Se não se procurar diminuir a poluição do ar, água e solos, os impactos negativos na saúde humana irão continuar a agravar-se. Uma das principais causas de morte precoce no mundo é a poluição atmosférica nas áreas urbanas e industriais. Afeta sobretudo os países menos desenvolvidos mas também as zonas urbanas dos países europeus, incluindo Portugal.
Em 2008, a Organização Mundial da Saúde advertiu que as emissões provenientes das centrais a carvão provocam uma poluição atmosférica que é responsável por um excesso global de mortalidade estimado em cerca de um milhão de pessoas por ano.
Os países mais desenvolvidos já iniciaram a sua revolução no sentido de substituir os carros a combustível fóssil por carros movidos a energia elétrica. Considera que a COVID-19 será um acelerador desta tendência ou, por outro lado, face a fatores económicos, poderemos verificar uma retração desta tendência? E em Portugal o que podemos esperar a nível de carros elétricos e das respetivas infraestruturas?
A descarbonização da economia mundial, que inclui a transição energética dos combustíveis fósseis para as energias renováveis, já se iniciou mas o seu ritmo é ainda muito lento. Sem essa descarbonização não é possível travar a mudança climática que nos traz um clima cada vez mais adverso e perigoso. A desaceleração da economia mundial provocada pela pandemia de COVID-19 diminuiu muito a procura de energia e consequentemente o uso dos combustíveis fósseis. O consumo de energia elétrica baixou e, nas economias avançadas, o uso do carvão deixou de ser competitivo face às energias renováveis e ao gás natural.
Em Portugal, a EDP adiantou a data de encerramento da central térmica a carvão de Sines para janeiro de 2021. É provável que, devido à COVID-19, o pico de consumo global do carvão tenha sido ultrapassado, o que são boas notícias para a saúde humana e para o clima.
No que respeita aos combustíveis fósseis líquidos a situação é mais complexa. O consumo de petróleo baixou bastante mas a indústria é muito poderosa e tudo fará para se manter rentável. O que irá acontecer ao petróleo e ao gás natural vai depender muito da duração da pandemia de COVID-19 e da duração e intensidade da crise económica mundial que está a provocar. As boas notícias são o aumento significativo do número de veículos elétricos no mundo.
Porém, a percentagem de SUV (sport utility vehicle ou veículos todo-o-terreno) no conjunto de veículos com motores de combustão interna que são adquiridos está a aumentar, o que aumenta o consumo global de gasolina e gasóleo, dado que os SUV consomem mais combustível do que os outros veículos com motor de combustão interna.
De acordo com a Agência Internacional de Energia, a segunda causa principal do aumento das emissões globais dos gases com efeito de estufa, responsáveis pelas alterações climáticas, é o grande aumento à escala mundial da compra de SUV cada vez mais potentes e mais consumidores de combustível. No Reino Unido, um relatório recente intitulado Upselling Smoke considera que, para atingir os objetivos de descarbonização da economia compatíveis com o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas, será necessário banir os anúncios de veículos todo-o-terreno com emissões médias de dióxido de carbono (CO2) superiores a 160 g de CO2 por km, e automóveis com comprimento superior a 4,8 m.
Portugal tem um plano ambicioso de expansão dos veículos elétricos. A transição dos veículos de combustão interna para os veículos elétricos depende muito dos incentivos governamentais que forem dados à compra de veículos elétricos e da consciencialização da sociedade para a necessidade de acelerar a transição energética, de modo a conseguir controlar as alterações climáticas.
A descarbonização da economia depende em primeiro lugar de as pessoas estarem conscientes do que está em causa e quererem ou não fazê-la.
Conversámos com Ângelo Girão, guarda-redes de hóquei em patins e campeão mundial pela Seleção Nacional.
Por: Carolina Caixinha
A BYD é um dos maiores produtores de veículos elétricos do mundo, sendo também pioneira no desenvolvimento de baterias. Já vendeu, no mundo inteiro, mais de 750 000 automóveis elétricos, todos eles alimentados pela energia das baterias produzidas pela marca.
Na Europa, a BYD tem um forte presença no mercado nórdico, nomeadamente na Suécia e Dinamarca, onde já foram vendidos mais de 300 autocarros. Lançou recentemente o seu primeiro projecto europeu de carros elétricos na Noruega.
Em Portugal, a BYD está presente em Coimbra desde o ano passado, quando fez a primeira entrega de oito autocarros 100% elétricos à operadora SMTUC e à Câmara Municipal.
Diana Barbosa é Marketing Executive na BYD Europe. Estivemos à conversa com esta portuguesa radicada em Roterdão, que partilhou connosco algumas das suas experiências numa das maiores empresas do mundo na área dos transportes e mobilidade sustentável.
Grande parte da sua carreira curricular e profissional teve lugar fora de Portugal. Considera que isto é um fator diferenciador para o sucesso?
Sim, sem dúvida. Sair da zona de conforto é aquilo que nos leva a alcançar objetivos que não pensaríamos que fossem possíveis tão depressa. Penso ter saído muito cedo da minha zona de conforto quando me mudei do Algarve, onde cresci, para ir estudar na Faculdade de Economia do Porto, com apenas 17 anos. Durante a minha licenciatura tive a oportunidade de ter imensas experiências internacionais, tal como a participação no programa Erasmus+, o que me fez perceber que o mundo é enorme e era o meu dever explorá-lo. Agora, que já vivo há alguns anos na Holanda, percebo que estas experiências foram todas de certa forma enriquecedoras e que me trouxeram onde estou hoje.
Atualmente, o mercado de trabalho é extremamente competitivo. As empresas procuram pessoas com qualidades únicas e um valor acrescentado que lhes possa ajudar a crescer, quer seja por uma língua que falemos, ou skills que tenhamos desenvolvido. Mas o facto de vivermos num país estrangeiro traz imensas vantagens, pois demonstra a nossa capacidade de nos adaptarmos depressa a novos desafios e a nos integrarmos em novas culturas. Na Holanda, o ambiente é extremamente dinâmico e multicultural, dado que as empresas estão, cada vez mais, a virar-se para o mercado internacional e precisam constantemente de pessoas que percebam os diferentes mercados nacionais.
Eu aconselho a toda gente, especialmente os jovens, a viver no estrangeiro, nem que seja por um curto período de tempo. É uma excelente maneira de conhecer uma outra realidade e a encontrar a carreira certa, e quando fazemos o que gostamos mais depressa seremos bem sucedidos.
Como vê as oportunidades para os jovens portugueses e como qualifica o nosso conhecimento face ao resto da Europa, e à Holanda em particular?
Contudo, na Holanda ou em outros países da Europa, como a Alemanha, o mercado tem imensas portas abertas para jovens e oferece grandes incentivos para pessoas com educação superior.
Penso que o mercado estrangeiro é uma opção atrativa para jovens portugueses como eu, especialmente em empresas multinacionais e dinâmicas como a BYD. No meu caso, penso que trabalhar na BYD é uma excelente oportunidade, que não teria, por exemplo, numa empresa focada apenas no mercado holandês, dado que precisaria de falar fluentemente a língua. Tenho também imensas experiências únicas na BYD por ser uma empresa internacional, como a de viajar para diferentes países em trabalho, comunicar em diferentes línguas, ter colegas de múltiplas nacionalidades e com culturas distintas e conhecer pessoas excecionais. E o que é ainda mais importante para mim é poder ter um trabalho extremamente interessante que me permite aprender algo novo todos os dias. Na BYD nenhum dia é igual e essa dinâmica motiva-me para trabalhar todos os dias.
Considera que a pandemia de COVID-19 irá impulsionar a inovação e o desenvolvimento de energias alternativas?
A pandemia tem sido sem dúvida um desafio para toda a humanidade, especialmente em termos da mobilidade e atividades que envolvem o contacto social. No entanto, penso que esta é uma grande lição, para todos nós, de que grandes mudanças nos nossos hábitos e tradições são possíveis num curto espaço de tempo. Cumprimentar alguém com um aperto de mão é agora considerado inapropriado, enquanto antes era inapropriado não cumprimentar. Deste modo, penso que o desenvolvimento de energias alternativas não irá abrandar, mas sim acelerar. Temos também observado os países a trabalhar em conjunto para criar soluções para as consequências da pandemia, o que mostra que em situações de urgência, é possível alcançar uma resposta global.
“A pandemia ensinou-nos que a mudança é mais fácil quando urgente.”
Inevitavelmente, a pandemia do novo coronavírus alterou os nossos comportamentos, o nosso estilo de vida, além de ter provocado enormes prejuízos em termos económicos. De que forma esta realidade tem impacto na sua atividade, enquanto profissional de marketing, e na atividade da ‘sua’ empresa, a BYD Europe?
Tal como referi, penso que a pandemia nos ensinou que a mudança é mais fácil quando urgente. É natural que a minha atividade enquanto profissional do marketing tivesse de se adaptar à nova realidade. Tivemos que fazer algumas mudanças na forma de trabalhar mas aceitámo-las de forma positiva e vimos este desafio como uma forma de inovar. Criámos novas alternativas aos eventos tradicionais, como a organização e participação em webinars, fóruns online, e podcasts. A aposta nas redes sociais e plataformas digitais também aumentou de forma positiva e deu-nos a oportunidade de ter uma maior presença online.
No início da pandemia, a BYD utilizou os seus vastos recursos de Investigação e Desenvolvimento (I&D) e criou a maior linha de produção de máscaras do mundo, completando cerca de 40 milhões de máscaras por dia, sendo fornecedora de governos de vários países, nomeadamente França e Itália.
Sendo a BYD produtora de autocarros elétricos, certamente detém informação e estudos de mercado sobre a Europa e o resto do mundo. Quando considera que a penetração de autocarros elétricos será de facto uma realidade em Portugal e no resto da Europa?
A mobilidade elétrica no mercado de autocarros está certamente a crescer na Europa e no mundo. Vemos cada vez mais cidades europeias a alterar as suas frotas de autocarros a gasóleo ou gasolina por novos autocarros elétricos. A BYD Europe já alcançou na Europa vendas de mais de 1 300 autocarros elétricos, em mais de 100 cidades e 20 países.
O que falta para uma massificação dos veículos elétricos em termos europeus? Um maior investimento em termos de infraestruturas de carregamento, uma maior autonomia das baterias, um maior apoio/incentivo fiscal dos governos? Há ainda questões tecnológicas a ultrapassar? Qual a sua visão?
Enquanto consumidora, penso que os maiores desafios que encontro ao procurar um automóvel elétrico em Portugal incluem a falta de uma rede de carregamento generalizada, a falta de incentivos para a conversão das frotas e a troca dos veículos antigos por automóveis elétricos. Por isso, é necessário que os incentivos venham do Estado e que estes não sejam limitados, na forma de subsídios ou incentivos fiscais.
Contudo, em muitos outros países europeus, vemos cada vez mais uma maior oferta por parte das marcas de automóveis, que apresentam maior gama de modelos elétricos. Em termos de infraestruturas de carregamento, este já não é um desafio em muitos países, como na Holanda, onde existem postos de carregamento em todas as ruas.
Diana Barbosa em Shenzhen, onde está localizada a sede da BYD.
Portugal estava, antes da pandemia, a posicionar-se como um país extremamente apetecível para investimento externo e uma grande oportunidade para jovens empreendedores e com elevados conhecimentos. Considera retornar e fazer carreira em Portugal?
Como é natural, Portugal estará sempre no topo da minha lista. Contudo é ainda muito cedo para mim pensar em regressar. Eu tenho um trabalho de que gosto muito e a Holanda é um país onde gosto muito de viver pelas oportunidades e estabilidade que oferece. Existem sempre imensas saudades do meu país e da minha família, mas em circunstâncias normais, é bastante fácil viajar até Portugal, hoje em dia. E com as novas tecnologias, estamos sempre em contacto com os que mais gostamos e sabemos tudo o que se passa. Por isso, nos próximos anos conto ficar pela Holanda e ganhar algumas raízes, aproveitar as oportunidades que me são dadas e ir visitando Portugal várias vezes ao ano.
Quem sabe se um dia voltarei com a BYD? Seria para mim um prazer e uma honra poder continuar a fazer o que mais gosto num país que me é tão querido.
Para quando os automóveis elétricos da BYD em Portugal e no resto da Europa?
Para já, a BYD lançou o projeto de testar os automóveis elétricos apenas na Noruega e só depois de avaliar esse projeto definirá os próximos passos. O primeiro veículo a ser lançado é o modelo de nova geração Tang EV, com uma autonomia de até 500 km.
Ainda não há uma data prevista para quando e como os automóveis irão chegar aos restantes países.
O Tang EV, o primeiro veículo elétrico comercializado pela BYD na Europa.
Conversámos com Álvaro Costa, Chef Executivo do F.C. Porto.
Convidámos Cláudia Jacques, apresentadora, embaixadora de várias marcas, relações públicas e atriz, para uma conversa animada sobre a sua perspetiva sobre a mobilidade elétrica.
Por Carolina Caixinha
O Green Future AutoMagazine esteve à conversa com um dos principais protagonistas do programa ‘Shark Tank’, para conhecer a sua opinião sobre o modo como a pandemia provocada pelo novo coronavírus pode vir a mudar a mobilidade dentro das cidades e ajudar a encontrar soluções para os problemas que o planeta enfrenta.
Tim Vieira tem 43 anos e é um dos mais conhecidos empresários nacionais. É dono de um grande optimismo e acredita que Portugal é um país cheio de oportunidades.
No contexto atual, que mudanças em termos económicos e sociais é que se adivinham nos próximos tempos? É uma oportunidade para empresários empreendedores fazerem fortuna?
Eu acredito que as pessoas vão começar a pensar de maneiras diferentes, vão começar a escolher como querem viver e desta vez vão poder viver a trabalhar a partir de casa, poder viver longe das cidades, apoiar o comércio local e principalmente vão conseguir passar mais tempo em família. Acho que, socialmente, as coisas vão mudar nesse sentido. Nas empresas, acho que no momento atual não se vão focar apenas nos resultados líquidos, mas mais em como contribuem positivamente para a sociedade e para um mundo mais verde, e isso vai ser extremamente importante porque só assim vão conseguir atrair os clientes do futuro.
O mundo atual caracteriza-se por duas grandes mudanças: por um lado, as alterações climáticas, e por outro a pandemia de COVID-19. Não considera que, de certa forma, estes são dois obstáculos se aproximam?
Eu acredito que isto são duas realidades que vão influenciar muito a maneira como vamos viver daqui para a frente. Pensar em viver de uma maneira mais ‘verde’ não chega, temos de acreditar que menos é mais e que é necessário que todos contribuam para a diminuição da pegada ambiental no planeta. Isto não é necessário só na China. Na Europa e no resto do mundo também é muito importante que isto aconteça. A COVID-19 e as alterações climáticas são dois problemas globais e os dois só podem ser resolvidos à escala mundial. É importante acreditar nos factos e acreditar que juntos é que iremos encontrar soluções para combater os problemas e liderar da melhor forma possível.
“Acho que podemos cortar drasticamente a pegada de CO2 através dos transportes, mas há vários outros problemas (…).”
Sendo o Tim um empresário de sucesso e sendo um investidor nas áreas da tecnologia e energia, como perspetiva, a curto e médio prazo, a evolução do carro elétrico na Europa e na África Austral?
O carro elétrico está em constante evolução. Não acho que seja a solução para salvar o mundo mas estamos a fazer bons avanços na forma como trabalhamos na redução da pegada de CO2. Aprendemos a trabalhar com a energia nuclear e esse foi o ponto de viragem para trabalhar de uma forma totalmente sustentável. Acho que podemos cortar drasticamente a pegada de CO2 através dos transportes, mas há vários outros problemas, como o plástico. Temos de pensar em mais maneiras de adaptar as nossas vidas para uma diminuição da pegada ambiental. Acredito em tudo o que seja para o bem; não vamos parar o carro elétrico, o carro elétrico está para ficar mas temos de pensar muito mais à frente do que isso.
A Europa já se está a preparar para a introdução do carro elétrico, havendo infraestruturas de abastecimento/carregamento. Sabendo que em África as reformas de infraestruturas são muito mais demoradas, considera ou não que isso será um obstáculo para a introdução do carro elétrico em África?
Em África existe um enorme problema em produzir energia, nem sempre existe energia suficiente para as casas por isso seria muito complicado produzir energia e criar infraestruturas para os carros. África não consegue, sozinha, andar para à frente, é preciso investimento e dinheiro de fora. Temos de perceber que um Tesla em África não é o carro ideal, estamos numa realidade diferente. Faria mais sentido pensar em camiões ou autocarros elétricos, acredito que aí já seria possível ter energia sustentável a fornecer esses meios de transporte. África vai ter também soluções elétricas mas tem mais obstáculos para ultrapassar.
Por último, tendo viajado e feito negócios em todas as partes do mundo, o que é que pode motivar os empresários a investir em Portugal?
Portugal é um dos melhores sítios do mundo para investir. Portugal está no top 10 do mundo. Estamos no meio do mundo, temos um mercado de 500 milhões de pessoas à nossa volta, temos bom tempo, pessoas com talento, temos tudo para correr bem, só precisamos de novas leis, bons incentivos para as indústrias-alvo, precisamos de atrair novos talentos cá para dentro e precisamos de um plano concreto e claro do que é investir em Portugal e das suas vantagens. Muita gente agora vai procurar cidades com um melhor estilo de vida e Portugal oferece isso. Acredito que Portugal possa vir a ser beneficiado com esta crise que estamos a viver com a COVID-19. Os portugueses têm de se unir e ter um pensamento positivo para poderem desfrutar das oportunidades que possam vir a surgir. Na educação, por exemplo, temos várias universidades que competem com qualquer outra universidade do mundo. Podemos usar esta crise para melhorar o ensino básico e melhorar a justiça, para sermos mais eficazes e protegermos quem aposta em Portugal. Acredito que vamos conseguir mudanças mais facilmente que outros grandes países.
Tim Vieira integrou o painel de investidores da primeira temporada do programa ‘Shark Tank Portugal’. É CEO da Special Edition Holding, da Bravegeneration e da Green Meridian, além de Presidente da CCILSA.