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Green Future-AutoMagazine

O novo portal que leva até si artigos de opinião, crónicas, novidades e estreias do mundo da mobilidade sustentável

GFAM

Nissan Qashqai e-Power: um híbrido que se conduz como um elétrico a bateria

O Nissan Qashqai é um best seller da marca nipónica e, em setembro, vai estrear uma motorização híbrida. A terceira geração do Qashqai será o primeiro modelo na Europa a ser equipado com a tecnologia e-Power, desenvolvida pela Nissan, “componente-chave na estratégia de eletrificação da marca”.

O sistema e-Power é composto por uma bateria de alta potência que é complementada por um motor com relação de compressão variável turbo comprimido a gasolina, de 1,5 litros de cilindrada, capaz de debitar 156 cv, e por um gerador de energia, inversor e motor elétrico de 140 kW, de tamanho e potência semelhantes aos encontrados nos automóveis elétricos da Nissan. O motor a gasolina gera eletricidade, que pode ser transmitida através do inversor para a bateria, o motor elétrico ou ambos, de acordo com o cenário de condução.

O sistema distingue-se pelo facto de o motor elétrico ser a única fonte de energia para as rodas. Graças à tração exclusiva pelo motor elétrico, não há atraso na entrega do binário, como pode acontecer num híbrido tradicional, oferecendo assim a resposta instantânea típica dos automóveis elétricos. Segundo a Nissan, esta tecnologia representa uma alternativa apelativa aos híbridos tradicionais, onde os condutores têm de aceitar as inerentes ineficiências na experiência de condução.

“A introdução da inovadora tecnologia e-Power no novo Qashqai traz mais do espírito pioneiro da Nissan ao segmento crossover. Os clientes vão apreciar a sensação de conduzir um VE, mas sem a preocupação do carregamento. O e-Power é uma porta de entrada para a condução de automóveis totalmente elétricos e representa um marco significativo na estratégia de eletrificação da Nissan”, disse Arnaud Charpentier, vice-presidente de Estratégia de Produto e Preços para a região AMIEO.

“Com a tecnologia e-Power exclusiva da Nissan, sentimos que os clientes vão apaixonar-se pela sensação de uma motorização elétrica, sem as preocupações de autonomia. É uma motorização que eles vão gostar de conduzir e representa uma excelente opção para ser eco consciente no seu dia-a-dia. No geral, o e-Power do Qashqai vai apelar aos condutores que ainda não estão prontos para um VE puro nas suas vidas, mas querem ser mais sustentáveis e desfrutar da diversão da condução elétrica no dia-a-dia”, acrescentou Charpentier.

No coração do sistema, o motor a gasolina de 1,5 litros com três cilindros turbo, foi desenvolvido especificamente para esta aplicação. Utilizada pela marca premium da Nissan, a Infiniti, a capacidade de ajustar a relação de compressão proporciona melhor desempenho e economia, dependendo da carga do motor. A relação de compressão varia entre 8:1 e 14:1 através do movimento de um atuador que altera o comprimento do curso do pistão de acordo com a necessidade de potência.

Durante cenários de baixa procura de energia – como a velocidade constante com um nível relativamente alto de carga na bateria – a relação de compressão situa-se na gama mais alta que otimiza o consumo e as emissões. Quando as necessidades de energia são elevadas, para carregar a bateria ou a alimentação diretamente para o motor, é ativada uma relação de compressão mais baixa que maximiza a potência do motor. A marca nipónica assegura que a transição entre diferentes relações de compressão é linear, sem necessidade de qualquer ação do condutor.

O motor térmico funciona sempre dentro da sua gama de rotação ideal e com melhor relação de compressão, conduzindo a uma maior eficiência de combustível e a menores emissões de CO2 em comparação com um motor de combustão interna tradicional. Tem ainda vantagens adicionais, como a redução do ruído do motor e menor impacto na qualidade do ar urbano.

Para maximizar o desempenho, em situações de alta aceleração ou alta velocidade, a unidade de controlo de gestão de energia dentro do sistema e-Power pode enviar a energia gerada pelo motor térmico diretamente para o motor elétrico, através do inversor, para reforçar a alimentação elétrica proveniente da bateria. Naturalmente, em desaceleração e travagem, a energia cinética é recapturada e canalizada de volta para a bateria para otimizar a eficiência.

“Sabemos que os clientes do Qashqai e-Power passarão quase três quartos do seu tempo a conduzir em ambientes urbanos e suburbanos. Consequentemente, desenvolvemos o sistema e-Power para funcionar da forma mais eficiente, eficaz e discreta possível nessas circunstâncias. Mas não há compromisso com o desempenho da condução. A aceleração é instantânea, graças à tração elétrica pura nas rodas e não há caixa de velocidades para interromper a entrega de energia”, declarou David Moss, vice-presidente sénior de pesquisa e desenvolvimento da Nissan AMIEO.

À semelhança do LEAF, o Qashqai e-Power integra o e-Pedal Step: projetado para tirar a tarefa repetitiva de pára-arranca da condução urbana, onde o condutor está frequentemente a mover o pé entre o acelerador e o travão, o e-Pedal Step permite acelerar e travar usando apenas o acelerador.

Quando o e-Pedal Step é ativado através do interruptor da consola central, o acelerador proporciona aceleração como habitualmente. Já a libertação do acelerador faz com que o Qashqai trave a 0,2 g, o suficiente para iluminar as luzes do travão e reduzir a velocidade para uma velocidade muito baixa, mas não uma paragem completa. De acordo com a Nissan, as manobras de estacionamento de baixa velocidade são assim mais suaves, e os condutores mostraram que se adaptam facilmente e preferem este modo do pedal do acelerador, “garantindo que a condução urbana é mais intuitiva e menos exigente”.

Shell constrói a maior central de hidrogénio verde da Europa

A Shell anunciou a construção da maior central de produção de hidrogénio verde da Europa. As suas subsidiárias Shell Nederland e Shell Overseas Investments tomaram a decisão de avançar com o projeto Holland Hydrogen I, que deverá produzir até 60 toneladas de hidrogénio por dia, quando atingir a capacidade plena.

A central será construída na parte mais recente do porto de Roterdão, Tweede Massvlakte, e estará operacional em 2025. O eletrolisador de 200 MW – o mais potente instalado pela Shell, até ao momento – utilizará exclusivamente energia gerada a partir de fontes renováveis, proveniente do parque éolico offshore Hollandse Kust Noord, detido parcialmente pela empresa.

O hidrogénio produzido na central Holland Hydrogen I será canalizado para o Shell Energy and Chemicals Park Rotterdam através do gasoduto HyTransPort1, e servirá para substituir parcialmente o hidrogénio cinzento aí utilizado na produção de combustíveis – gasolina, diesel e combustível para aviação –, ajudando assim a descarbonizar parte do processo.

A Shell avança que o hidrogénio verde produzido na nova central também poderá ser enviado para novas infraestruturas de reabastecimento que deverão começar a aparecer na Europa, sobretudo orientadas para camiões pesados a hidrogénio, de forma a “ajudar a descarbonizar o transporte rodoviário comercial”.

“A Holland Hydrogen I demonstra como as novas soluções de energia podem trabalhar juntas para responder à necessidade da sociedade por energia mais limpa. É também outro exemplo dos esforços e do compromisso da Shell em se tornar uma empresa com emissões líquidas zero até 2050”, declarou Anna Mascolo, vice-presidente executiva de Soluções de Energia Emergentes da empresa. “O hidrogénio renovável desempenhará um papel crítico no sistema energético do futuro e este projeto é um passo importante para ajudar o hidrogénio a realizar esse potencial”.

Volvo Car Portugal faz balanço do Recharge Roadshow

No último fim de semana, em Castelo Branco, teve lugar a última etapa do Volvo Recharge Roadshow, a iniciativa levada a cabo pela Volvo Car Portugal, em colaboração com a World Shopper, com o objetivo de esclarecer as dúvidas dos consumidores sobre a transição para a mobilidade elétrica.

O Volvo Recharge Roadshow teve início em Vila Real, no passado dia 14 de maio, e ao longo de 57 dias, desdobrou-se em 23 etapas. O dois automóveis 100% elétricos da Volvo – um XC40 e um C40 – cumpriram mais de 5.000 kms sem emissões, de norte a sul do país, com uma visita ao arquipélago da Madeira.

No balanço do evento, em que participaram cerca de 700 condutores, a diretora de Consumer Experience da Volvo Car Portugal, Aira de Mello, afirmou: “Na génese deste evento está o facto de sabermos existirem ainda existem muitas duvidas relativamente à eletrificação: a autonomia e como geri-la, as baterias e o seu ciclo de vida, o valor residual dos automóveis daqui a alguns anos, a infraestrutura – onde e como carregar… quisemos ir até às pessoas, independentemente de serem ou não clientes Volvo, e responder de forma simples, aberta e sem tecnicalidades às suas perguntas. Foi muito gratificante a participação e a interatividade gerada em cada uma das ações. A Volvo Car Portugal quer assumir um papel ativo e pedagógico neste momento tão importante em que, naturalmente, as dúvidas e inquietações surgem, como é próprio de qualquer momento de transição ou mudança, o Recharge Roadshow foi um desses momentos, outros se seguirão”.

Por seu lado, Ricardo Oliveira, da World Shopper/Viver Elétrico, declarou: “Estudamos a mobilidade elétrica há mais de dez anos. Para nós é sempre um prazer ir ao terreno perceber as pessoas e assim complementar o trabalho teórico que temos vindo a fazer. Com o Recharge Roadshow foi possível aferir as dúvidas atuais das pessoas. Acreditamos que a mobilidade elétrica não é difícil mas representa uma mudança de hábitos num sector onde há mais de cem anos “metemos combustível”.  As pessoas têm uma curiosidade crescente em relação aos automóveis elétricos que considero muito adaptados às condições atuais de circulação – limites de velocidade, silêncio e qualidade de vida numa condução tranquila e despreocupada”.

A Volvo iniciou a comercialização em Portugal dos seus primeiros modelos 100% elétricos, o XC40 Recharge e o C40 Recharge, em 2021. No primeiro semestre de 2022, as vendas destes dois modelos representaram 12% do total da marca no País, uma taxa é superior à media europeia e mundial da marca, que se cifra nos 10% e nos 8% respetivamente.

A Volvo Cars ambiciona vender 1 milhão de viaturas eletrificadas em todo o mundo até 2025. Este compromisso com a eletrificação faz parte do plano ambiental da marca, que pretende ser ambientalmente neutra a partir de 2040.

Galp e ANA criam o maior ‘hub’ de carregamento em Portugal

A Galp e a ANA – Aeroportos de Portugal, S.A. estabeleceram uma parceria que irá disponibilizar soluções de carregamento universal nos parques públicos do Aeroporto de Lisboa integrados na rede Mobi.E. No âmbito deste acordo, será criado o maior hub de carregamento ultrarrápido em Portugal, com dez pontos de carregamento ultrarrápido de 180 kW DC e que permitem carregar em simultâneo dez viaturas.

O projeto inclui também a disponibilização e gestão de uma infraestrutura de carregamento pública, de acesso universal e integrada na rede Mobi.E, que conta com 41 tomadas de carregamento VE normal (AC) e uma tomada de carregamento rápido VE (DC), instaladas ao longo de treze parques de estacionamento do Aeroporto de Lisboa – todas já operacionais. Acrescem ainda 48 pontos de carregamento privados para o Grupo ANA em parques de estacionamento, através de uma solução tecnológica de gestão e monitorização da infraestrutura de carregamento – a Plataforma GALP para soluções privadas de carregamento.

O hub de carregamento ultrarrápido irá situar-se no parque de estacionamento designado por ‘Parque da Nora’, na Rua C do aeroporto de Lisboa (GPS: 38.779844, -9.125723) e permitirá, consoante a tipologia de veículos, carregar a bateria do veículo dos 20% aos 80% em 15 minutos.

O protocolo celebrado entre a Galp e a ANA tem a duração de uma década e “simboliza o claro compromisso das duas empresas com o objetivo da descarbonização no setor de transportes de viaturas ligeiras”.

Para a Galp, este é um novo passo no mercado da mobilidade elétrica. A energética tem vindo a lançar e expandir serviços nesta área e redes de carregamentos para veículos elétricos.

A Galp tem atualmente mais de 1.000 pontos de carregamento e planeia chegar a 2025 com mais de 10.000 pontos em toda a Península Ibérica, estando a desenvolver esta estratégia com pontos de carregamento rápidos e ultrarrápidos, tanto na rede de postos da Galp, como na via pública, centros comerciais, parques de estacionamento, cadeias de retalho ou empresas, como é o caso do protocolo agora estabelecido com a ANA.

Para a VINCI Airports, concessionária da ANA, a instalação de estações de carregamento no Aeroporto de Lisboa e nas suas imediações “sustenta o objetivo de descarbonizar toda a cadeia de mobilidade”. A empresa procura atingir emissões líquidas zero até 2030 nos seus aeroportos na União Europeia. A ANA tem agora 97 pontos de carregamento de veículos elétricos na região de Lisboa, incluindo estações públicas e privadas.

Stratio fecha contrato global de manutenção preditiva e diagnóstico remoto com a Keolis

A empresa portuguesa Stratio anunciou a assinatura de um contrato global para fornecer manutenção preditiva e tecnologia de diagnóstico remoto às redes de veículos da Keolis. Como parte do acordo, o grupo Keolis, que opera em 14 países, utilizará a plataforma Stratio para efetuar manutenção preditiva e diagnóstico remoto dos seus autocarros citadinos e de longo curso. 

A Plataforma Stratio, que apresenta modelos avançados e agnósticos de inteligência artificial e machine learning, pode monitorizar, analisar e prever falhas em tempo real, em veículos de qualquer tipo, marca e modelo. De acordo com a Stratio, esta mudança – de manutenção preventiva para manutenção preditiva – resulta num aumento do tempo de operação dos veículos e numa otimização das operações de manutenção, o que permite poupar custos e melhorar o serviço ao público.  

“A solução Stratio, que já está implementada em várias redes da Keolis em França, permite às equipas de manutenção consultar e resolver as avarias dos veículos. Isto elimina tempos de paragem dispendiosos, permitindo-nos oferecer um serviço ainda mais fiável, eficiente e seguro aos passageiros, ao mesmo tempo que ajudamos as nossas equipas de operações a melhorar a performance de eco driving“, disse Pierre Gosset, director da Divisão Industrial do Grupo Keolis.

Por seu lado, Rui Sales, co-fundador e presidente da Stratio, afirma que “O empenho da Keolis na inovação, automatização e digitalização das suas operações de manutenção demonstra o quanto este grupo valoriza os seus clientes. Estamos satisfeitos por terem escolhido a Stratio para os ajudar a atingir o seu objectivo de ligar as pessoas a oportunidades e recursos com um serviço de transporte público seguro, fiável e sustentável. Esta parceria à escala global com uma das maiores frotas do mundo acelera a concretização do nosso objectivo de criar um futuro sem paragens que beneficie toda a população”.

A Keolis é um dos principais operadores de redes de transportes públicos do mundo, sendo nomeadamente líder em sistemas automatizados de metro e comboios urbanos. Desenvolve ainda atividades em várias outras áreas da mobilidade partilhada – car sharing, car pooling, gestão de estacionamento e transporte médico, entre outros. Emprega mais de 68.000 pessoas em 14 países e atingiu receitas globais de 6,3 mil milhões de euros em 2020.

Volkswagen inicia construção da sua primeira ‘gigafactory’

A Volkswagen iniciou a construção da sua primeira fábrica de células de baterias para veículos elétricos, em Salzgitter, Alemanha, ao mesmo tempo que lançou a PowerCo, a nova empresa do Grupo que irá agrupar as suas atividades globais na área das baterias.

Sediada precisamente em Salzgitter, a nova empresa irá, com efeito imediato, gerir as operações internacionais das fábricas, o desenvolvimento da tecnologia de células de bateria, a integração vertical da cadeia de valor e o fornecimento de máquinas e equipamentos às fábricas. Com planos de investimento superiores a 20 mil milhões de euros, espera gerar receitas na mesma ordem de valores e criar cerca de 20.000 empregos na Europa. No futuro, a empresa planeia ainda expandir as suas atividades para outros áreas e produtos, como sistemas de armazenamento para redes de energia.

A nova fábrica de células de bateria da Volkswagen em Salzgitter entrará em funcionamento em 2025 e, quando estiver a funcionar em pleno, terá uma capacidade de produção anual de 40 GWh, suficiente para cerca de meio milhão de veículos elétricos.

É também o modelo para futuras fábricas de células de bateria do Grupo Volkswagen: “O que testámos milhões de vezes com plataformas de veículos, como a MQB e a MEB, também lançará as bases para estabelecer a produção de células: estaremos a padronizar com base em padrões europeus e upscaling. Desta forma, combinaremos velocidade e otimização de custos com os mais altos níveis de qualidade”, afimou o CEO da PowerCo, Frank Blome.

A padronização abrangerá equipamentos, edifícios e infraestruturas, mas também produtos, processos e Tecnologias de Informação. Com isto, a Volkswagen espera criar fábricas que podem ser rapidamente convertidas para inovações a nível de de produto e produção. As fábricas utilizarão exclusivamente eletricidade de fontes renováveis e serão projetadas para integrarem processos de reciclagem em circuito fechado, no futuro.

O objetivo da marca germânica passa por atingir uma capacidade anual de produção de 240 GWh, com seis fábricas na Europa, desenvolvidas e operadas em conjunto com parceiros. Depois de Salzgitter, a próxima fábrica de células será construída em Sagunto, na região de Valência, Espanha; e a marca afirma estar já a avaliar localizações possíveis para outras três instalações. Está ainda a considerar a possibilidade de abrir novas fábricas na América do Norte.

, a primeira das quais localizada em Sagunt, na região de Valência, Espanha. Neste momento, a marca alemã está a avaliar possíveis localizações para mais três fábricas – o objetivo é uma capacidade de produção anual combinada de 240 GWh em 2030, com seis fábricas desenvolvidas e operadas com diferentes parceiros.

A Volkswagen também revelou a célula unificada prismática anunciada no Power Day de 2021. Produzida com recurso a energia renovável e passível de ser reciclada em mais de 90%, permite a utilização flexível de uma série de diferentes químicas e será usada em 80% de todos os modelos do Grupo. A nova célula unificada aproveita sinergias e permitirá também reduzir até 50% os custos das baterias. A marca declara que os protótipos produzidos até o momento demonstraram um “desempenho altamente promissor” em parâmetros como autonomia, tempos de carregamento e segurança, essenciais para um futuro padrão industrial.

Reflexões breves sobre um futuro condicionado pela Mobilidade

Vou tentar falar do futuro da mobilidade e não só da ‘verde’ ou elétrica. Não sou futurologista (nem quero ser!); logo, a probabilidade de estar errado é grande – principalmente num mundo demasiadamente incerto, imprevisível e até incompreensível.

Tenho algumas certezas, mas também muitas dúvidas sobre como será o amanhã nesta área. E ter dúvidas é ser inteligente: não deixo é que limitem as minhas ações ou o pensar pela minha própria cabeça. E quando o editor da Revista assim o permite, ainda melhor se torna o ‘pensar’.

Procuro sempre alicerçar o que digo em factos, estudos e amostras de opinião de outros, que tentam representar um todo ou um padrão. Mas, nos dias de hoje, o que é a verdade? Talvez tenha apenas uma pequena percentagem da verdade… e emitir juízos de valor ou opiniões sobre parte da verdade vai, de certeza, levar a erros de julgamento. Uma das frases que nunca esqueço, quando apresento novos projetos ou modelos de abordagem ao mercado, é esta: “pede sempre um conselho e evita opiniões”, pois num conselho, à partida, terás um aliado e não um destruidor de ideias com a sua opinião.

O mundo e a mobilidade podem mudar bem mais com o nosso exemplo e comportamento do que com a nossa opinião!

O futuro pode ser definido por uma mobilidade permanente. Veja-se a atual migração em massa de ucranianos pelas piores razões (entre muitos outros casos ignorados por um mundo hipócrita). E como será em algumas regiões de África na presente crise de cereais (consequência da guerra)? Para onde se dará essa deslocação em massa na busca de melhores condições de vida e de oportunidades? Principalmente para a Europa, neste caso, ou para países ditos “desenvolvidos”. Na minha opinião, este novo fluxo será bem maior do que o que assistimos nos últimos anos, que só por si já era um problema. Embora reconheça a migração de povos como um benefício social e até económico (diversidade), depende é da intensidade dos fluxos.

Se me permitem, vou deixar este tema para outro artigo, pois joga diretamente com a geoeconomia e a geopolítica mundial. Que até pode parecer distante e sem sentido no futuro das grandes cidades, embora não o seja. Estamos apenas a não ver, pois o mundo também está não-linear. Há movimentos grandes e com impacto que não são medidos e sentidos hoje, assim como movimentos pequenos e com impacto que podem alterar tudo no amanhã. E é neste preciso momento que recordo que a ignorância (ou ignorar) pode trazer felicidade!

Já se deu conta que tudo na nossa vida e desenvolvimento está associado ao fator confiança e à bioeconomia da decisão. Fazemos algo para ganhar alguma coisa ou para, no limite, não perder o que temos; em que o benefício de uma decisão deve ser superior ao custo (é assim que decidimos, biologicamente falando). Este é o nosso mais poderoso algoritmo no processo de decisão. E quando a incerteza aumenta, a confiança diminui. Ela é contagiante, mas a falta dela também o é um dos muitos paradoxos da confiança.

A forma como viajamos de um ponto A para um ponto B está a mudar a um ritmo bem mais rápido do que em qualquer outro momento da história. Existem dois impulsionadores principais: a necessidade de adaptação às mudanças no comportamento humano e a necessidade de maior sustentabilidade.

Esses fatores sustentam as mudanças contínuas em direção à eletrificação automóvel, automação, conectividade e toda a mobilidade como um serviço. A questão é como conseguir tudo isto tendo em atenção o pilar de um mundo mais ‘green’? Será possível viajar mais, aumentar a mobilidade de cada um de nós e diminuir a tão famosa “pegada carbónica”? Não sei – embora aqui na Revista exista muito conteúdo que nos ajuda a pensar sobre o assunto.

Um dos maiores drivers nesta transformação pode ser, entre outros, a inteligência artificial (IA) – a nossa capacidade de criar máquinas que podem aprender por si mesmas e tomar decisões que antes só podiam ser feitas por humanos (junto também a proliferação, nos próximos anos, da tecnologia autónoma). Adicionalmente, faz sentido pensar nas novas formas de energia e propulsão já disponíveis, assim como em serviços (softwares e aplicações) que estão a revolucionar o mundo dos transportes.

Já pensou no conceito de táxis autónomos, o Hyperloop e os Glydways?

Hoje, um táxi autónomo, algo só visto em filmes futuristas, já é um assunto sério para grandes players do mercado. Há empresas, como a Google (https://waymo.com/), a trabalhar para trazer este tipo de transporte ao mercado, muito brevemente. A isto, junto a Uber, a Boeing e a Hyundai – bem como uma série de start-ups – a irem bem  mais além e já avançados em projetos de táxis voadores movidos a hidrogénio.Julgo que o mundo está apenas à espera de que os governos e os reguladores criem leis e certificações para que isso aconteça. Muita da tecnologia já existe; pode é não ser ainda economicamente viável para a escalar e introduzir em massa.

A título de exemplo, Elon Musk agarrou num conceito antigo do Vactrain (1910) – um comboio impulsionado através de um túnel de vácuo pela pressão do ar – e desenvolveu-o num hyperloop, com testes programados para começar este ano de 2022. Os comboios são suspensos em túneis, semelhantes a tubos, por meio de magnetos para eliminar o atrito e, potencialmente, criar zero emissões. Uma demonstração em pequena escala de 500 metros foi realizada pela Virgin Hyperloop em 2020.

Os Glydways podem ser mais um conceito inovador que, em potencial, será o próximo divisor de águas em mobilidade e transporte. Basicamente, envolve viagens autónomas em veículos pessoais ao longo de uma rede dedicada de trajetos (quase ponto a ponto e não com sistema de estações). O objetivo é reduzir drasticamente o custo de implementação de sistemas de transporte público, com todos os benefícios económicos e sociais associados. Note-se que, no mundo, menos de 200 das 4.500 cidades mais densamente povoadas têm sistemas de transporte de massas devido à viabilidade económica e financiamento. Os carros Glydways, segundo o seu fundador, são capazes de transportar até quatro passageiros e viajam de forma totalmente autónoma ao longo de faixas de tráfego dedicadas, que podem ficar ao longo das estradas já existentes – ocupando, aproximadamente, o mesmo espaço de uma ciclovia.

Junte-se a isto – e a muito mais que nem conheço – a Maas (Mobility as a Service), que já tive a oportunidade de detalhar há cerca de um ano aqui na Revista. O futuro do transporte e da mobilidade é hoje. E nunca este setor esteve tão dinâmico e em profunda transformação. Enjoy the ride and have fun!

Vendas de elétricos nos EUA superam ponto de inflexão e devem crescer acima do previsto

De acordo com a BloombergNEF, que monitoriza das taxas de adoção de veículos elétricos nos vários países do mundo, os Estados Unidos são o membro mais recente do ‘clube’ em que os automóveis totalmente elétricos representam mais de 5% das vendas totais de novos automóveis.

No primeiro semestre de 2022, os EUA juntaram-se assim à Europa e China – em conjunto, os três maiores mercados – a ultrapassar a barreira dos 5%, que, de acordo com a análise da BloombergNEF, sinaliza o início da adoção em massa de veículos elétricos, por parte dos consumidores.

Assim, se os EUA seguirem a tendência que se verificou nos dezoito países – incluindo Portugal – que haviam já superado este limiar, 25% dos novos automóveis vendidos no mercado serão totalmente elétricos até ao final de 2025, entre um e dois anos antes da maioria das previsões anteriores.

Segundo a BloombergNEF, as mais bem-sucedidas novas tecnologias – a eletricidade, a televisão, os telemóveis, a internet ou as lâmpadas LED – seguem uma curva de adoção em forma de S: após uma fase inicial de crescimento lento e imprevisível, a tecnologia é adotada rapidamente depois de atingido um determinado limiar, à medida que se torna mais convencional. No final, quando a nova tecnologia está disseminada, a curva torna-se novamente menos pronunciada – os últimos ‘fiéis’ às antigas tecnologias.

No caso dos veículos elétricos, 5% parece ser o ponto de inflexão, no qual as vendas se generalizam além dos pioneiros, para os consumidores ‘convencionais’. A procura acelera rapidamente depois deste limiar, um padrão repetido em vários países, uma vez que a maioria das barreiras à adoção de elétricos são transversais aos vários mercados: oferta limitada de veículos, preços elevados, desconhecimento e desconfiança por parte dos consumidores e infaestrutura de carregamento insuficiente.

A curva de adoção de veículos elétricos é assim muito similar entre os vários países. De acordo com o modelo, os próximos grandes mercados que deverão superar este ponto de inflexão de 5% das vendas ainda este ano são Espanha, Austrália e Canadá.

A BloombergNEF lembra ainda que, sem exceção, todos os países que viram as vendas de elétricos superar a fasquia dos 5% fizeram-no apoiados em incentivos governamentais e de metas de emissões. Nos Estados Unidos, o Presidente Joe Biden emitiu uma ordem executiva, no ano passado, que determina que os veículos elétricos (incluindo híbridos plug-in) representem 50% das vendas de automóveis novos até 2030.

O crescimento das vendas de elétricos também depende da capacidade da indústria para escalar a produção com rapidez suficiente. Segundo a BloombergNEF, também aqui existe um ponto de inflexão, resultante da necessidade de reconfigurar fábricas, equipamentos e cadeias de fornecimento. Assim, no mercado europeu, quando as vendas de elétricos, por parte de um fabricante, atinge 10% do total das vendas trimestrais, a quota deste tipo de veículos triplica em menos de dois anos.

Já é possível carregar um elétrico em Espanha com a miio

A miio anunciou a entrada no mercado espanhol, disponibilizando os seus serviços de carregamento em 120 postos do país vizinho, incluindo a rede Ionity de super-carregadores.

Desde a passada sexta-feira que os serviços e produtos da start-up portuguesa de mobilidade elétrica, incluindo o carregamento digital ou o pagamento automático, estão disponíveis em Espanha. Contudo, nesta primeira fase, o comparador de preços não está disponível, limitação que a empresa justifica pelo facto de se tratar de um mercado altamente fragmentado.

Através da app miio passa a ser possível aceder à localização dos 120 postos de carregamento em Espanha, onde os utilizadores poderão carregar um veículo elétrico com a empresa portuguesa, que pretende alcançar um total de 3.000 postos de carregamento no mercado espanhol até ao final deste ano. Através da conexão às plataformas de roaming europeias, será possível viajar com a miio em Espanha, com as ligações diretas a outros operadores de postos de carregamento planeadas para uma segunda fase.

“O que pretendemos com este novo passo da miio é levar para Espanha o que acreditamos já fazer bem em Portugal: simplicidade e confiança para viajar num veículo elétrico. O mercado de mobilidade elétrica europeu é altamente fragmentado e bastante diferente do português, sendo que o nosso objetivo é o de proporcionar uma melhor experiência para o consumidor, independentemente da sua nacionalidade ou local de origem”, comentou Daniela Simões, CEO e co-fundadora da miio.

“A principal dificuldade encontrada nesta expansão para Espanha deveu-se ao facto de não existir uma entidade gestora, como existe em Portugal, que agregue todos os postos do país, o que exigiu um esforço técnico bastante grande da nossa parte para podermos apresentar um produto diferenciador” clarificou.

A miio conta atualmente com uma equipa de dezasseis elementos e está a contratar novos recursos para apoiar o seu crescimento e o processo de internacionalização. O objetivo é continuar a desenvolver produtos e serviços para utilizadores de veículos elétricos em Portugal e outros países, “tornando a utilização e carregamento de um veículo elétrico cada vez mais cómoda e conveniente para qualquer pessoa”.

Volvo rompe com ‘lobby’ automóvel europeu em desacordo com política de emissões

A Volvo Cars vai deixar de fazer parte da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) a partir do final de 2022. A empresa sueca justifica esta decisão com as diferenças entre a sua estratégia de emissões zero e a do principal lobby automóvel da Europa.

A Volvo comprometeu-se com uma gama de produtos totalmente elétrica até 2030, cinco anos antes do prazo determinado na proposta da Comissão Europeia para a eliminação das vendas de novos automóveis equipados com motores de combustão interna. A ACEA, por seu lado, defendeu que “qualquer regulamentação de longo prazo que vá além desta década é prematura nesta fase inicial”, depois de, em junho, o Parlamento Europeu ter aprovado a proposta da Comissão.

Em comunicado, a Volvo declara que “concluímos que a estratégia e as ambições de sustentabilidade da Volvo Cars não estão totalmente alinhadas com o posicionamento e a maneira de trabalhar da ACEA nesta fase”.

“Acreditamos, portanto, que é melhor seguir um caminho diferente, por enquanto. O que fazemos como setor desempenhará um papel importante para decidir se o mundo tem uma oportunidade para controlar as alterações climáticas”, acrescentou o fabricante sueco.

Com a saída da Volvo Cars, a ACEA vê-se confrontada com a segunda defeção de peso em menos de um mês, depois do anúncio da Stellantis de que iria abandonar a Associação antes do final do ano, em virtude de uma nova abordagem do grupo às questões da mobilidade, incluíndo uma redução das tradicionais atividades de lobbying. A Stellantis lançou o “Freedom of Mobility Forum”, que o grupo afirma ser um espaço público mais direto para os vários atores envolvidos nas questões da mobilidade.

A Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis tem sido o principal grupo de lobby do setor desde sua criação em 1991, reunindo os dezasseis maiores fabricantes da Europa.